Esmagadora
maioria dos estudantes do Espiritismo situam na mediunidade a pedra basilar de
todas as edificações doutrinárias, mas cometem o erro de considerar por médiuns
tão somente os trabalhadores da fé renovadora, com tarefas especiais,ou os doentes
psíquicos que, por vezes, servem admiravelmente à esfera das manifestações fenomênicas.
Antes de tudo, é
preciso compreender que tanto quanto o tato é o alicerce inicial de todos os
sentidos, a intuição é a base de todas as percepções espirituais e, por isso
mesmo, toda inteligência é médium das forças invisíveis que operam no setor de
atividade regular em que se coloca.
Dos círculos
mais baixos aos mais elevados da vida, existem entidades angélicas, humanas e
sub-humanas, agindo através da inteligência encarnada, estimulando o progresso
o divinizando experiências, brunindo caracteres ou sustentando abençoadas reparações,
protegendo a natureza e garantindo as leis que nos governam.
Desvendando
conhecimentos novos à Humanidade, o Espiritismo incorpora ao nosso patrimônio
mental valiosas informações sobre a vida imperecível, indicando a nossa posição
de espíritos imortais em temporário aprendizado, nas classes da raça, da nação
e do grupo consangüíneo a que transitoriamente pertencemos na Terra.
Cada
individualidade renasce em ligação com os centros de vida invisível do qual procede,
e continuará, de modo geral, a se instrumento do conjunto em que mantém suas concepções
e seus pensamentos habituais. Se deseja, porém, aproveitar a contribuição que a
escola sublime do mundo lhe oferece, em seus cursos diversos de preparação e aperfeiçoamento,
aplicando-se à execução do bem, nos menores ângulos do caminho, adquirindo mais
amplas provisões de amor e sabedoria, é aceita pelos grandes benfeitores do
mundo, nos quadros da evolução humana, por intérprete da assistência divina,
onde quer que se encontre, seja na construção do patrimônio de conforto
material ou na santificação da alma eterna.
É necessário,
contudo, reconhecer que, na esfera da mediunidade, cada servidor se reveste de
características próprias.
O conteúdo
sofrerá sempre a influenciação da forma e da condição do recipiente.
Essa é a lei do
intercâmbio.
Uma taça não
guardará a mesma quantidade de água, suscetível de ser sustentada numa caixa
com capacidade para centenas de litros.
O perfume
conservado no frasco de cristal puro não será o mesmo, quando transportando num
vaso guarnecido de logo.
O sábio não
poderá tomar uma criança para confidente, embora a criança, invariavelmente,
detenha consigo tesouros de pureza e simplicidade que o sábio desconhece.
Mediunidade,
pois, para o serviço da revelação divina reclama estudo constante e devotamento
ao bem para o indispensável enriquecimento de ciência e virtude.
A ignorância
poderá produzir indiscutíveis e belos fenômenos, mas só a noção de responsabilidade,
a consagração sistemática ao progresso de todos, a bondade e o conhecimento
conseguem materializar na Terra os monumentos definitivos da felicidade humana.
Livro: O
Roteiro.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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