Especialistas em tartarugas marinhas de mais de vinte países diferentes se juntaram com um objetivo nobre: mapear quais as espécies mais ameaçadas, e em quais lugares elas enfrentam as maiores dificuldades. O resultado foi um extenso relatório, produzido pelo Grupo de Especialistas em Tartarugas Marinhas (MTSG, na siga em inglês) da União Internacional para a Preservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e patrocinado pela Conservação Internacional (CI) e a Fundação Nacional da Vida Marinha e da Vida Selvagem (NFWF, na sigla em inglês). Entre os resultados do estudo, publicado esta semana na revista científica PLoS One, estão as 11 populações mais ameaçadas de tartarugas marinhas, assim como as 12 mais saudáveis.
Quatro das sete espécies de tartarugas marinhas têm populações que estão entre as 11 mais ameaçadas do mundo. Quase metade dessas populações são encontradas no norte do Oceano Índico, especificamente em praias de desova e em águas que fazem parte de países como Índia, Sri Lanka e Bangladesh. Outras áreas identificadas como os locais mais perigosos para as tartarugas marinhas foram o leste do Oceano Pacífico (dos EUA até a América do Sul) e o leste do Oceano Atlântico (na costa oeste da África).
Duas das cinco espécies que temos no Brasil estão sob ameaça: a tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga de couro (Dermochelys coriacea). Em abril deste ano, o Projeto Tamar publicou um estudo sobre a vulnerabilidade dessas espécies, que são ameaçadas sobretudo pelos avanços da pesca.
Mas nem todas as notícias divulgadas no relatório são ruins. O estudo também destacou as doze populações de tartarugas marinhas mais saudáveis do planeta, que geralmente são populações grandes com tendência a aumentar e risco de ameaça relativamente pequeno. No Brasil, temos a tartaruga verde, uma das doze populações mais saudáveis do mundo. Isso ocorre principalmente porque elas são protegidas por Unidades de Conservação Federais (Reserva Biológica do Atol das Rocas e Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha) e uma Municipal (Trindade/ ES, que também é área militar da Marinha do Brasil).
“O relatório é um guia para a definição dos lugares para os quais os recursos devem ser direcionados a fim de melhorar a situação dessas populações ameaçadas”, afirma Claude Gascon, diretor científico e vice-presidente executivo da NFWF. As principais ameaças para todas as populações em risco são a captura em áreas de pesca, a captura acidental de tartarugas marinhas por pescadores que procuram outras espécies e a coleta de tartarugas ou seus ovos para serem usados como alimento ou para comercializar o material do casco.
(Margarida Telles)
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