O retorno a um
novo corpo, através da reencarnação, se dá para o crescimento do espírito. É um
processo educativo, e não punitivo. Encarado dessa forma, não há um número
definido de encarnações para um espírito.
Sobre a chamada
“lei” de causa e efeito atua a lei de misericórdia, que é uma das variantes da
lei de Amor. Os processos não se dão de forma linear, isto é, não se passa pelo
que se causou a outrem na mesma proporção e na mesma intensidade.
As
circunstâncias a que um espírito está sujeito numa encarnação expiatória são
sempre atenuadas pela Misericórdia Divina. A chamada “lei” de causa e efeito
não é como a pena de Talião. Não é “olho por olho dente por dente”.
Às vezes, no
período de intermissão, o espírito atravessa sofrimentos, resultantes de suas
atitudes quando no corpo físico. Ao reencarnar para aprender, os processos a
que estará sujeito não poderão ser idênticos aos que proporcionou aos outros,
em face do que aprendeu no período de intermissão, bem como em função da
necessidade de educar-se a partir de estratégias amorosas das leis de Deus.
Mesmo nas
encarnações imediatas, cujo tempo de intermissão é mínimo, os processos serão
atenuados pela lei de Misericórdia. Dessa forma, as leis de Deus nem sempre
utilizam o humano atuou no passado, para educá-lo no presente.
Embora alguns
processos reencarnatórios sejam planejados por espíritos mais evoluídos, eles
estão sujeitos à lei de Amor.
Não se devem
interpretar as doenças e outros sofrimentos senão como processos educativos.
Errou-se no passado porque não se sabia como agir corretamente. Retorna-se para
aprender até não mais se precisar reencarnar.
Nem sempre uma
simpatia a alguém se deve creditar a uma relação ocorrida em uma encarnação
anterior, pois as afinidades descobertas na atual existência também podem
gerá-las.
Porém, em muitos
casos, as idéias inatas, as simpatias e antipatias gratuitas, os gênios e
virtuoses, de alguma forma parecem denunciar uma experiência anterior.
O conhecimento
não se produz de forma mágica. O inato, quando não é creditado à herança
genética, é o termo usado para a falta de explicação lógica. A reencarnação
explica tais conhecimentos “inatos”. Como bem disse
Aristóteles, “nada vai ao intelecto
senão pelos sentidos”.
Por minha conta,
incluo nesses “sentidos” as vias intuitivas, paranormais e mediúnicas. Tudo,
dessa forma, é aprendido pelo espírito. Nada lhe é “dado” de graça. A “Graça”
ou o “Dom” que se diz ter recebido de Deus, nada mais é do que o resultado das
experiências passadas, do aprendizado já feito.
Se, no passado,
alguém tinha uma aptidão qualquer, certamente ela hoje se manifestará de alguma
maneira. Se hoje não se tem habilidade nenhuma, não se tem jeito para nada, é porque
não se tinha no passado.
Querendo ter
alguma aptidão especial, hoje e no futuro, deve-se começar, desde já, um
processo de aprendizagem por conta própria, sem se esperar necessariamente por
uma “graça” de Deus.
Em muitos casos,
os reencarnantes retornam com a reeencarnação: processo educativo produziram
tais marcas foram de tal forma intensas que se reproduziram no corpo físico.
Tal reprodução denuncia a existência de uma matriz comum onde ficam “guardadas”
as impressões do espírito. Essa matriz é o perispírito ou corpo espiritual.
Da mesma forma
que essas marcas, surgem fobias, traumas e outros complexos, que se revelam
logo na primeira infância, constituindo-se em preocupação para os pais.
A solução de
tais conflitos só se dará no contato do espírito novamente com o núcleo
traumático gerador.
As
circunstancias da nova encarnação o colocarão frente a frente com a causa
geradora do conflito. Pode-se dizer, então, que não há doenças, mas, antes,
doentes.
O conceito de
reencarnação transcende o aspecto da mera crença que está presente nas mais antigas
culturas, tornando-se a base para a compreensão da razão de viver do ser
humano.
Antes de ser um
processo idealizado para explicar a realidade, é a própria realidade a explicar
os processos da vida.
A reencarnação
não foi concebida como uma teoria para explicar a realidade.
É antes, um fato
que explica e suscita muitas teorias. As relações humanas estão carregadas das
emoções do passado. Impulsos, estímulos, reações emotivas, atitudes diversas,
não são apenas fruto da nossa vontade, da herança genética e do meio ambiente, mas
principalmente das experiências pregressas gravadas em nosso psiquismo
perispiritual.
Sua força é tão
intensa que, muitas vezes, tais emoções governam a vontade, intervindo no
processo de escolha de forma decisiva. Os arquétipos junguianos não são mais do
que o resultante do acúmulo das experiências pregressas que se internalizam no
ser humano, formando um padrão típico de tendência a atitudes.
O que ele chamava
de inconsciente coletivo, nada mais é do que o conjunto das experiências
pregressas, individuais e coletivas, inclusive aquelas adquiridas nos reinos
inferiores, acumuladas pelo espírito através do, e no, perispírito.
A personalidade
integral que sobrevive à morte, já possui experiências diversas em matéria de
profissões, de línguas aprendidas, de tipos de sexo, de classe social, de
condição econômica, etc. A repetição dessas experiências a cada nova
encarnação, nos faz perceber que o processo de aprendizagem se dá também por repetição
e revisão das lições.
A experiência
repetida significa a mesma lição ainda não aprendida. O fato, por exemplo, de já
ter experienciado viver nos dois tipos de sexo, concede ao ser humano
habilidades para habitar nesse ou naquele corpo, sem
que isso lhe cause qualquer problema
quanto a sua relação com o sexo do corpo escolhido. Uma nova encarnação
representa a construção de uma nova personalidade no novo meio que se vai
renascer.
Os traumas e
conflitos, dessa forma, aparecem tendo como uma das causas, talvez a principal,
essa realidade interna, anterior, que contracena com a realidade externa. A
solidão e as repetidas e constantes desilusões afetivas, podem ser encaradas como
resultantes de processos educativos oriundos de experiências mal sucedidas no
passado.
Livro:
Reencarnação Processo Educativo.
Adenáuer Novaes.
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