domingo, 16 de agosto de 2020

A Inveja / LA ENVIDIA.

DISSERTAÇÃO MORAL DITADA PELO ESPÍRITO DE SÃO LUÍS AO SR. D...

São Luís nos havia prometido uma dissertação sobre a inveja, para uma das sessões da Sociedade. O Sr. D..., que começava a desenvolver a mediunidade e que ainda duvidava um pouco, não da doutrina, da qual é um dos mais fervorosos adeptos, compreendendo-a na sua essência, isto é, do ponto de vista moral, mas da faculdade que se lhe revelava, evocou São Luís em particular e lhe dirigiu a seguinte pergunta:

─ Poderíeis dissipar minhas dúvidas, minha inquietação, relativamente à minha faculdade mediúnica, escrevendo por meu intermédio a dissertação que prometestes à Sociedade para terça-feira 1º de junho?

─ Sim. Fá-lo-ei de bom grado, para te tranquilizar.

Então foi ditado o trecho adiante. Salientamos que o Sr. D... se dirigia a São Luís com o coração puro e sincero, sem segundas intenções, condição indispensável a toda boa comunicação. Não era uma prova que fazia. Apenas duvidava de si mesmo e Deus permitiu que fosse atendido, para lhe dar meios de tornar-se útil. Hoje, o Sr. D... é um dos médiuns mais completos, não só pela grande facilidade de atuação, como por sua aptidão em servir de intérprete a todos os Espíritos, mesmo os das mais elevadas categorias, os quais por seu intermédio se exprimem facilmente e de boa vontade.

São essas, sobretudo, as qualidades que devemos procurar nos médiuns e que podem sempre ser adquiridas com paciência, vontade e exercício. O Sr. D... não necessitou de muita paciência; dispunha da vontade e do fervor, aliados à aptidão natural. Poucos dias bastaram para levar sua faculdade ao mais alto grau. Eis o ditado que recebeu sobre a inveja:

“Vede este homem. Seu Espírito está inquieto, sua infelicidade terrena chega ao auge: inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seus semelhantes; seu coração está devastado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita. Ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que alimenta e que lhe sugere incessantemente os mais fatais pensamentos: “Terei essa volúpia, essa felicidade? Tenho tanto direito a isto quanto aqueles; sou um homem como eles, por que seria eu deserdado?”

Ele se debate na sua impotência, vítima do horrível suplício da inveja, feliz ainda se essas ideias funestas não o levam às bordas de um abismo. Entrando nessa via, a si mesmo pergunta se não deve obter pela violência aquilo que julga ser-lhe devido; se não irá expor aos olhos de todos o terrível mal que o devora. Se esse infeliz tivesse olhado somente para baixo de sua posição, teria visto a quantidade daqueles que sofrem sem um lamento e ainda bendizem o Criador, porque a desgraça é um benefício de que Deus se serve para fazer a pobre criatura avançar até o seu trono eterno.

Fazei das obras de caridade e de submissão, as únicas que vos podem dar entrada no seio de Deus, a vossa felicidade e o vosso verdadeiro tesouro na Terra. Essas obras no bem farão a vossa alegria e a vossa felicidade eternas. A inveja é uma das mais feias e tristes misérias do vosso globo. A caridade e a constante emissão da fé extirparão todos esses males, que desaparecerão, um a um, à medida que se multiplicarem os homens de boa vontade que virão depois de vós. Amém.”

Resvita Espírita – Allan Kardec. Jornal de estudos psicológicos - 1858 - Julho.

Disertación moral dictada por el Espíritu san Luis al Sr. D...

Para una de las sesiones de la Sociedad, san Luis nos había prometido una disertación sobre la envidia. El Sr. D..., que comenzaba a desarrollar la mediumnidad y que aún dudaba un poco, no de la Doctrina de la cual es uno de los más fervorosos adeptos – comprendiéndola en su esencia, es decir, desde el punto de vista moral–, sino de la facultad que se revelaba en él, evocó a san Luis en su nombre particular y le dirigió la siguiente pregunta:

–¿Quisierais disipar mis dudas, mis inquietudes, sobre mi fuerza medianímica, al escribir por mi intermedio la disertación que habéis prometido a la Sociedad para el martes 1º de junio?

–Resp. Sí; para tranquilizarte, lo consiento.

Ha sido entonces que el siguiente trozo le fue dictado. Haremos notar que el Sr. D... se dirigía a san Luis con un corazón puro y sincero, sin segundas intenciones, condición indispensable para toda buena comunicación. No era una prueba que hacía: él no dudaba sino de sí mismo, y Dios ha permitido que fuese atendido para darle los medios de volverse útil. El Sr. D... es hoy uno de los médiums más completos, no solamente por una gran facilidad de ejecución, sino por su aptitud en servir de intérprete a todos los Espíritus, incluso a aquellos del orden más elevado que se expresan fácilmente y de buen grado por su intermedio. Éstas son, sobre todo, las cualidades que se deben buscar en un médium, y que el mismo siempre puede adquirir con la paciencia, la voluntad y el ejercicio. El Sr. D... no ha tenido necesidad de mucha paciencia; tenía en sí la voluntad y el fervor unidos a una aptitud natural. Algunos días han sido suficientes para llevar su facultad al más alto grado. He aquí el dictado que le ha sido dado sobre la envidia:

«Ved a este hombre: su Espíritu está inquieto, su desdicha terrestre ha llegado al colmo; envidia el oro, el lujo, la felicidad aparente o ficticia de sus semejantes; su corazón está devastado, su alma sordamente consumida por esta lucha incesante del orgullo, de la vanidad no satisfecha; lleva consigo, en todos los instantes de su miserable existencia, una serpiente que lo aviva, que sin cesar le sugiere los más fatales pensamientos: «¿Tendré esta voluptuosidad, esta felicidad? Por tanto, esto me es debido al igual que aquéllos; soy un hombre como ellos; ¿por qué sería yo desheredado?» Y se debate en su impotencia, presa del horrible suplicio de la envidia. Feliz aún si estas ideas funestas no lo llevan al borde de un abismo. Al entrar en este camino, se pregunta si no debe obtener por la violencia lo que cree que se le es debido; si no irá a mostrar a los ojos de todos el horroroso mal que lo devora. Si ese desdichado hubiera sólo observado por debajo de su posición, habría visto el número de los que sufren sin quejarse y que incluso bendicen al Creador; porque la desdicha es un beneficio del cual Dios se sirve para hacer avanzar a la pobre criatura hacia su trono eterno.

Haced vuestra felicidad y vuestro verdadero tesoro en la Tierra de las obras de caridad y de sumisión: las únicas que os permite ser admitidos en el seno de Dios. Estas obras del bien harán vuestra alegría y vuestra dicha eternas; la envidia es una de las más feas y de las más tristes miserias de vuestro globo; la caridad y la constante emisión de la fe harán desaparecer todos esos males, que se irán uno a uno a medida que los hombres de buena voluntad –que vendrán después de vosotros– se multipliquen. Así sea.»

REVISTA ESPÍRITA – Allan Kardec. PERIÓDICO DE ESTUDIOS PSICOLÓGICOS - 1858

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