Grande injustiça
comete quem afirma encontrar no Evangelho a religião da tristeza e da amargura.
Indubitavelmente,
o sacerdócio muita vez impregnou o horizonte cristão de nuvens sombrias, com
certas etiquetas do culto exterior, mas o Cristianismo, em sua essência, é a
revelação da profunda alegria do Céu entre as sombras da Terra.
A vinda do
Mestre é precedida pela visitação do anjos.
Maria, jubilosa,
conversa com um mensageiro divino que a esclarece sobre a chegada do Embaixador
Celestial.
Nasce Jesus na
manjedoura humilde, que se deslumbra ao clarão de inesperada estrela.
Tratadores
rústicos são chamados por um emissário espiritual, repentinamente materializado
à frente deles, declarando-se portador das “notícias de grande alegria” para todos
o povo. No mesmo instante, vozes cristalinas entoam cânticos na Altura, glorificando
o Criador e exaltando a paz e a boa-vontade entre os homens. Começam a reinar o
contentamento e a esperança...
Mais tarde, o
Mestre inicia o seu apostolado numa festa nupcial, assinalando os júbilos da família.
Como que
percebendo limitação e estreiteza em qualquer templo de pedra para a sua palavra
no mundo, o Senhor principia as suas pregações à beira do lago, em pleno santuário
da natureza. Flores e pássaros, luz e perfume representam a moldura de sua doutrinação.
Multidões
ouvem-lhe a voz balsamizante.
Doentes e
aleijados tocam-se de infinitas consolações.
Pobres e aflitos
entrevêem novos horizontes no futuro.
Mulheres e
crianças acompanham-no, alegremente.
O Sermão da
Montanha é o hino das bem-aventuranças, suprimindo a aflição e o desespero.
Por onde passa o
Divino Amigo, estabelece-se o contentamento contagiante.
Em pleno campo,
multiplica-se o pão destinado aos famintos.
O tratamento
dispensado pelo Mestre aos sofredores, considerados inúteis ou desprezíveis,
cria novos padrões de confiança no mundo.
Desdobra-se o
apostolado da Boa Nova, no clima da alegria perfeita.
Cada criatura
que registra as notas consoladoras do Evangelho começa a contemplar o mundo e a
vida, através de prisma diferente.
Surge-lhe a
Terra por bendita escola de preparação espiritual, com serviço santificante para
todos.
Cada enfermo que
se refaz para a saúde é veículo de bom ânimo para a comunidade inteira.
Cada sofredor
que se reconforta constitui edificação moral para a turba imensa.
Madalena, que se
engrandece no amor, é a beleza que renasce eterna, e Lázaro, que se ergue do
sepulcro, é a vida triunfante que ressurge imortal.
E, ainda, do suor
sangrento das lágrimas da cruz, o Senhor faz que flua o manancial da vida
vitoriosa pra o mundo inteiro, com o sol da ressurreição a irradiar-se para a Humanidade,
sustentando-lhe o crescimento espiritual na direção dos séculos sem-fim.
Livro: Roteiro.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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