domingo, 3 de setembro de 2023

Cego de nascença / THE MAN BORN BLIND / Denaska blindulo.

Cego de nascença.

24. Ao passar, viu Jesus um homem que era cego desde que nascera; — e seus discípulos lhe fizeram esta pergunta: Mestre, foi pecado desse homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego? — Jesus lhes respondeu: Não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas, para que nele se patenteiem as obras do poder de Deus. É preciso que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem depois a noite, na qual ninguém pode fazer obras. — Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. — Tendo dito isso, cuspiu no chão e, havendo feito lama com a sua saliva, ungiu com essa lama os olhos do cego — e lhe disse: Vai lavar-te na piscina de Siloé, que significa Enviado. Ele foi, lavou-se e voltou vendo claro. — Seus vizinhos e os que o viam antes a pedir esmolas diziam: Não é este o que estava assentado e pedia esmola? Uns respondiam: É ele; outros diziam: Não, é um que se parece com ele. O homem, porém, lhes dizia: Sou eu mesmo. — Perguntaram-lhe então: Como se te abriram os olhos? — Ele respondeu: Aquele homem que se chama Jesus fez um pouco de lama e passou nos meus olhos, dizendo: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo. — Disseram-lhe: Onde está ele? Respondeu o homem: Não sei. — Levaram então aos fariseus o homem que estivera cego. — Ora, fora num dia de sábado que Jesus fizera aquela lama e lhe abrira os olhos. — Também os fariseus o interrogaram para saber como recobrara a vista. Ele lhes disse: Ele me pôs lama nos olhos, eu me lavei e vejo. — Ao que alguns fariseus retrucaram: Esse homem não é enviado de Deus, pois que não guarda o sábado. Outros, porém, diziam: Como poderia um homem mau fazer prodígios tais? Havia, a propósito, dissensão entre eles. — Disseram de novo ao que fora cego: E tu, que dizes desse homem que te abriu os olhos? Ele respondeu: Digo que é um profeta. — Mas, os judeus não acreditaram que aquele homem houvesse estado cego e que houvesse recobrado a vista, enquanto não fizeram vir o pai e a mãe dele — e os interrogaram assim: É este o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora vê? — O pai e a mãe responderam: Sabemos que esse é nosso filho e que nasceu cego; — não sabemos, porém, como agora vê e tampouco sabemos quem lhe abriu os olhos. Interrogai-o; ele já tem idade, que responda por si mesmo. — Seu pai e sua mãe falavam desse modo, porque temiam os judeus, visto que estes já haviam resolvido em comum que quem quer que reconhecesse a Jesus como sendo o Cristo seria expulso da sinagoga. — Foi o que obrigou o pai e a mãe do rapaz a responderem: Ele já tem idade; interrogai-o. — Chamaram pela segunda vez o homem que estivera cego e lhe disseram: Glorifica a Deus; sabemos que esse homem é um pecador. Ele lhes respondeu: Se é um pecador, não sei, tudo o que sei é que estava cego e agora vejo. — Tornaram a perguntar-lhe: Que te fez ele e como te abriu os olhos? — Respondeu o homem: Já vo-lo disse e bem o ouvistes; por que quereis ouvi-lo segunda vez? Será que queirais tornar-vos seus discípulos? — Ao que eles o carregaram de injúrias e lhe disseram: Sê tu seu discípulo; quanto a nós, somos discípulos de Moisés. — Sabemos que Deus falou a Moisés, ao passo que este não sabemos donde saiu. — O homem lhes respondeu: É de espantar que não saibais donde ele é e que ele me tenha aberto os olhos. — Ora, sabemos que Deus não exalça os pecadores; mas, àquele que o honre e faça a sua vontade, a esse Deus exalça. — Desde que o mundo existe, jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. — Se esse homem não fosse um enviado de Deus, nada poderia fazer de tudo o que tem feito. — Disseram-lhe os fariseus: Tu és todo pecado, desde o ventre de tua mãe, e queres ensinar-nos a nós? E o expulsaram. (S. João, 9:1–34.)

