179. Os seres
que habitam cada mundo alcançaram todos o mesmo nível de perfeição?
“Não; dá-se em
cada um o que ocorre na Terra: uns Espíritos são mais adiantados do que
outros.”
180. Passando
deste planeta para outro, conserva o Espírito a inteligência que aqui tinha?
“Sem dúvida; a
inteligência não se perde. Pode, porém, acontecer que ele não disponha dos
mesmos meios para manifestá-la, dependendo isto da sua superioridade e das
condições do corpo que tomar.” (Veja-se: “Influência do organismo”, cap. VII,
Parte 2ª.)
181. Os seres
que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?
“É fora de
dúvida que têm corpos, porque o Espírito precisa estar revestido de matéria
para atuar sobre a matéria. Esse envoltório, porém, é mais ou menos material,
conforme o grau de pureza a que chegaram os Espíritos. É isso o que assinala a
diferença entre os mundos que temos de percorrer, porquanto muitas moradas há
na casa de nosso Pai, sendo, conseguintemente, de muitos graus essas moradas.
Alguns o sabem e desse fato têm consciência na Terra; com outros, no entanto, o
mesmo não se dá.”
182. É-nos
possível conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?
“Nós, Espíritos,
só podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos achais.
Quer dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão
em estado de compreendê-las e semelhante revelação os perturbaria.”
À medida que o
Espírito se purifica, o corpo que o reveste se aproxima igualmente da natureza
espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria, deixa de rastejar penosamente
pela superfície do solo, menos grosseiras se lhe fazem as necessidades físicas,
não mais sendo preciso que os seres vivos se destruam mutuamente para se
nutrirem. O Espírito se acha mais livre e tem, das coisas longínquas,
percepções que desconhecemos. Vê com os olhos do corpo o que só pelo pensamento
entrevemos.
Da purificação
do Espírito decorre o aperfeiçoamento moral, para os seres que eles constituem,
quando encarnados. As paixões animais se enfraquecem e o egoísmo cede lugar ao
sentimento da fraternidade. Assim é que, nos mundos superiores ao nosso, se
desconhecem as guerras, carecendo de objeto os ódios e as discórdias, porque
ninguém pensa em causar dano ao seu semelhante. A intuição que seus habitantes
têm do futuro, a segurança que uma consciência isenta de remorsos lhes dá,
fazem que a morte nenhuma apreensão lhes cause. Encaram-na de frente, sem
temor, como simples transformação.
A duração da
vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o grau de
superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional. Quanto
menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam.
Quanto mais puro o Espírito, menos paixões a miná-lo. É essa ainda uma graça da
Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos.
183. Indo de um
mundo para outro, o Espírito passa por nova infância?
“Em toda parte a
infância é uma transição necessária, mas nem sempre é tão obtusa como no vosso
mundo.”
184. Tem o
Espírito a faculdade de escolher o mundo onde passe a habitar?
“Nem sempre.
Pode pedir que lhe seja permitido ir para este ou aquele e pode obtê-lo, se o
merecer, porquanto a acessibilidade dos mundos, para os Espíritos, depende do
grau da elevação destes.”
a) — Se o
Espírito nada pedir, que é o que determina o mundo em que ele reencarnará?
“O grau da sua
elevação.”
185. O estado
físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada mundo?
“Não; os mundos
também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o vosso, por um
estado inferior, e a própria Terra sofrerá transformação semelhante.
Tornar-se-á um paraíso, quando os homens se houverem tornado bons.”
É assim que as
raças que hoje povoam a Terra desaparecerão um dia, substituídas por seres cada
vez mais perfeitos. Novas raças transformadas sucederão às atuais, como estas
sucederam a outras ainda mais grosseiras.
186. Haverá
mundos onde o Espírito, deixando de revestir corpos materiais, só tenha por
envoltório o perispírito?
“Há, e mesmo
esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Esse
o estado dos Espíritos puros.”
a) — Parece
resultar daí que entre o estado correspondente às últimas encarnações e o de
Espírito puro não há linha divisória perfeitamente demarcada; não?
