domingo, 21 de janeiro de 2024

Conhecimento do futuro / Foreknowledge of the Future / KONADO DE LA ESTONTECO.

Conhecimento do futuro.

868. Pode o futuro ser revelado ao homem?

“Em princípio, o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado.”

869. Com que fim o futuro se conserva oculto ao homem?

“Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria do presente e não obraria com a liberdade com que o faz, porque o dominaria a ideia de que, se uma coisa tem que acontecer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraria obstar a que acontecesse. Não quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que muitas vezes tu mesmo preparas, sem disso te dares conta, os acontecimentos que hão de sobrevir no curso da tua existência.”

870. Se convém que o futuro permaneça oculto, por que permite Deus que seja revelado algumas vezes?

“Permite-o, quando o conhecimento prévio do futuro facilite a execução de uma coisa, em vez de a estorvar, induzindo o homem a agir diversamente do modo pelo qual agiria, se lhe não fosse feita a revelação. Não raro, também é uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode sugerir pensamentos mais ou menos bons. Se um homem vem a saber, por exemplo, que vai receber uma herança, com que não conta, pode dar-se que a revelação desse fato desperte nele o sentimento da cobiça, pela perspectiva de se lhe tornarem possíveis maiores gozos terrenos, pela ânsia de possuir mais depressa a herança, desejando talvez, para que tal se dê, a morte daquele de quem herdará. Ou, então, essa perspectiva lhe inspirará bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, aí está outra prova, a da maneira por que suportará a decepção. Nem por isso, entretanto, lhe caberá menos o mérito ou o demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença na ocorrência daquele fato lhe fez nascer no íntimo.”

871. Pois que Deus tudo sabe, não ignora se um homem sucumbirá ou não em determinada prova. Assim sendo, qual a necessidade dessa prova, uma vez que nada acrescentará ao que Deus já sabe a respeito desse homem?

“Isso equivale a perguntar por que não criou Deus o homem perfeito e acabado (119); por que passa o homem pela infância, antes de chegar à condição de adulto (379).

A prova não tem por fim dar a Deus esclarecimentos sobre o homem, pois que Deus sabe perfeitamente o que ele vale, mas dar ao homem toda a responsabilidade de sua ação, uma vez que tem a liberdade de fazer ou não fazer. Dotado da faculdade de escolher entre o bem e o mal, a prova tem por efeito pô-lo em luta com as tentações do mal e conferir-lhe todo o mérito da resistência. Ora, conquanto saiba de antemão se ele se sairá bem ou não, Deus não o pode, em sua justiça, punir, nem recompensar, por um ato ainda não praticado.” (258.)

Assim sucede entre os homens. Por muito capaz que seja um estudante, por grande que seja a certeza que se tenha de que alcançará bom êxito, ninguém lhe confere grau algum sem exame, isto é, sem prova. Do mesmo modo, o juiz não condena um acusado, senão com fundamento num ato consumado e não na previsão de que ele possa ou deva consumar esse ato.

Quanto mais se reflete nas consequências que teria para o homem o conhecimento do futuro, melhor se vê quanto foi sábia a Providência em lho ocultar. A certeza de um acontecimento venturoso o lançaria na inação. A de um acontecimento infeliz o encheria de desânimo. Em ambos os casos suas forças ficariam paralisadas. Daí o não lhe ser mostrado o futuro, senão como meta que lhe cumpre atingir por seus esforços, mas ignorando os trâmites por que terá de passar para alcançá-la. O conhecimento de todos os incidentes da jornada lhe tolheria a iniciativa e o uso do livre-arbítrio. Ele se deixaria resvalar pelo declive fatal dos acontecimentos sem exercer suas faculdades. Quando a realização de uma coisa está assegurada, ninguém mais com ela se preocupa.

O Livro dos Espíritos – Allan  Kardec.

Foreknowledge of the Future

868. Can the future be revealed to human beings?

“As a rule, the future is hidden from them. It is only in rare and exceptional cases that God permits it to be revealed.”

869. Why is the future hidden from human beings?

“If they knew the future, they would ignore the present and would not act with the same freedom. They would be swayed by the thought that, if a specific event is to happen, there is no need to worry about it, or they would seek to prevent it. God did not want it to be this way, so that all people would contribute in the accomplishment of God’s designs, even those designs they would want to prevent. Therefore, you often prepare the way for the events that occur over the course of your lifetime, without even being aware of it.”

870. Since there is a practical reason why the future is hidden, why does God sometimes permit it to be revealed?

“Because in such cases this foreknowledge facilitates the accomplishment of what is to be, rather than hinder it, by making the persons to whom it is revealed act in a different manner than they would otherwise act. In addition, it is often a trial. The prospect of an event may awaken more or less honorable thoughts. For example, if individuals learn that they will receive an inheritance that they had not expected, they may be tempted by greed, by elation at the prospect of increasing their worldly pleasures, or by a desire for the death of their benefactor, so that they may obtain it sooner. On the other hand, this prospect may awaken good and generous thoughts in them. If the prediction is not fulfilled, it is a test of how they bear disappointment. They acquire the merit or reproach of the good or bad thoughts they have by their expectation of the event anticipated.”

871. God knows everything, including whether people will succeed or fail in a given trial. What is the purpose of this trial, since it shows God nothing that is not already known about those individuals? “You might as well ask why God did not create humans perfect (see no. 119), or why human beings have to experience childhood before arriving at adulthood (see no. 379). The purpose of a trial is not to enlighten God regarding the merit of humankind. God knows exactly what they are worth, but to make human beings fully accountable for their behavior since they have free will. People are free to choose between good and bad, and trials serve to tempt them or prove their resistance, leaving them all the merit for resisting it. Even though God knows well in advance whether they will succeed or not, out of divine justice God cannot reward or punish them other than according to the actions they have committed.” (See no. 258)

The same principle exists in the world of human beings. Regardless of the qualifications of a given group of candidates or our confidence in their success, no grade can be granted until the proper test has been passed. This is the same as with a judge who can condemns only accused individuals for the crimes they have actually committed, and not on the presumption that they could or would commit a crime.