25. Esta narrativa, tão simples e singela, traz em si evidente o cunho da veracidade. Nada aí há de fantasista, nem de maravilhoso. É uma cena da vida real apanhada em flagrante. A linguagem do cego é exatamente a desses homens simples, nos quais o bom-senso supre a falta de saber e que retrucam com bonomia aos argumentos de seus adversários, expendendo razões a que não faltam justeza, nem oportunidade. O tom dos fariseus, por outro lado, é o dos orgulhosos que nada admitem acima de suas inteligências e que se enchem de indignação à só ideia de que um homem do povo lhes possa fazer observações. Afora a cor local dos nomes, dir-se-ia ser do nosso tempo o fato.

Ser expulso da sinagoga equivalia a ser posto fora da Igreja. Era uma espécie de excomunhão. Os espíritas, cuja doutrina é a do Cristo de acordo com o progresso das luzes atuais, são tratados como os judeus que reconheciam em Jesus o Messias. Excomungando-os, a Igreja os põe fora de seu seio, como fizeram os escribas e os fariseus com os seguidores do Cristo. Assim, aí está um homem que é expulso porque não pode admitir seja um possesso do demônio aquele que o curara e porque rende graças a Deus pela sua cura!

Não é o que fazem com os espíritas? Obter dos Espíritos salutares conselhos, a reconciliação com Deus e com o bem, curas, tudo isso é obra do diabo e sobre os que isso conseguem lança-se anátema. Não se têm visto padres declararem, do alto do púlpito, que é melhor uma pessoa conservar-se incrédula do que recobrar a fé por meio do Espiritismo? Não há os que dizem a doentes que estes não deviam ter procurado curar-se com os espíritas que possuem esse dom, porque esse dom é satânico? Não há os que pregam que os necessitados não devem aceitar o pão que os espíritas distribuem, por ser do diabo esse pão? Que outra coisa diziam ou faziam os padres judeus e os fariseus? Aliás, fomos avisados de que tudo hoje tem que se passar como ao tempo do Cristo.

A pergunta dos discípulos — Foi algum pecado deste homem que deu causa a que ele nascesse cego? — revela que eles tinham a intuição de uma existência anterior, pois, do contrário, ela careceria de sentido, visto que um pecado somente pode ser causa de uma enfermidade de nascença, se cometido antes do nascimento, portanto, numa existência anterior. Se Jesus considerasse falsa semelhante ideia, ter-lhes-ia dito: “Como houvera este homem podido pecar antes de ter nascido?” Em vez disso, porém, diz que aquele homem estava cego, não por ter pecado, mas para que nele se patenteasse o poder de Deus, isto é, para que servisse de instrumento a uma manifestação do poder de Deus. Se não era uma expiação do passado, era uma provação apropriada ao progresso daquele Espírito, porquanto Deus, que é justo, não lhe imporia um sofrimento sem utilidade.

Quanto ao meio empregado para a sua cura, evidentemente aquela espécie de lama feita de saliva e terra nenhuma virtude podia encerrar, a não ser pela ação do fluido curativo de que fora impregnada. É assim que as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de reservatório.

A Gênese – Allan Kardec.

THE MAN BORN BLIND

24. As he went along, he saw a man blind from birth. His disciples asked him, “Rabbi, who sinned, this man or his parents, that he was born blind?” “Neither this man nor his parents sinned,” said Jesus, “but this happened so that the work of God might be displayed in his life. As long as it is day, we must do the work of him who sent me. Night is coming, when no one can work. While I am in the world, I am the light of the world.” Having said this, he spit on the ground, made some mud with the saliva, and put it on the man’s eyes. “Go,” he told him, “wash in the Pool of Siloam” (this word means Sent). So the man went and washed, and came home seeing. His neighbors and those who had formerly seen him begging asked, “Isn’t this the same man who used to sit and beg?” Some claimed that he was. Others said, “No, he only looks like him.” But he himself insisted, “I am the man.” “How then were your eyes opened?” they demanded. He replied, “The man they call Jesus made some mud and put it on my eyes. He told me to go to Siloam and wash. So I went and washed, and then I could see.” “Where is this man?” they asked him. “I don’t know,” he said. They brought to the Pharisees the man who had been blind. Now the day on which Jesus had made the mud and opened the man’s eyes was a Sabbath. Therefore the Pharisees also asked him how he had received his sight. “He put mud on my eyes,” the man replied, “and I washed, and now I see.” Some of the Pharisees said, “This man is not from God, for he does not keep the Sabbath.” But others asked, “How can a sinner do such miraculous signs?” So they were divided. Finally they turned again to the blind man, “What have you to say about him? It was your eyes he opened.” The man replied, “He is a prophet.” The Jews still did not believe that he had been blind and had received his sight until they sent for the man’s parents. “Is this your son?” they asked. “Is this the one you say was born blind? How is it that now he can see?” “We know he is our son,” the parents answered, “and we know he was born blind. But how he can see now, or who opened his eyes, we don’t know. Ask him. He is of age; he will speak for himself.” His parents said this because they were afraid of the Jews, for already the Jews had decided that anyone who acknowledged that Jesus was the Christ would be put out of the synagogue. That was why his parents said, “He is of age; ask him.” A second time they summoned the man who had been blind. “Give glory to God,” they said.” We know this man is a sinner.” He replied, “Whether he is a sinner or not, I don’t know. One thing I do know. I was blind but now I see!” Then they asked him, “What did he do to you? How did he open your eyes?” He answered, “I have told you already and you did not listen.

