domingo, 8 de dezembro de 2019

Justiça da Reencarnação / JUSTICE DE LA RÉINCARNATION / JUSTICE OF REINCARNATION.

171. Em que se funda o dogma da reencarnação?
“Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu o melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem remissão.”
Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
Não obraria Deus com equidade, nem de acordo com a Sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio onde foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento. Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma única a balança em que Deus pesa as ações de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa.
A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam.
O homem que tem consciência da sua inferioridade haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustem-no, porém, e lhe reanima a coragem a ideia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganhado uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em nova existência.
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
171. Sur quoi est fondé le dogme de la réincarnation ?
« Sur la justice de Dieu et la révélation, car nous vous le répétons sans cesse : Un bon père laisse toujours à ses enfants une porte ouverte au repentir. La raison ne te dit-elle pas qu'il serait injuste de priver sans retour du bonheur éternel tous ceux de qui il n'a pas dépendu de s'améliorer ? Est-ce que tous les hommes ne sont pas les enfants de Dieu ? Ce n'est que parmi les hommes égoïstes qu'on trouve l'iniquité, la haine implacable et les châtiments sans rémission. »
Tous les Esprits tendent à la perfection, et Dieu leur en fournit les moyens par les épreuves de la vie corporelle ; mais dans sa justice, il leur réserve d'accomplir, dans de nouvelles existences, ce qu'ils n'ont pu faire ou achever dans une première épreuve.
Il ne serait ni selon l'équité, ni selon la bonté de Dieu, de frapper à jamais ceux qui ont pu rencontrer des obstacles à leur amélioration en dehors de leur volonté, et dans le milieu même où ils se trouvent placés. Si le sort de l'homme était irrévocablement fixé après sa mort, Dieu n'aurait point pesé les actions de tous dans la même balance, et ne les aurait point traités avec impartialité.
La doctrine de la réincarnation, c'est-à-dire celle qui consiste à admettre pour l'homme plusieurs existences successives, est la seule qui réponde à l'idée que nous nous faisons de la justice de Dieu à l'égard des hommes placés dans une condition morale inférieure, la seule qui puisse nous expliquer l'avenir et asseoir nos espérances, puisqu'elle nous offre le moyen de racheter nos erreurs par de nouvelles épreuves. La raison nous l'indique et les Esprits nous l'enseignent.
L'homme qui a la conscience de son infériorité puise dans la doctrine de la réincarnation une espérance consolante. S'il croit à la justice de Dieu, il ne peut espérer être pour l'éternité l'égal de ceux qui ont mieux fait que lui. La pensée que cette infériorité ne le déshérite pas à tout jamais du bien suprême, et qu'il pourra la conquérir par de nouveaux efforts, le soutient et ranime son courage. Quel est celui qui, au terme de sa carrière, ne regrette pas d'avoir acquis trop tard une expérience dont il ne peut plus profiter ? Cette expérience tardive n'est point perdue ; il la mettra à profit dans une nouvelle vie.
LE LIVRE DES ESPRITS – Allan Kardec
171. What is the basis of reincarnation?
“Reincarnation is based on God’s justice and revelation. An affectionate father, as we have already explained, always grants his children the opportunity to redeem themselves, no matter how rebellious they may be. Reason alone dictates that it would be unfair to infict eternal misery on those who have not had the opportunity to improve themselves. Aren’t we all God’s children? Injustice, merciless hatred, and unrelenting punishments are only found in the worlds of selfsh people.”
All spirits strive for perfection and God provides them this opportunity through the trials of corporeal life. Divine justice compels them to use their new existence to do what they were not able to do or complete in a prior trial.
It would not be consistent with God’s justice or goodness to condemn to eternal suffering those who have encountered obstacles to their improvement, obstacles that may have resulted from circumstances beyond their control, and, thus, are independent of their will. If the fate of humankind were conclusively determined after death, God would not have weighed the actions of all objectively and according to the same criteria.
Reincarnation, which asserts that people have many successive lives, is the only theory that satisfes the idea that we form of God’s justice with regard to those who are placed in morally inferior conditions. It is the only one that can explain the future and give us hope because it offers us a way to make amends for our errors through new trials. This concept is indicated by reason, and taught by the spirits.
People who are aware of their own inferiority obtain reassuring hope from the concept of reincarnation. If they believe in God’s justice, they cannot reasonably hope to be immediately placed on the same level as those who have made a better use of life. However, the knowledge that they will not be barred from supreme happiness forever based on this inferiority, and the fact that they will be able to reach this happiness through new efforts resuscitates their courage and replenishes their energy. Who does not, at the end of their career, laments that an experience was acquired too late to be of actual use? This is not a loss, for they proft from it in a new corporeal life.
THE SPIRITS’ BOOK – Allan Kardec.

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