Nesse ínterim,
elevei fervorosamente a minha prece a Deus, ouvindo, em resposta, a voz de um ser
que me elucidava: - “Maria, minha filha, estás ingressando na existência real.
Esquece tudo quanto se relaciona com os teus dias na Terra e busca atenuar a
saudade que te calcina, porque as portas do teu lar terreno fecharam-se com os
teus olhos.
Por enquanto não
me podes ver, porém, fui aquele que te orientou em meio dos labirintos do planeta
que abandonaste. Eu era a voz que falava à tua consciência nos instantes
difíceis e fui o Cirineu que te amparou nos amargos transes da morte!
Acompanhei os teus passos quando te afastaste das trevas do sepulcro, e a minha
mão estava unida à tua quando erravas na obscuridade da incompreensão.
Desde o momento
bendito que entendeste em verdade a tua situação, tenho espargido claridades sobre
a tua razão e sobre a tua fé. Fazes bem em te voltares para Deus nas tuas
dolorosas conjeturas.
Os pensamentos
da criatura, concentrados nele, em seu poder misericordioso, organizam as
faculdades espirituais, convergindo as suas possibilidades para maior potência
do raciocínio e do sentimento, atributos sublimes da existência das almas. O
teu corpo, cuja organização te infunde a mais profunda estranheza, é o
envoltório de matéria quinta-essenciada, que constitui o invólucro sutilíssimo
do espírito.
Impressiona-te o
fato de haverdes abandonado a forma corporal, conservando outra idêntica; é que
não foste bem esclarecida sobre o problema do organismo espiritual, que,
tomando as células vivas no imenso laboratório das forças universais, compila o
conjunto de elementos preciosos à tua tangibilidade no orbe terráqueo. O teu
corpo material constituía somente uma veste que se estragou na voragem do
tempo. Considera essa verdade para que te escutes no necessário desapego das
coisas mundanas”.
Livro Cartas de
uma Morta - Psicografia Chico Xavier.
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