Why do you want to hear it again? Do you want to become his disciples, too?” Then they hurled insults at him and said, “You are this fellow’s disciple! We are disciples of Moses! We know that God spoke to Moses, but as for this fellow, we don’t even know where he comes from.” The man answered, “Now that is remarkable! You don’t know where he comes from, yet he opened my eyes. We know that God does not listen to sinners. He listens to the godly man who does his will. Nobody has ever heard of opening the eyes of a man born blind. 33. If this man were not from God, he could do nothing.” To this they replied, “You were steeped in sin at birth; how dare you lecture us!” And they threw him out. (John, 9: 1 to 34).

25. This recital, so simple and artless, carries in itself an evident character of truth. There is nothing marvelous or fantastic about it; it is a scene from real life. The language of this blind man is that of one in which good, natural common sense supplies the place of knowledge, and who combats the arguments of his adversaries with simplicity, yet with an ability which is not wanting in justice. Is not the speech of the Pharisee like that of proud men who think there is no knowledge outside of their own, and that a man of the people is unworthy of a single thought or remonstrance? Barring the name, we have the same kind of people in our day.

To be expelled from the synagogue was equivalent to being excommunicated from the Church. The Spiritists, whose doctrines are those of Christ, interpreted according to the progress of the present light, are treated as the Jews who recognized Jesus as the Messiah. By excommunicating them, they place them outside of the Church, as the scribes and the Pharisees did in regard to the followers of Jesus. In this narrative the man is expelled because he can believe only in him who has cured him, whether he be a sinner or one possessed by a demon, and because he glorifies God for his cure! Is not the same thing done to Spiritists? Because they obtain wise counsel from spirits, have returned to goodness and God, and perform cures, it is said to be the work of the Devil, and anathema is cast at them. Have we not heard priests from the high altar say, “It is better to remain an incredulous than to return to the faith by Spiritism?” Have we not heard them tell the sick ones that they must not be cured by Spiritists who possess this gift, because it is a gift from Satan? Have we not heard them telling the sick to reject the bread given by Spiritists, for it is the bread of the devil? What did and said the Jewish priests and Pharisees more than that? Moreover, it is written that the same unbelief must be felt by some at this epoch of the world’s history, as in the time of Christ.

This question of the disciples — viz., “Is this man blind because of sin?” — indicates the knowledge of an anterior existence; otherwise no sense could be made of it; for the sin which would be the cause of an infirmity, which is born with a person, must have been committed before this birth, and consequently in an anterior existence. If Jesus had recognized a false idea in the question, he would have said to them, “How could this man have sinned before birth?” Instead of that, he replies, that, if this man is blind, it is not because he has sinned, but that the glory of God may be shown in him; i.e., that he must be the instrument of a manifestation of the power of God. If it were not an expiation of the past, it was an experience which must have advanced him towards perfection; for God’s laws are just, we have no suffering without compensation.

As to the means employed to cure him, it is evident that the clay formed of soil and saliva obtained its healing properties from the healing fluid with which it was impregnated. Thus the most simple agents — water, for example — can acquire powerful and effective qualities under the action of the spiritual or magnetic fluid, to which they serve as vehicle, or reservoir.

The GENESIS – Allan Kardec.

Denaska blindulo

24. – Kaj preterirante, li vidis viron blindan de post la naskiĝo. – Kaj

liaj disĉiploj demandis lin, dirante: Rabeno, kiu do pekis, ĉi tiu viro, aŭ liaj gepatroj, ke li naskiĝis blinda?

