quarta-feira, 31 de maio de 2023

Meios de conservação / Medios de conservación.

 

Meios de conservação.

704. Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe facultou, em todos os tempos, os meios de o conseguir?

“Sim, e se ele os não encontra é que não os compreende. Não seria possível que Deus criasse para o homem a necessidade de viver sem lhe dar os meios de consegui-lo. Essa a razão por que faz que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil; o supérfluo nunca o é.”

705. Por que nem sempre a Terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?

“É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário. Olha o árabe no deserto. Acha sempre de que viver, porque não cria para si necessidades factícias. Desde que haja desperdiçado a metade dos produtos em satisfazer a fantasias, que motivos tem o homem para se espantar de nada encontrar no dia seguinte e para se queixar de estar desprovido de tudo, quando chegam os dias de penúria? Em verdade vos digo, imprevidente não é a natureza, é o homem, que não sabe regrar o seu viver.”

706. Por bens da Terra unicamente se devem entender os produtos do solo?

“O solo é a fonte primacial donde dimanam todos os outros recursos, pois que, em definitivo, esses recursos são simples transformações dos produtos do solo. Por bens da Terra se deve, pois, entender tudo de que o homem pode gozar neste mundo.”

707. É frequente a certos indivíduos faltarem os meios de subsistência, ainda quando os cerca a abundância. A que se deve atribuir isso?

“Ao egoísmo dos homens, que nem sempre fazem o que lhes cumpre. Depois, e as mais das vezes, devem-no a si mesmos. Buscai e achareis: essas palavras não querem dizer que, para achar o que deseje, basta que o homem olhe para a terra, mas que lhe é preciso procurá-lo, não com indolência, e sim com ardor e perseverança, sem desanimar ante os obstáculos, que muito amiúde são simples meios de que se utiliza a Providência para lhe experimentar a constância, a paciência e a firmeza.” (534.)

Se é certo que a civilização multiplica as necessidades, também o é que multiplica as fontes de trabalho e os meios de viver. Forçoso, porém, é convir em que, a tal respeito, muito ainda lhe resta por fazer. Quando ela houver concluído a sua obra, ninguém deverá haver que possa queixar-se de lhe faltar o necessário, a não ser por sua própria culpa. A desgraça, para muitos, provém de enveredarem por uma senda diversa da que a natureza lhes traça. É então que lhes falece a inteligência para o bom êxito. Para todos há lugar ao Sol, mas com a condição de que cada um ocupe o seu e não o dos outros. A natureza não pode ser responsável pelos defeitos da organização social, nem pelas consequências da ambição e do amor-próprio.

Seria preciso, entretanto, ser-se cego, para se não reconhecer o progresso que, quanto a isso, têm feito os povos mais adiantados. Graças aos louváveis esforços que, juntas, a filantropia e a Ciência não cessam de despender para melhorar a condição material dos homens, mesmo com o crescimento incessante das populações a insuficiência da produção se acha atenuada, pelo menos em grande parte, e os anos mais calamitosos do presente não se podem de modo algum comparar aos de outrora. A higiene pública, elemento tão essencial da força e da saúde, a higiene pública, que nossos pais não conheceram, é objeto de esclarecida solicitude. O infortúnio e o sofrimento encontram onde se refugiem. Por toda parte a Ciência contribui para acrescer o bem-estar. Poder-se-á dizer que já se haja chegado à perfeição? Oh! Não, certamente; mas, o que já se fez deixa prever o que, com perseverança, se logrará conseguir, se o homem se mostrar bastante sensato para procurar a sua felicidade nas coisas positivas e sérias e não em utopias que o levam a recuar, em vez de fazê-lo avançar.

708. Não há situações em que os meios de subsistência de maneira alguma dependem da vontade do homem, sendo-lhe a privação do de que mais imperiosamente necessita uma consequência da força mesma das coisas?

“É isso uma prova, muitas vezes cruel, que lhe compete sofrer e à qual sabia ele de antemão que viria a estar exposto. Seu mérito então consiste em submeter-se à vontade de Deus, se a sua inteligência nenhum meio lhe faculta de sair da dificuldade. Se a morte vier colhê-lo, cumpre-lhe recebê-la sem murmurar, ponderando que a hora da verdadeira libertação soou e que o desespero no derradeiro momento pode ocasionar-lhe a perda do fruto de toda a sua resignação. ”

709. Terão cometido crime os que, em certas situações críticas, se viram na contingência de sacrificar seus semelhantes para matar a fome? Se houve crime, não teve este a atenuá-lo a necessidade de viver, que resulta do instinto de conservação?

“Já respondi, quando disse que há mais merecimento em sofrer todas as provações da vida com coragem e abnegação. Em tal caso, há homicídio e crime de lesa-natureza, falta que é duplamente punida.”

710. Nos mundos em que a organização fisiológica é mais apurada têm os seres vivos necessidade de alimentar-se?

“Têm, mas seus alimentos estão em relação com a sua natureza. Tais alimentos não seriam bastante substanciosos para os vossos estômagos grosseiros; assim como os deles não poderiam digerir os vossos alimentos.”

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

Medios de conservación.

