Não podemos
negar que a crença nos deuses era um caminho para que o povo pudesse encontrar
um só Deus, verdadeiro e justo. Como acreditar na unidade de Deus sem os meios lícitos
e lógicos? Quem iria facultar esse entendimento seria o próprio Criador, cujos
emissários se manifestaram por intermédio de Moisés, como se fossem a voz de
Deus.
Quanto mais a
criatura cresce em Espírito, mais vai sabendo de onde veio e para onde vai; no entanto,
ainda há muitos segredos que ainda não foram revelados, por não ter chegado a
hora.
Devemos esperar
trabalhando e sentindo a Vida Maior na nossa vida. As religiões se sucedem, cada
uma trazendo meios para convencer a humanidade sobre a paternidade do Deus
único e soberano.
Para se conhecer
Deus com maior interesse, com mais minuciosidade, o caminho é começarmos a
estudar nós mesmos. Qual dos homens conhece o mecanismo do corpo físicona sua
integral postura como foi criado pela Divindade? E os outros corpos que o
Espírito usa na sua jornada evolutiva? E o Espírito? Se ainda não passamos por
esses caminhos de conhecimento, como pretendemos conhecer a Deus? Se queremos
saber, na profundidade, quem é Deus, receberemos a mesma resposta de sempre:
é Espírito,
Deus é amor,
Deus é luz.
está em tudo e tudo se move por Seu
intermédio.
Deus é o Sol da
vida.
Tudo está certo,
na pauta da vida. Foi pela crença nos deuses que o homem passou a crer no invisível;
foi quando esses deuses ficaram visíveis para os homens que eles descobriram
que ninguém morre, e muitas coisas existem que a humanidade, depois do preparo,
vai descobrir.
Somente sabe
tudo, quem tudo fez. Somente Deus conhece a Si mesmo, na sua totalidade. A Doutrina
dos Espíritos surgiu no mundo para dar a conhecer, nas claridades da sua sinceridade,
certas leis que as outras religiões não conhecem ou não puderam revelar. Os caminhos
estão abertos para tais conhecimentos, onde o impulso de perguntar encontre
mais respostas, e satisfaça a curiosidade, aprendendo mais alguma letra depois
do alfabeto da vida.
Há muitos que
julgam a Deus, achando que Ele deveria ser desta ou aquela forma, sem, contudo,
atinar na profundidade das mesmas leis criadas por Ele, leis de amor e
misericórdia.
Tudo está certo;
o que está errado é o julgamento apressado das coisas que se desconhecem.
Procuremos
meditar na vida, que o mundo espiritual não nos deixará sem apoio. Ele abre as portas
do entendimento e sacia a fome dos que oram com sinceridade, buscando o
alimento espiritual.
O povo, em geral, gosta das coisas fáceis, onde não existe esforço próprio; isso é um mal dos Espíritos rodeados de paixões inferiores. As próprias interpretações do Evangelho sofrem influência dos homens desse tipo. Vejamos o que Marcos anotou no capítulo treze, versículo vinte e seis:
Então verão o
filho do homem vir nas nuvens, com grande poder e glória.
Quantas
religiões ainda estão esperando Jesus voltar sobre as nuvens, com a Sua
comitiva celestial, para levar os que O aceitaram, do modo que o fanatismo
interpreta essa aceitação?
Para elas, não
existe esforço; basta crer. É a fé sem obras, e esses enganam a si mesmos. A volta
do Cristo referida pelo Evangelho se dará nos céus da consciência, e nas nuvens
das boas obras. O Mestre não voltará de uma só vez para toda a humanidade; a
Sua volta, desta vez, é em particular, no silêncio de cada alma.
Filosofia
Espírita – Volume XIV
João Nunes Maia
– Miramez.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
668. Tendo-se
produzido em todos os tempos e sendo conhecidos desde as primeiras idades do
mundo, não haverão os fenômenos espíritas contribuído para a difusão da crença
na pluralidade dos deuses?
“Sem dúvida,
porquanto, chamando deus a tudo o que era sobre-humano, os homens tinham por
deuses os Espíritos. Daí veio que, quando um homem, pelas suas ações, pelo seu
gênio, ou por um poder oculto que o vulgo não lograva compreender, se
distinguia dos demais, faziam dele um deus e, por sua morte, lhe rendiam
culto.” (603)
A.K.: A palavra
deus tinha, entre os antigos, acepção muito ampla. Não indicava, como
presentemente, uma personificação do Senhor da Natureza. Era uma qualificação
genérica, que se dava a todo ser existente fora das condições da Humanidade.
Ora, tendo-lhes as manifestações espíritas revelado a existência de seres
incorpóreos a atuarem como potência da Natureza, a esses seres deram eles o
nome de deuses, como lhes damos atualmente o de Espíritos. Pura questão de
palavras, com a única diferença de que, na ignorância em que se achavam,
mantida intencionalmente pelos que nisso tinham interesse, eles erigiram
templos e altares muito lucrativos a tais deuses, ao passo que hoje os
consideramos simples criaturas como nós, mais ou menos perfeitas e despidas de
seus invólucros terrestres. Se estudarmos atentamente os diversos atributos das
divindades pagãs, reconheceremos, sem esforço, todos os de que vemos dotados os
Espíritos nos diferentes graus da escala espírita, o estado físico em que se
encontram nos mundos superiores, todas as propriedades do perispírito e os
papéis que desempenham nas coisas da Terra. Vindo iluminar o mundo com a sua
divina luz, o Cristianismo não se propôs destruir uma coisa que está na
Natureza. Orientou, porém, a adoração para Aquele a quem é devida. Quanto aos
Espíritos, a lembrança deles se há perpetuado, conforme os povos, sob diversos
nomes, e suas manifestações, que nunca deixaram de produzir-se, foram
interpretadas de maneiras diferentes e muitas vezes exploradas sob o prestígio
do mistério. Enquanto para a religião essas manifestações eram fenômenos
miraculosos, para os incrédulos sempre foram embustes. Hoje, mercê de um estudo
mais sério, feito à luz meridiana, o Espiritismo, escoimado das idéias
supersticiosas que o ensombraram durante séculos, nos revela um dos maiores e
mais sublimes princípios da Natureza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário