Em minha
condição de alma pouco evolvida iniciei, pois, a vida de após a morte, nesse
ambiente do espaço, que descrevi nas páginas anteriores. Decorrido o tempo
inolvidável em que divisara a figura sublime daquele mentor espiritual, que
viera caridosamente balsamizar as minhas feridas e as daqueles que formavam a
grande turba de meus companheiros pela saudade e pelo sofrimento, embora me sentisse
relativamente feliz, pressentia o coração pungido pela angústia da distância,
que me separava do mundo que eu deixara. Os laços afetivos, os hábitos, os
pequeninos nadas de minha existência estavam inteiramente comigo...
Um dos meus
primeiros pensamentos de estranheza foi o de compreender que havia morrido e,
ao mesmo tempo, conservar o meu corpo, o qual, segundo o bom senso, fora entregue
à Terra. Constatei que os meus pulmões respiravam e o meu coração pulsava com
absoluta normalidade.
Tais pensamentos
afligiram-me. Preocupava-me, apenas, o isolamento em que me encontrava naquele
ambiente, para o qual fora arrebatada, sem um preparo prévio. É verdade que me
via envolvida numa onda de simpatia por parte de quantos se abeiravam de mim;
todavia, a minha angustiosa estranheza crescia a ponto de me fazer chorar.
Livro Cartas de uma
Morta - Psicografia Chico Xavier.
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