Jesuo respondis: Nek ĉi tiu viro pekis, nek liaj gepatroj; sed por ke la faroj de Dio aperu en li. – Dum estas tago, mi devas prilabori la farojn de Tiu, kiu min sendis; venas la nokto, kiam neniu povas labori. – Dum mi estas en la mondo, mi estas la lumo de la mondo.

Dirinte tion, li kraĉis sur la teron, kaj faris el la kraĉaĵo koton, kaj ŝmiris per la koto la okulojn de la blindulo, – kaj diris al li: Iru, lavu vin en la lageto de ŝiloaĵ (tio estas, Sendito). Li do foriris, kaj sin lavis, kaj revenis vidanta.

La najbaroj do, kaj tiuj, kiuj antaŭe vidis lin, ke li estas almozulo, diris: ĉu ĉi tiu ne estas tiu, kiu sidis kaj petis almozojn? – Unuj diris: Li estas; aliaj diris: Ne, sed li estas simila al tiu. Li diris: Tiu mi estas. – Ili do diris al li: Kiamaniere viaj okuloj malfermiĝis? – Li respondis kaj diris: La homo, nomata Jesuo, faris koton kaj ŝmiris miajn okulojn, kaj diris al mi: Iru al ŝiloaĵ, kaj vin lavu; kaj mi iris, kaj lavis min, kaj mi ricevis vidpovon. – Tiam ili diris al li: Kie li estas? Li diris: Mi ne scias.

Ili kondukis al la Fariseoj la iam blindan viron. – Sed estis sabato la tago, en kiu Jesuo faris la koton kaj malfermis liajn okulojn.

La Fariseoj do denove demandis lin, kiamaniere li ricevis vidpovon. Kaj li diris al ili: Li metis koton sur miajn okulojn, kaj mi lavis min, kaj mi vidas. – Unuj do el la Fariseoj diris: ĉi tiu homo ne estas de Dio, ĉar li ne observas la sabaton. Aliaj diris: Kiel povas homo pekulo fari tiajn signojn? Kaj malkonsento estis inter ili.

Denove ili diris al la blindulo: Kion vi diras pri li rilate tion, ke li malfermis viajn okulojn? Li diris: Li estas profeto. – La Judoj ne kredis pri li, ke li estis antaŭe blinda, kaj ke li ricevis vidpovon, ĝis ili alvokis la gepatrojn de tiu, kiu ricevis vidpovon, kaj demandis ilin, – dirante: ĉu ĉi tiu estas via filo, kiu, vi diras, naskiĝis blinda? kiel do li nun vidas? – Liaj gepatroj respondis kaj diris: Ni scias, ke ĉi tiu estas nia filo, kaj ke li naskigis blinda; – sed kiel li nun vidas, ni ne scias; kaj kiu malfermis liajn okulojn, ni ne scias; demandu lin, li havas plenaĝon; li pri si mem parolos.

Tion diris la gepatroj, ĉar ili timis la Judojn; ĉar la Judoj jam interkonsentis, ke se iu konfesos, ke li estas la Kristo, tiu estu forigita el la sinagogo. – Tial la gepatroj diris: Li havas plenaĝon, demandu lin.

Ili do denove alvokis la viron, kiu estis blinda, kaj diris al li: Donu gloron al Dio; ni certe scias, ke tiu homo estas pekulo. – Li do respondis: ĉu li estas pekulo, mi ne scias; unu aferon mi scias, ke mi estis blinda kaj nun vidas. – Tiam ili diris al li denove: Kion li faris al vi? – kiamaniere li malfermis viajn okulojn? – Li respondis al ili: Mi ĵus diris al vi, kaj vi ne atentis; kial vi volas denove ĝin aŭdi? Ĉu vi ankaŭ volas fariĝi liaj disĉiploj? – Tiam ili insultis lin, kaj diris: Vi estas lia disĉiplo, sed ni estas disĉiploj de Moseo. – Ni scias, ke Dio parolis al Moseo; sed pri ĉi tiu, ni ne scias, de kie li estas.

La viro respondis kaj diris al ili: Jen la mirindaĵo, ke vi ne scias, de kie li estas, kaj tamen li malfermis miajn okulojn. – Ni scias, ke Dio ne atentas pekulojn; sed se iu estas adoranto de Dio kaj plenumas Lian volon, tiun Li atentas. – De la komenco de la mondo oni neniam aŭdis, ke iu malfermis la okulojn de homo, kiu naskiĝis blinda. – Se ĉi tiu homo ne estus de Dio, li nenion povus fari.

