Foi quando se
desenhou, na tribuna de neve translúcida, majestosa figura de um parlamentário,
parecendo-me que ali se materializara, por um processo misterioso e em forma
humana, o anjo celeste, no qual se destacavam todas as perfeições.
Irradiava do seu
olhar benigno e fulgurante uma onda de indescritível ternura, que transbordava na
sua voz, saturada de suavidade e doçura:
- “Irmãos –
começou ele – a nossa prece, o hino dos nossos corações, mistura-se a todas as harmonias
do Infinito, elevando-se para Deus numa corrente de melodia e de aroma. O laço
que neste momento une os nossos espíritos, misto de luzes da contextura
estelar, igualmente prende todos os sistemas planetários do Ilimitado, que se
irmanam no amor mais sublime à sua Divina Causa.
Vós, que aqui
vos encontrais, vindos das remotas plagas das sombras terrenas! Possuídos de angústia
e de esperança, que se refletem nas lágrimas dos vossos olhos, no íntimo ainda
guardais acerbas recordações da existência no exílio, como os carvões que
sobrevivem no coração da Terra longínqua sob os escombros das florestas
incendiadas. Constituís, por isso, a multidão de almas errantes e sofredoras,
perambulando em derredor dos objetos que formaram a paisagem das vossas
miragens enganadoras, porque a única vida real é a vida do espírito de posse da
sua liberdade preciosa”.
Livro: Cartas de
uma Morta - Psicografia Chico Xavier.
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