514. Os
Espíritos familiares são os mesmos a quem chamamos Espíritos simpáticos ou
Espíritos protetores?
“Há gradações na
proteção e na simpatia. Dai-lhes os nomes que quiserdes. O Espírito familiar é
antes o amigo da casa.”
Das explicações
acima e das observações feitas sobre a natureza dos Espíritos que se afeiçoam
ao homem, pode-se deduzir o seguinte:
O Espírito
protetor, anjo guardião, ou bom gênio é o que tem por missão acompanhar o homem
na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior, com relação ao
protegido.
Os Espíritos familiares
se ligam a certas pessoas por laços mais ou menos duráveis, com o fim de lhes
serem úteis, dentro dos limites do poder, quase sempre muito restrito, de que
dispõem. São bons, porém muitas vezes pouco adiantados e mesmo um tanto
levianos. Ocupam-se de bom grado com as particularidades da vida íntima e só
atuam por ordem ou com permissão dos Espíritos protetores.
Os Espíritos
simpáticos são os que se sentem atraídos para o nosso lado por afeições
particulares e ainda por uma certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto
para o bem como para o mal. De ordinário, a duração de suas relações se acha
subordinada às circunstâncias.
O mau gênio é um
Espírito imperfeito ou perverso, que se liga ao homem para desviá-lo do bem.
Obra, porém, por impulso próprio e não no desempenho de missão. A tenacidade da
sua ação está em relação direta com a maior ou menor facilidade de acesso que
encontre por parte do homem, que goza sempre da liberdade de escutar-lhe a voz
ou de lhe cerrar os ouvidos.
515. Que se há
de pensar dessas pessoas que parecem ligar-se a certos indivíduos para levá-los
fatalmente à perdição, ou para guiá-los pelo bom caminho?
“Efetivamente,
certas pessoas exercem sobre outras uma espécie de fascinação que parece
irresistível. Quando isso se dá no sentido do mal, são maus Espíritos, de que
outros Espíritos também maus se servem para subjugá-las. Deus permite que tal
coisa ocorra para vos experimentar.”
516. Poderiam os
nossos bom e mau gênios encarnar, a fim de mais de perto nos acompanharem na
vida?
“Isso às vezes
se dá. Mas também é comum encarregarem dessa missão outros Espíritos encarnados
que lhes são simpáticos.”
517. Haverá
Espíritos que se liguem a uma família inteira para protegê-la?
“Alguns
Espíritos se ligam aos membros de uma determinada família, que vivem juntos e
unidos pela afeição; mas não acrediteis em Espíritos protetores do orgulho das
raças.”
518. Assim como
são atraídos, pela simpatia, para certos indivíduos, são-no igualmente os
Espíritos, por motivos particulares, para as reuniões de indivíduos?
“Os Espíritos
preferem estar no meio dos que se lhes assemelham. Acham-se aí mais à vontade e
mais certos de serem ouvidos. É pelas suas tendências que o homem atrai os
Espíritos e isso quer esteja só, quer faça parte de um todo coletivo, como uma
sociedade, uma cidade, ou um povo. Portanto, as sociedades, as cidades e os
povos são, de acordo com as paixões e o caráter neles predominantes, assistidos
por Espíritos mais ou menos elevados. Os Espíritos imperfeitos se afastam dos
que os repelem. Segue-se que o aperfeiçoamento moral das coletividades, como o
dos indivíduos, tende a afastar os maus Espíritos e a atrair os bons, que
estimulam e alimentam nelas o sentimento do bem, como outros lhes podem
insuflar as paixões grosseiras.”
519. As
aglomerações de indivíduos, como as sociedades, as cidades, as nações, têm
Espíritos protetores especiais?
“Têm, pela razão
de que esses agregados são individualidades coletivas que, caminhando para um
objetivo comum, precisam de uma direção superior.”
520. Os
Espíritos protetores das coletividades são de natureza mais elevada do que os
que se ligam aos indivíduos?
“Tudo é relativo
ao grau de adiantamento, quer das coletividades, quer dos indivíduos.”
521. Podem
certos Espíritos auxiliar o progresso das artes, protegendo os que a elas se
dedicam?
“Há Espíritos
protetores especiais e que assistem os que os invocam, quando dignos dessa
assistência. Que queres, porém, que façam com os que julgam ser o que não são?
Não lhes cabe fazer que os cegos vejam, nem que os surdos ouçam.”
Os antigos
fizeram desses Espíritos divindades especiais. As Musas não eram senão a personificação
alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como os deuses
Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protetores da família. Também,
modernamente, as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os países têm
seus patronos, que mais não são do que Espíritos superiores, sob várias
designações.
Tendo todo homem
Espíritos que com ele simpatizam, claro é que, nas coletividades, a
generalidade dos Espíritos que lhes votam simpatia está em proporção com a
generalidade dos indivíduos; que os Espíritos estranhos são atraídos para essas
coletividades pela identidade dos gostos e dos pensamentos; em suma, que esses
agregados de pessoas, tanto quanto os indivíduos, são mais ou menos bem
assistidos e influenciados, de acordo com a natureza dos pensamentos dominantes
entre os elementos que os compõem.