“Semelhante
demarcação não existe. A diferença entre um e outro estado se vai apagando
pouco a pouco e acaba por tornar-se imperceptível, tal qual se dá com a noite
às primeiras claridades do alvorecer.”
187. A substância
do perispírito é a mesma em todos os mundos?
“Não; é mais ou
menos etérea. Passando de um mundo a outro, o Espírito se reveste da matéria
própria desse outro, operando-se essa mudança com a rapidez do relâmpago.”
188. Os
Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se acham no espaço universal, sem
estarem mais ligados a um mundo do que a outros?
“Habitam certos
mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra; podem, melhor do que
os outros, estar em toda parte.” *
* Segundo os
Espíritos, de todos os mundos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é
dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe estaria
ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a todos os respeitos. O Sol
não seria mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de
reunião dos Espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para
os outros mundos, que eles dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados,
transmitindo-os a estes por meio do fluido universal. Considerado do ponto de
vista da sua constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os
sóis como que estariam em situação idêntica.
O volume de cada
um e a distância a que esteja do Sol nenhuma relação necessária guardam com o
grau do seu adiantamento, pois, ao que parece, Vênus é mais adiantado do que a
Terra e Saturno menos do que Júpiter.
Muitos Espíritos
que na Terra animaram personalidades conhecidas disseram estar reencarnados em
Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e há causado espanto que,
nesse globo tão adiantado, estivessem homens a que a opinião geral aqui não
atribuía tanta elevação. Nisso nada há de surpreendente, desde que se atenda a
que, possivelmente, certos Espíritos habitantes daquele planeta foram mandados
à Terra para desempenharem aí certa missão que, aos nossos olhos, os não
colocava na primeira plana. Em segundo lugar, deve-se atender a que, entre a
existência que tiveram na Terra e a que passaram a ter em Júpiter, podem eles
ter tido outras intermédias, em que se melhoraram. Finalmente, cumpre se
considere que, naquele mundo, como no nosso, múltiplos são os graus de
desenvolvimento e que, entre esses graus, pode mediar lá a distância que vai,
entre nós, do selvagem ao homem civilizado. Assim, do fato de um Espírito
habitar Júpiter não se segue que esteja no nível dos seres mais adiantados, do
mesmo modo que ninguém pode considerar-se na categoria de um sábio do
Instituto, só porque reside em Paris.
As condições de
longevidade não são, tampouco, em outros lugares, as mesmas que na Terra e as
idades não se podem comparar. Evocado, um Espírito que desencarnara havia
alguns anos disse que, desde seis meses antes, estava encarnado em mundo cujo
nome nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo,
disse: “Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como contais. Depois,
os modos de existência não são idênticos. Nós, lá, nos desenvolvemos muito mais
rapidamente. Se bem não haja mais de seis dos vossos meses que lá estou, posso
dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos da idade que tive na
Terra.”
Muitas respostas
análogas foram dadas por outros Espíritos e o fato nada apresenta de
inverossímil. Não vemos que, na Terra, uma imensidade de animais em poucos
meses adquire o desenvolvimento normal? Por que não se poderia dar o mesmo com
o homem noutras esferas? Notemos, além disso, que o desenvolvimento que o homem
alcança na Terra aos trinta anos talvez não passe de uma espécie de infância,
comparado com o que lhe cumpre atingir. Bem curto de vista se revela quem nos
toma em tudo por protótipos da criação, assim como é rebaixar a Divindade o
imaginar-se que, fora o homem, nada mais seja possível a Deus.
O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
179. Los seres
que habitan en cada uno de los mundos, ¿han llegado todos al mismo grado de
perfección?
«No, y sucede lo
mismo que en la Tierra, pues los hay más o menos adelantados».
180. Al pasar de
éste a otro mundo, ¿conserva el espíritu la inteligencia que en aquél tenía?
«Sin duda, pues
la inteligencia no se pierde; pero puede no contar con los mismos medios de
manifestarla, dependiendo esto de su superioridad y del estado del cuerpo que
tomen». (Véase Influencia del organismo, número 367 y siguientes.)