The more we reflect on the consequences that would result from our knowledge of the future, the more clearly we see God’s Divine wisdom in hiding it from us. The certainty of good fortune in the future would make us lazy, while future despair would plunge us into depression or discouragement. In both cases, our activities are paralyzed. This is why the future is shown to human beings only as a goal that they must reach through their own effort, without knowing the sequence of events that they will experience in attaining it. The foreknowledge of all the events of their respective journeys would deprive them of their initiative and the use of their free will. They would submissively allow themselves to be led by the circumstances, without any exercise of their faculties. When the success of something is certain, we no longer worry about it.

The Spirits’ Book – Allan Kardec.

KONADO DE LA ESTONTECO

868. Ĉu la estonteco povas esti malkaŝita al la homo?

“Kiel principo, la estonteco estas kaŝita al la homo, kaj nur en maloftaj, esceptaj okazoj Dio permesas, ke gi estu malkaŝita.”

869. Kial la estonteco estas kaŝita al la homo?

 “Se la homo konus sian estontecon, li ne atentus la nunecon kaj ne kondutus kun sama libereco; ĉar li estus posedita de la ideo, ke, se io devas okazi, li ne bezonas sin okupi pri ĝi, aŭ li penus ĝin deturni. Dio ne volis, ke tiel estu, por ke ĉiu kunlaboru por la plenumo de la aferoj, eĉ de tiuj, kiujn la homo volus kontraŭstari: tial, vi mem, ofte senkonscie, preparas la okazojn, fariĝantaj dum la irado de via vivo.”

870. Ĉar estas utile, ke la estonteco estas nekonata, kial Dio iafoje permesas ĝian malkaŝon?

“Tio fariĝas, kiam tiu antaŭa konigo devas plifaciligi, anstataŭ kontraŭi, la plenumon de iu afero, per tio, ke ĝi instigas agi en alia maniero, ol kiel oni agus sen tiu malkaŝo. Krome, ĉi tio ofte estas provo. La perspektivo de iu okazo povas elveki pli aŭ malpli bonajn pensojn; se iu homo scios, ekzemple, ke li estas ricevonta heredaĵon, je kiu li ne kalkulis, eble la sento de ambicio, la ĝojo pliigi siajn surterajn ĝuojn, la sopiro ekposedi pli frue, lin kondukos al la deziro, ke mortu la persono, kiu postlasos al li sian riĉecon; aŭ, ankoraŭ, tiu perspektivo naskos en li bonajn sentojn kaj noblanimajn pensojn.

Se la antaŭdiro ne efektiviĝas, tio estas ankoraŭ provo, tio estas, provo pri la maniero, kiel li eltenos sian elreviĝon; sed, ĉiuokaze, li ja ricevos la premion aŭ la punon de la bonaj aŭ malbonaj pensoj, kiujn naskis en li la kredo je tiu fakto.”

871. Ĉar Dio scias ĉion, tial Li devas scii, ĉu iu homo fiaskos aŭ ne ĉe iu provo; kial do tiu provo estas necesa, se ĝi sciigas al Dio nenion, kion Li ne scias pri tiu homo?

“Tio estus kiel demandi, kial Dio ne kreis la homon perfekta kaj kompleta (119) ; kial la homo travivas infanecon, antaŭ ol atingi maturecon (379). La provo ne celas sciigi Dion pri la merito de tiu homo, ĉar Dio perfekte scias lian valoron; sed ŝarĝi tiun homon per la tuta respondeco por sia agado, ĉar la homo povas libere agi tiel aŭ tiel alie. Ĉar la homo elektas mem inter bono kaj malbono, tial la provo havas kiel efikon elmeti lin al la tento je malbono kaj doni al li la tutan meriton el sia kontraŭstaro; nu, kvankam Dio anticipe ja scias, ĉu la homo sukcesos aŭ ne, tamen Li ne povas, laŭ Sia justeco, puni aŭ rekompenci pro ne plenumita ago.” (258)

Same okazas ĉe la homoj. Kiel ajn kapabla estas lernanto, kiel ajn granda estas la certeco pri lia sukceso, oni donas al li nenian rangon sen ekzameno, tio estas, ne provante liajn konojn. Juĝisto kondamnas akuzaton nur pro elplenumita ago, kaj ne pro la supozo, ke la akuzato povas aŭ devas elplenumi tiun agon.

Ju pli oni pensas pri la sekvoj, kiuj rezultus, por la homo, el la konado de sia estonteco, des pli oni konfesas, kiel saĝa estis la Providenco, kaŝante al li tiun estontecon.

La certeco pri feliĉa okazo lin sidigus en neaktiveco; tiu pri ia malfeliĉajo lin malkuraĝigus; ĉu en la unua, ĉu en la dua hipotezo, liaj fortoj paraliziĝus. Tial la estonteco estas konigata al la homo nur kiel celo, kiun li devas trafi per siaj klopodoj, tamen ne konante la sinsekvajn fazojn, kiujn li devas trapasi ĝis tie. La konado de ĉiaj okazetoj de la irado forprenus de li la iniciatemon kaj la uzadon de la libera volo: ĝi igus lin lasi sin kuntreni kun la fatala torento de l’ okazoj, ne uzante siajn kapablojn. Kiam la sukceso de iu entrepreno estas certa, oni jam ne zorgas pri tiu afero.

La Libro de la Spiritoj – Allan Kardec.

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