Nos povos,
determinam a atração dos Espíritos os costumes, os hábitos, o caráter dominante
e as leis, as leis sobretudo, porque o caráter de uma nação se reflete nas suas
leis. Fazendo reinar em seu seio a justiça, os homens combatem a influência dos
maus Espíritos. Onde quer que as leis consagrem coisas injustas, contrárias à
humanidade, os Espíritos bons ficam em minoria e a multidão, que aflui, dos
maus mantém a nação aferrada às suas ideias e paralisa as boas influências
parciais, que ficam perdidas no conjunto, como insuladas espigas entre
espinheiros. Estudando-se os costumes dos povos ou de qualquer reunião de
homens, facilmente se forma ideia da população oculta que se lhes imiscui nos
pensamentos e nos atos.
O Livro dos
Espíritos – Allan Kardec.
514. Are
“familiar spirits” the same as “sympathetic spirits” and “protective spirits”?
“There are many levels of protection and sympathy, and you may call them
whatever you like. A ‘familiar spirit’ is usually a friend of the home.”
Based on the
above explanations and observing the nature of spirits connected to human
beings, we can draw the following conclusions:
Protective
spirits, familiar spirits or guardian angels have a mission to accompany the
individuals they are protecting over the course of their lives and help them to
advance. The degree of perfection in these protective spirits is always
superior to that of their charges.
Familiar spirits
connect with specifc people, for longer or short period of time, to be useful
to them within the confnes of their possibilities, which can be quite narrow.
They have the best intentions, but sometimes can be inappropriate and even
fippant. They are concerned with the everyday details of human life and only
act when permitted or ordered by a protective spirit.
Sympathetic
spirits are drawn to us by personal affection, and similar good or bad
inclinations. The length of their relationship with us is almost always
dependent on circumstances.
A wicked spirit
is an imperfect or perverse spirit who connects with someone in order to
corrupt them. It acts of its own volition with no mission and its persistence
is proportionate to the access granted to it. A person is always free to follow
the suggestions of a bad spirit or to resist them.
515. What should
we think of people who seem to attach themselves to certain individuals to lead
them to their downfall, or guide them to the right path?
“Some
individuals do in fact exercise a type of fascination over others that seems
enticing. When used for malicious purposes it should be attributed to low order
spirits who use contemptible people to more effectively overpower their victim.
God may permit this as a means of enduring a trial.”
516. Could our
good or bad guardian incarnate to more closely follow us in our human life?
“Sometimes, but
they more frequently entrust this mission to incarnate spirits with whom they
identify.”
517. Do spirits attach
themselves to every member of a family to protect them?
“Some spirits
attach themselves to family members who live together and are united by
affection, but you must not think that guardian spirits are guilty of racial
pride.”
518. As spirits
are attracted to individuals based on their like-mindedness, are they attracted
to groups of individuals for special purposes?
“Spirits go
where they meet others like them, where they are more at ease and sure that
someone will listen to them. Every one attracts spirits according to their
predispositions, whether as an individual or as an element of a collective
whole, such as a society, city or country. Societies, cities and countries are
visited by various spirits, according to their predominant character and
passions. Imperfect spirits withdraw from those who resist them. The moral
excellence of collective wholes, like that of individuals, drives away bad
spirits and attracts good ones, who maintain the sense of good among the
masses, as others may spread the worst passions.”
519. Do
agglomerations of individuals – such as societies, cities and countries – have
their own special guardian spirits?
“Yes, because
they constitute collective individualities pursuing a common goal, and that
needs higher direction.”
520. Do the
guardian spirits of groups of people have a higher ranking than those who
connect to individuals?
“Their
advancement is always proportionate to the degree of advancement of the humans
involved, just as with individuals.”
521. Can certain
spirits assist the progress of the arts by protecting those who foster and
support them?
“There are
special spirit protectors who assist those who call them, when they deem them
to be worthy of their assistance. But what can they do for those who believe themselves
to be something that they are not? They cannot make the blind see, nor make the
deaf hear.”
The people of
ancient times made these protective spirits special deities. The Muses were
nothing more than the metaphoric personifcation of the guardians of arts and
sciences, just like the family protective spirits were designated by the Roman
names of lares and penates. Modern civilizations also have their patrons in the
arts, in various industries, and in cities and countries, who are none other
than higher guardian spirits, just under different names.
As each person
has their own sympathetic spirit, most sympathetic spirits of a collective
whole correspond to the majority of individuals that compose them, and that
foreign spirits are attracted to such groups out of similarity of tastes and
thoughts; in a word, that these groups, as well as individuals comprising them,
are more or less surrounded, infuenced and supported according to the leading
character of its members.
Among nations,
spirits are attracted by the habits, manners and dominant characteristics of
their people, and, particularly their legal system, because the character of a
nation is refected in its laws. Those who uphold righteousness resist the
infuence of wicked spirits. Wherever laws embody injustice and inhumanity, good
spirits are in the minority and the bad ones who fock there keep the people
trapped under their false ideas, and paralyze the good infuences that are lost
in the crowd, like a single ear of corn in the midst of a sea of weeds. By
studying the customs of nations or of any group of individuals, it is therefore
easy to get an idea of the invisible population that meddles in their thoughts
and actions.
THE SPIRITS'
BOOK – Allan Kardec.
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