181. Los seres
que habitan en los diferentes mundos, ¿tienen cuerpos semejantes a los
nuestros?
«Es indudable
que tienen cuerpo, porque se hace necesario que el espíritu esté revestido de
materia para obrar sobre la materia; pero esa envoltura es más o menos material
según el grado de pureza a que han llegado los espíritus, y en esto consiste la
diferencia de los mundos que hemos de recorrer; porque hay muchas habitaciones
en la morada dc nuestro Padre, y muchos grados por lo tanto. Unos lo saben y
tienen conciencia de ello en la Tierra; pero otros están muy lejos de semejante
creencia».
182. ¿Podemos
conocer con exactitud el estado físico y moral de los diferentes mundos?
«Nosotros, los
espíritus, no podemos responder más que conforme al grado en que os encontráis,
es decir, que estas cosas no debemos revelarías a todos; porque no todos están
en estado de comprenderlas, y les perturbarían».
A medida que el
espíritu se purifica, el cuerpo que reviste se apro xima igualmente a la
naturaleza espiritista. La materia se hace menos densa, no se arrastra tan
penosamente por el suelo, las necesidades fisicas son menos groseras y los
seres vivientes no tienen necesidad de destruirse mutuamente para alimentarse.
El espíritu es más libre y tiene de las cosas lejanas percepciones que nos son
desconocidas, viendo con los ojos del cuerpo lo que nosotros sólo vemos con el
pensamiento.
La purificación
de los espíritus produce en los cuerpos en que están encarnados el
perfeccionamiento moral; se debilitan en él las pasiones animales, y el egoismo
cede el puesto al sentimiento de fraternidad. Por esto en los mundos superiores
a la Tierra son desconocidas las guerras, no teniendo objeto el odio y la
discordia; porque nadie piensa en dañar a su semejante. La intuición que tienen
de su porvenir y la seguridad que les da la conciencia, libre de
remordimientos, hacen que la muerte no les cause temor alguno, y la ven llegar
sin miedo y como una simpie transformación.
La duración de
la vida en los diferentes mundos parece que está en proporción del grado de
superioridad fisica y moral de esos mismos mundos, lo cual es completamente
racional. Mientras menos material es el cuerpo, menos expuesto está a las
vicisitudes que lo desorganizan y mientras más puro es el espíritu, menos son
las pasiones que lo debilitan. Este es otro favor de la Providencia, que
abrevia asi los sufrimientos.
183. Al pasar de
un mundo a otro, ¿pasa el espíritu por una nueva infancia?
«La infancia es
en todas partes una transición necesaria; pero en todas partes no es tan
estúpida como la vuestra».
184. ¿Elige el
espíritu el nuevo mundo en que ha de habitar?
«No siempre;
pero puede pedirlo, y obtenerlo, si lo merece; porque sólo conforme al grado de
elevación de los espíritus les son asequibles los mundos».
—Si el espíritu
no lo pide, ¿qué es lo que determina el mundo donde ha de encarnarse?
«Su grado de
elevación».
185. El estado
físico y moral de los seres vivientes, ¿es perpetuamente el mismo en cada
globo?
«No, pues
también están sujetos los mundos a la ley del progreso. Todos, como el vuestro,
han empezado por encontrarse en estado inferior, y la misma Tierra
experimentará semejante transformación, trocándose en paraíso terrestre, cuando
los hombres sean buenos».
Así, pues, las
razas que en la actualidad pueblan la tierra desapare cerán un día. siendo
reemplazadas por seres más y más perfectos, y esas razas transformadas
sucederán a la actual, como ésta ha sucedido a otras más groseras aún.
186. ¿Existen
mundos en los cuales el espíritu, dejando de habitar en un cuerpo material, no
tiene otra envoltura que el periespíritu?
«Sí, y esta
misma envoltura se hace tan etérea, que para vosotros es como si no existiese,
y tal es el estado de los espíritus puros».
—¿Parece
resultar de esto que no hay una demarcación clara entre el estado de las
últimas encarnaciones y el del espíritu puro?
«Esa demarcación
no existe, y desapareciendo gradualmente la diferencia, se hace insensible,
como desaparece la noche a los primeros fulgores del día».
