Passemos a
contemplar a antiqüíssima e sempre sonhadora Índia do nosso velho e querido
amigo Ghandi: o Bramanismo ou Hinduismo foi fundado por Vyasa, cuja filosofia
se acha vasada nos Vedas, nos Upanixadas e nos Puranas. Calcula-se que foi
introduzida na Índia Antiga ha uns 60.000 anos. Assim como a literatura sagrada
dos Caldeus desapareceu da vista da posteridade profana, como tudo que dizia respeito
a perdida Atlântida, também o Rig-Véda, o mais antigo exemplar da literatura
Atyaria, permanece mudo ante os orientalistas, que não o compreenderam em seu
espírito, porque não encontraram o código que o devia revelar. - Pois bem, brâmanes
e budistas ainda conservam este ensinamento hinduísta, que vem atravessando
gerações sobre gerações:
“A alma dorme na
pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem”
E' palpável a
lição evolutiva do espírito através de todas as etapas nos diferentes reinos. -
No Bragavad-Gita, o Evangelho da Índia, Krishna assim se exprime, numa eloqüente
e indisfarçável doutrinação reencarnacionista:
"Eu e vós
tivemos vários nascimentos. Os meus, são só conhecidos por mim; mas, vós não
conheceis os vossos. Conquanto eu não seja mais, por minha natureza, sujeito a
nascer e morrer, contudo, todas as vezes que a virtude declina no mundo e que o
vilão e a injustiça exorbitam, então eu me torno visível e, assim, me mostro de
era em era para a salvação do justo, o castigo do mau e o restabelecimento da virtude.
- Tudo o que nos sucede neste mundo é a conseqüência dos atos anteriores. Somos
o que pensamos, e os atos da presente existência amadurecem numa vida futura
".
E essa mesma
sabedoria antiga que nós acena com um contozinho gracioso, que põe em evidência
a verdade palingenesica: uma lagarta, sentindo aproximar-se-lhe o entorpecimento
que lhe anunciava o muito breve findar-se da sua existência rasteira,
amargurada, convocou as suas amigas e lamentou: - "Quanto é triste pensar
que a abandonar a vida, cheia de tantas promessas luminosas! Cortada, em pleno
verdor da existência pela mão da medonha ceifados, a morte, sou um exemplo vivo
da impiedade da Natureza. Eu me despedaço de vós para sempre. Amanhã não
existirei mais". - E acompanhada de lágrimas e soluços das que ficavam,
encerrou-se no seu leito mortuário e expirou. Uma das lagartas mais velhas ..
observou tristemente: "
- A nossa irmã nós
deixou, e assim todas nós, uma após outra, iremos caindo sob a força grande
destruidora, como a erva do campo se abaterá a passagem do alfange". - E,
após prolongadas lamurias, separaram-se com profunda mágoa. - Ora, todos nós
percebemos claramente a ironia desta históriazinha e rimo-nos da ignorância
dessa lagarta que, não só continuava a viver sob outro aspecto, como evoluía para
uma forma mais progredida. Todos os ocultistas (espíritas, teosofos; esoteristas,
rosacrucianos) reconhecem na metamorfose da lagarta em crisálida e desta em
borboleta, uma imagem muito oportuna da transformação que aguarda a todo o homem.
A vida, todavia, persiste, enquanto a natureza elabora suas transmutações.
*
Quem não se dá ao
trabalho de estudar uma causa, para depois emitir parecer sobre ela, não pode e
deve ser tão leviano a ponto de criticar desfavoravelmente a Reencarnação, sem
primeiro inteirar-se sensatamente de todos os argumentos com que ela, farta e elegantemente,
se defende. Ao terminarmos as pesquisas que giram derredor da multiplicidade
das existências, nas terras do Ganges e dos Hindus, chegamos a esta feliz conclusão:
cada ser humano e seu absoluto legislador; dispensador das suas glorias e
alegrias, como único forjador da própria obscuridade, fracasso e desdita. Cada
indivíduo é o responsável pelo próprio destino. E o único operário na
construção do edifício da sua vida.
Livro: Reencarnação
ou Pluralidade das Existências.
Campos Vergal.
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