704. Al dar Dios al hombre la necesidad de vivir, ¿le ha proporcionado siempre los medios?

«Sí, y si no los encuentra, es porque no los comprende. Dios no ha podido dar al hombre la necesidad de vivir sin proporcionarle los medios, y por esto hace producir a la tierra lo que es necesario a todos sus habitantes; porque sólo lo necesario es útil, lo superfluo no lo es nunca».

705. ¿Por qué la tierra no produce siempre lo bastante para proporcionar lo necesario al hombre?

«Es porque el hombre, ¡ingrato!, la descuida, y sin embargo, es una excelente madre. Con frecuencia también acusa a la naturaleza de lo que es efecto de su impericia o de su imprevisión. La tierra produciría siempre lo necesario, si el hombre supiese contentarse con ello. Si no basta a todas las necesidades, es porque el hombre emplea en lo superfluo lo que pudiera darse a lo necesario. Mira al árabe del desierto, siempre encuentra con qué vivir, porque no se crea necesidades ficticias; pero cuando la mitad de los productos se malbarata en satisfacer caprichos, ¿debe admirarse el hombre de no encontrar nada al día siguiente, y tiene razón para quejarse de encontrarse desprovisto cuando viene el tiempo de la escasez? En verdad os digo, que no es la naturaleza la imprevisora, sino el hombre que no sabe gobernarse».

706. ¿Los bienes de la tierra no se reducen más que a los productos del suelo?

«El suelo es el origen primero de donde emanan todos los otros recursos; porque en definitiva éstos no son más que una transformación de los productos del suelo, y de aquí que por bienes de la tierra deben entenderse todos aquellos de que el hombre puede gozar en este mundo».

707. Con frecuencia faltan a ciertos individuos los medios de subsistencia, aun en medio de la abundancia que les rodea, ¿de quién deben quejarse?

«Del egoísmo de los hombres, que no siempre hacen lo que deben, y luego y lo más frecuentemente, de ellos mismos. Buscad y encontraréis: estas palabras no quieren decir que basta mirar al suelo para encontrar lo que se desea, sino que se ha de buscar con ardor y perseverancia, y no con molicie, sin desanimarse ante los obstáculos que con mucha frecuencia no son más que medios de poner a prueba vuestra constancia, paciencia y firmeza». (534.)

Si la civilización multiplica las necesidades, multiplica también los origenes de trabajo y los medios de vivir; pero preciso es convenir en que bajo este aspecto, mucho le resta aún por hacer. Cuando haya redondeado su obra, nadie podrá decir que carece de lo necesario, a no ser por culpa suya. La desgracia de muchos consiste en que van por un camino que no es el que les ha trazado la naturaleza, y entonces escuando les falta inteligencia para llegar al término. Para todos hay lugar, pero con la condición de que cada uno ocupe el suyo, y no el de los otros. La naturaleza no puede ser responsable de los vicios de la organización social y de las consecuencias de la ambición y del amor propio.

Preciso es, sin embargo, ser ciego para no conocer el progreso realizado bajo este aspecto en los pueblos más adelantados. Gracias a los laudables esfuerzos que la filantropía y las ciencias reunidas no cesan de hacer para el mejoramiento del estado material de los hombres, y a pesar del acrecentamiento incesante de las poblaciones, es atenuada la insuficiencia de la producción, en gran parte, por lo menos, y los años más calamitosos no tienen comparación con los de otros tiempos. La higiene pública, ese elemento tan esencial de la fuerza y de la salud, desconocido de nuestros padres, es objeto de una solicitud esclarecida, el infortunio y el sufrimiento encuentran asilos, y en todas partes se beneficia la ciencia para el acrecentamiento del bienestar. ¿Quiere esto decir que se haya llegado a la perfección? Oh! ciertamente que no; pero lo que se hace da la medida de lo que puede hacerse con perseverancia, si el hombre es bastante prudente para buscar su dicha en las cosas positivas y graves, y no en utopías que le retrasan en vez de adelantarle.

708. ¿No hay posiciones en las que los medios de subsistencia no dependen en modo alguno de la voluntad del hombre, y la privación de lo más indispensablemente necesario es consecuencia de la fuerza de las cosas?

«Es una prueba con frecuencia cruel que debe sufrir y a la cual sabía que estaría expuesto, y su mérito consiste en someterse a la voluntad de Dios, si su inteligencia no le ofrece medio alguno de salir del apuro. Si debe morir, ha de resolverse sin murmurar, pensando que le ha llegado la hora de la verdadera libertad y que la desesperación del último momento puede hacerle perder el fruto de su resignación».

709. Los que en ciertas situaciones criticas, se han visto precisados a sacrificar a sus semejantes para alimentarse con ellos, ¿han cometido un crimen, y siendo así, es atenuado por la necesidad de vivir que les da el instinto de conservación?

«Ya he respondido, diciendo que lo más meritorio es sufrir todas las pruebas de la vida con dolor y abnegación. Existe un homicidio y un crimen de lesa naturaleza, falta que debe ser doblemente castigada».

710. En los mundos donde está más depurada la organización, ¿tienen necesidad de alimentación los seres vivientes?

«Sí, pero su alimentación está en relación con su naturaleza. Estos alimentos no serían bastante sustanciosos para vuestros estómagos groseros, lo mismo que ellos no podrían digerir los vuestros».

EL LIBRO DE LOS ESPÍRITUS – Allan Kardec.

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