Após adaptar-me mais ou menos a essa nova vida, ocorreu-me como vos poderia rever e solicitei de um instrutor informação a respeito.
- “Sabes em que
direção está a Terra?” – perguntou ele com bondade.
Diante da minha
natural ignorância, apontou-me com a destra um ponto obscuro que se perdia na imensidade,
recomendando fitá-lo atentamente. Afigurou-se-me vê-lo crescer dentro de um
turbilhão de sirocos indescritíveis. Parecia-me contemplar a impetuosidade de
um furacão a envolver grande massa compacta de cinzas enegrecidas.
Tomada de
inusitado receio, desviei o olhar; porém, o meu solícito guia, exclamou com
brandura:
- “Lá está a
Terra com os seus contrastes destruidores; os ventos da iniqüidade varem-na de
pólo a pólo, entre os brados angustiosos dos seres que se debatem na aflição e
no morticínio. O que viste é o efeito das vibrações antagônicas, emitidas pela
humanidade atormentada nas calamidades da guerra. Lá alimentam-se as almas com
a substância amargosa das dores e sobre a sua superfície a vida é o direito do
mais forte.
Triste
existência a dessas criaturas que se trucidam mutuamente para viver.
São comuns, ali,
as chacinas, a fome, a epidemia, a viuvez, a orfandade que aqui não
conhecemos... Obscuro planeta de exílio e de sombra! Entretanto, no universo,
poucos lugares abrigarão tanto orgulho e tanto egoísmo! Por tal motivo é que
esse mundo necessita de golpes violentos e rudes.
Busca ver
naquelas regiões ensangüentadas o local em que estiveste.
Pensa nos que lá
deixaste, cheio de amargurosa saudade! Deus permite e eu te auxilio”.
Livro Cartas de
uma Morta - Psicografia Chico Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário