Quando o mestre
confiou ao mundo a divina mensagem da Boa Nova, a Terra, sem dúvida, não se
achava desprovida de sólida cultura.
Na Grécia, as
artes haviam atingido luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas preciosas
circulavam por toda parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a religião.
Os escritores
possuíam corpos de copistas especializados e professores eméritos conservavam
tradições e ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência.
Prosperava a
instituição, em todos os lugares, mas a educação demorava-se em lamentável
pobreza.
O cativeiro
consagrado por lei era flagelo comum.
A mulher,
aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava
aos cavalos.
Homens de
consciência enobrecia, por infelicidade financeira ou por questiúnculas de raça,
eram assinalados a ferro candente e submetidos à penosa servidão, anotados como
animais.
Os pais podiam
vender os filhos.
Era razoável
cegar os vencidos e aproveita-los em serviços domésticos.
As crianças
fracas eram, quase sempre, punidas com a morte.
Enfermos eram
sentenciados ao abandono.
As mulheres
infelizes podiam ser apedrejadas com o beneplácito da justiça.
Os mutilados
deviam perecer nos campos de luta, categorizados à conta de carne inútil.
Qualquer tirano
desfrutava o direito do reduzir os governados à extrema penúria, sem ser incomodado
por ninguém.
Feras devoravam
homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso geral.
Rara a
festividade do povo que transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como impositivo
natural dos costumes.
Com Jesus,
entretanto, começa uma era nova para o sentimento.
Condenado ao
supremo sacrifício, sem reclamar, e rogando o perdão celeste para aqueles que o
vergastavam a feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições espirituais.
Iluminados pela
Divina Influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes.
Simão Pedro e os
companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados.
Instituem-se
casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito
popular.
Pouco a pouco,
altera-se a paisagem social, no curso dos séculos.
Dilacerados e
atormentados, entregues ao supremo sacrifício nas demonstrações sanguinolentas
dos tribunais e das praças públicas, ou trancafiados nas prisões, os aprendizes
do Evangelho ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a fortaleza
moral e a esperança.
Há grupos de
servidores, que se devotam ao trabalho remunerado para a libertação de numerosos
cativos.
Senhores da
fortuna e da terra, tocados nas fibras mais íntimas, devolvem escravos ao mundo
livre.
Doentes
encontram remédio, mendigos acham teto, desesperados se reconfortam, órfãos são
recebidos no lar.
Nova mentalidade
surge na Terra.
O coração
educado aparece, por abençoada luz, nas sombras da vida.
A gentileza e a
afabilidade passam a reger o campo das boas maneiras e, sob a inspiração do
Mestre Crucificado, homens de pátrias e raças diferentes aprenderam a encontrar-se
com alegria, exclamando, felizes: -“meu irmão”.
Livro: Roteiro.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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