A
progressiva debilidade do paciente, levando‐o à inconsciência, representa uma espécie de
anestesia geral para o Espírito que, com raras exceções, dorme para morrer, não tomando conhecimento da
grande transição.
Indivíduos equilibrados, com ampla
bagagem de realizações no campo
do Bem, superam a "anestesia da morte", e podem
perfeitamente acompanhar o trabalho dos técnicos espirituais. Isso poderá
ocasionar‐lhes algum constrangimento,
como um
paciente que presenciasse delicada intervenção
cirúrgica em si mesmo, mas lhes favorecerá a
integração na vida
espiritual.
Consumado o desligamento situar‐se‐ão plenamente
conscientes, o que não ocorre com o
homem comum que, dormindo para
morrer, sente-se aturdido ao despertar, empolgado por impressões da vida material, particularmente aquelas
relacionadas com conseguem
libertar‐se das experiências
da vida material, situam‐se como peixes fora d'água
ou mais exatamente como estranhos doentes mentais, vivendo num mundo de
fantasia, na intimidade de si mesmos.
A dissipação
desse turvamento mental pede concurso do Tempo. O amparo dos benfeitores
espirituais e as preces de familiares
e amigos podem
apressar o esclarecimento, mas, fundamentalmente, este estará
subordinado ao seu grau de comprometimento com as
fantasias humanas e à
capacidade de assimilar as novas realidades.
O despreparo
para a Morte caracteriza multidões que regressam todos
os dias, sem a mínima
noção do que as espera,
após decênios de indiferença pelos
valores mais nobres. São pessoas que jamais meditaram
sobre o significado da jornada terrestre, de onde vieram, porque estão no
Mundo, qual o seu destino. Sem a bússola da fé e a bagagem das boas ações, situam‐se perplexas e confusas.
Nesse aspecto, forçoso reconhecer no Espiritismo um abençoado
curso de iniciação às realidades além‐túmulo.
O espírita, em face das informações
amplas e precisas
que recebe, certamente aportará
com maior segurança
no continente invisível, sem grandes problemas para identificar a nova
situação, embora tais
benefícios não lhe confiram o direito de
ingresso em comunidades venturosas. Isso dependerá do que fez e não
do que sabe.
O "balanço
da morte" definirá se temos condições para "pagar" o ingresso em regiões
alcandoradas com a moeda da virtude e o
espírita certamente será convocado a desembolsar o
"ágio do conhecimento",
partindo‐se do princípio lógico: mais se pedirá a quem mais houver
recebido.
Livro: QUEM TEM
MEDO DA MORTE?
Richard
Simonetti
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