187. La
sustancia del periespíritu, ¿es la misma en todos los globos?
«No, es más o
menos etérea. Al pasar de un mundo a otro, el esp¡ritu reviste la materia
propia a cada uno de ellos, operación que dura tan poco tiempo como un relámpago».
188. ¿Los
espíritus puros habitan en mundos especiales, o están en el espacio universal
sin predilección de un globo sobre los otros?
«Los espíritus
puros habitan en ciertos mundos, pero no están confinados en ellos como los
hombres en la tierra, y más fácilmente que los otros pueden estar en todas
partes».*
* Según los
espíritus, entre todos los globos que componen nuestro sistema planetario, la
Tierra es uno de aquellos cuyos habitantes están menos adelantados física y
moralmente, Marte es inferior, y Júpiter mucho más superior en todos conceptos.
El Sol no es un mundo habitado por seres corporales, sino un punto de reunión
de los espíritus superiores, que desde alIi irradian por medio del pensamiento
a los otros mundos que dirigen por mediación de espíritus menos elevados, con
los cuales comunican merced al fluido universal. Como constitución física, el
Sol es un foco de electricidad. Parece que todos los soles se encuentran en
posición idéntica.
El, volumen y
distancia que separa a los planetas del Sol no tienen ninguna relación
necesaria con el grado de adelanto de los mundos, puesto que parece que Venus
está más adelantado que la Tierra, y Saturno menos que Júpíter.
Muchos espíritus
que han animado a personas conocidas en la Tierra, han dicho que estaban
reencarnadas en Júpiter, uno de los mundos más próximos a la perfección, y ha
podido causar admiración ver en este mundo tan adelantado a hombres que la
opinión en la Tierra no conceptuaba dignos de tanto. Nada debe sorprender esto,
si se considera que ciertos espíritus que habitan en este planeta, pudieron ser
enviados a la Tierra para desempeñar una misión, que a nuestros ojos no les
hacia dignos del primer puesto. En segundo lugar, entre su existencia terrestre
y la que viven en Júpiter. pueden haber vivido otras intermediarias, durante
las cuales se hayan mejorado; y en tercer lugar, en este mundo, como en el
nuestro, hay diferentes grados de desenvolvimiento, entre los cuales puede
haber la distancia que separa entre nosotros al salvaje del hombre civilizado.
Así, pues, del hecho de habitar en Júpiter, no se sigue que ha de estarse al
nivel de los seres más adelantados, del mismo modo que no por vivir en Paris se
ha de estar a la altura de uno de los sabios del Instituto.
Las condiciones de longevidad tampoco
son las mismas en todas partes que en la Tierra, y la edad no puede compararse.
Una persona que había muerto hacia algunos afios, fue evocada, 'y dijo que
estaba encarnada hacia ya seis meses, en un mundo cuyo nombre nos es
desconocido. Preguntada acerca de la edad que en aquel mundo tenía contestó:
«No puedo precisarla; porque no contamos como vosotros; además. el modo de
vivir no es el mismo, pues aquí nos desarrollamos mucho más pronto, y sin
embargo, aunque sólo hace seis de vuestros meses que me encuentro en este
mundo, puedo decir, que, en punto a inteligencia, tengo treinta atios de la edad
que contaba en la Tierra».
Muchas
respuestas análogas han sido dadas por otros espíritus, y esto no es nada
Inverosímil. ¿No vemos en la Tierra que una multitud de animales llegan en
pocos meses a su desarrollo normal? ¿Por qué no ha de suceder lo mismo con el
hombre en otras esferas? Obsérvese, por otra parte, que el desarrollo a que
llega el hombre en la Tierra a la edad de treinta años, no pasa quizá de ser
una especie de infancia, comparado con el que está llamado a alcanzar. Se
necesita ser muy miope de inteligencia para tomarnos en todo por tipos de la
creación, y se rebaja mucho a la Divinidad. creyendo que, fuera de nosotros,
nada hay que le sea posible.
EL LIBRO DE LOS
ESPÍRITUS – Allan Kardec.