A glorificação
do trabalho é serviço evangélico.
Antecedendo a
influência do Mestre, a Terra era vasto latifúndio povoado de senhores e escravos.
O serviço era
considerado desonra.
Dominadas pelo
princípio da força, as nações guardavam imensa semelhança com as tabas da
comunidade primigênia.
O destaque
social resultava da caça.
Erguiam-se os
tronos, quase sempre, sobre escuros alicerces de rapinagem.
Os favores da
vida pertenciam aos mais argutos e aos mais poderosos.
Qualquer
infelicidade econômica redundava em compulsório cativeiro.
Trabalho era
sinônimo de aviltação.
Os espíritos
mais nobres, na maioria das vezes, demoravam-se na subalternidade absoluta,
suando e gemendo para sustentar o carro purpúreo dos opressores.
Em toda as
cidades, pululavam escravos de todos os matizes e somente a eles era o dever de
servir, como austera punição.
Roma imperial
jazia repleta de cativos tomados ao Egito e à Grécia, á Gália e ao Ponto.
Só na revolução
de Espártaco, no ano de 71, antes da era cristã, foram condenados à morte
trinta mil escravos na Via Ápia, cuja única falta era aspirar ao trabalho digno
em liberdade edificante.
Com Jesus, no
entanto, nova época surge para o mundo.
O ministério do
Senhor é, sobretudo, de ação e movimento.
Levanta-se o
Mestre com o dia e devota-se ao bem dos semelhantes pela noite a dentro.
Médico - não
descansa no auxílio efetivo aos doentes.
Professor - não
se fatiga, repetindo as lições.
Juiz - exemplifica
a imparcialidade e a tolerância.
Benfeitor - espalha,
sem cessar, as bênçãos do amor infinito.
Sábio - coloca a
ciência do bem ao alcance de todos.
Advogado - defende
os interesses dos fracos e dos humildes.
Trabalhador
divino - serve a todos, sem reclamação e sem recompensa.
O exemplo do
Cristo é sublime e contagiante.
Cada companheiro
de apostolado ausenta-se, mais tarde, do comodismo para ajudar e ensinar em seu
nome, raspando horizontes mais vastos à compreensão da vida, em regiões
distantes do berço que os vira nascer.
Mais tarde, em
Roma, o desejo de auxílio mútuo entre os cristãos atinge inconcebíveis realizações
no capítulo do trabalho.
Pessoas
convertidas ao Evangelho se consagram, inteiramente, ao serviço como o objetivo
de amparar os companheiros necessitados.
Espalham-se
aprendizes da Boa Nova nas atividades da indústria e da agricultura, das artes
e das ciências, da instrução e do comércio, da enfermagem e da limpeza pública,
disputando recursos para o auxílio aos associados de ideal, na servidão ou na
indigência, no sofrimento e nas prisões. Há quem jejue por dois e três dias
seguidos, a fim de economizar dinheiro para os serviços de assistência ao
próximo, sob a direção do pastor.
O trabalho
passa, então, a ser interpretado por benção divina.
Paulo de Tarso,
transferindo-se da dignidade do Sinédrio para o duro labor do tear, confeccionando
tapetes para não ser pesado a ninguém e garantindo, por esse modo, a sua
liberdade de palavra e de ação, é o símbolo do cristão que educa e realiza, demonstrando
que à claridade do ensino deve aliar-se a glória do exemplo.
E, até hoje,
honrando no trabalho digno a sua norma fundamental de ação, o Cristianismo é a
força libertadora da Humanidade, nos quadrantes do mundo inteiro.
Livro: Roteiro.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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