Ili respondis kaj diris al li: Vi tute naskiĝis en pekoj, kaj ĉu vi nin instruas? Kaj ili forpelis lin eksteren. (Sankta Johano, æap. IX, par. 1 øis 34.)

25. – Ĉi tiu rakonto, tiel simpla kaj tiel naiva, portas en si evidentan karakteron de vereco. En ĝi estas nenio fantazia, nek mirakleca. Temas pri ia freŝe kaptita sceno de la reala vivo. La parolo de la blindulo estas ĝuste tia sama kiel la parolo de tiuj simplaj homoj, ĉe kiuj la komuna saĝo kompensas la mankon de klereco, kaj kiuj refutas la argumentojn de siaj kontraŭuloj kun korsimpleco, prezentante klarigojn, al kiuj mankas nek praveco, nek oportuneco. Ĉu la tono de la fariseoj ne samas kiel tiu de la orgojlaj homoj, kiuj akceptas nenion superan al sia inteligento kaj kiuj indignas ĉe la sola penso, ke plebano povus al ili fari rimarkojn? Escepte de la loka koloro de l’ nomoj, oni kredus la fakton nuntempa.

Esti forigita el la sinagogo egalis forpelon el la eklezio, ian ekskomunikon. La spiritistoj, kies doktrino estas sama kiel tiu de la Kristo, interpretata laŭ la nuna progreso de la lumoj, estas same traktataj kiel la Judoj, kiuj en Jesuo rekonis la Mesion. Per ekskomuniko, la Eklezio forigas ilin el sia sino, same kiel la skribistoj kaj fariseoj faris kun la sekvantoj de Jesuo. Kaj jen tiel homo estas forpelita, ĉar li ne povas kredi, ke tiu, kiu lin resanigis, estas demonhavanto, kaj ĉar li gloras Dion pro sia resaniĝo!

Ĉu ne same oni faras kun la spiritistoj? Kion ili atingas, nome saĝajn konsilojn de la Spiritoj, revenon al Dio kaj al la bono, resanigojn, ĉio tio estas verko de la diablo, kaj sur ilin oni ĵetas anatemon. Ĉu oni ne vidis pastrojn deklari, de sur la predikseĝo, ke preferindas resti senkreda, ol reakiri la fidon per Spiritismo? Kaj unujn diri al malsanuloj, ke ili ne devis serĉi kuracadon ĉe la spiritistoj posedantaj tiun doton, ĉar ĝi estas doto satana? Kaj aliajn prediki, ke la senhavuloj devas ne akcepti la panon disdonatan de la spiritistoj, ĉar tiu pano venas de la diablo? Kion alian diradis kaj faradis la judaj pastroj kaj la fariseoj? Cetere, estas dirite, ke nun devas same okazi kiel en la tempo de la Kristo.

Tiu demando de la disĉiploj: ĉu ĉi tiu viro pekis, ke li naskigis blinda? indikas la intuicion pri iu antaŭa ekzistado; se ne tiel, al ĝi mankus senco, ĉar peko, kiu kaŭzus denaskan malsanon, nepre estus farita antaŭ la naskiĝo, sekve en antaŭa ekzistado. Se Jesuo en tio vidus falsan ideon, li dirus al ili: “Kiel tiu homo povus peki antaŭ ol esti naskita?” Sed, anstataŭ tio, li asertas, ke tiu homo estas blinda ne pro tio, ke li pekis, sed por tio, ke en li manifestiĝu la povo de Dio, tio estas, ke li servu kiel instrumento por manifestiĝo de la povo de Dio. Se ĝi ne estis kulpelpago el la pasinteco, ĝi estis provo taŭga por lia progreso, ĉar Dio, kiu estas justa, ne trudus al li senkompensan suferadon.

Koncerne la rimedon uzitan por lia resanigo, estas evidente, ke tiu speco de koto, farita el salivo kaj tero, povus havi nenian potencon, krom pro la agado de la resaniga fluido, per kiu ĝi estis saturita. Ja tiel la plej sensignifaj substancoj, kiel ekzemple la akvo, povas akiri potencajn kaj efektivajn kvalitojn sub la agado de la spirita aŭ magneta fluido, al kiu ili servas kiel perilo, aŭ, se oni preferas, kiel rezervujo.

La Genezo – Allan Kardec.

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