domingo, 9 de outubro de 2011

Razões da Vida



Indagas, muita vez, alma querida e boa:
 - "Meu Deus, por que essa dor que me atormenta o ser?"
 E segues, trilha afora, em pranto oculto,
 De sonho encarcerado, a lutar e a sofrer.
 Anelas outro clima, outro lar e outros rumos,
 Entretanto, o dever te algema o coração dorido
 Ao campo de trabalho que abraçaste,
 Atendendo, na Terra, a divino sentido.
 Antes de renascer, os seres responsáveis
 Notam as próprias dívidas quais são
 E suplicam a Deus lhes conceda no mundo
 Caminho que os leve à redenção.
 Não recalcitres, pois, contra os próprios encargos
 Que te parecerem fardos de problemas,
 Encontras-te no encalço da conquista
 De bênçãos imortais e alegrias supremas.
 A lágrima que vertes padecendo
 Longas tribulações entre lutas e crises
 É um remédio da vida em nossos olhos,
 Que nos faculte ver os irmãos infelizes.
 O abandono dos seres que mais amas
 Criando-te a aflição em que choras e anseias.
 É um curso de lições em que aprendemos
 Quanto custam na estrada as angústias alheias.
 Familiares que te contrariam
 Trazem-nos a lembrança os gestos rudes
 Com que outrora ferimos entes caros
 No fel de nossas próprias atitudes.
 Afeição de outras eras que descubras
 Querendo-lhe debalde a presença e a união,
 É instrumento de amor que te inspira a renúncia
 Para o trabalho da sublimação.
 A experiência humana é breve aprendizado
 E essa tribulação que te fere e domina
 É recurso dos Céus, em nosso amparo,
 Zelo, defesa e luz da Bondade Divina.
 Sofre sem reclamar a prova que te coube,
 Mesmo que a dor te espanque atingindo apogeus...
 E, um dia, exclamarás, ante os sóis de outra vida:
 - "Bendita seja a Terra!... Obrigado meu Deus!..."


Maria Dolores & Francisco Cândido Xavier

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