No processo
evolutivo do Espírito, quando este toma consciência da sua imortalidade, das
suas potencialidades e possibilidades, sente em si a vontade de modificar-se, de
transformar-se.
Encarnado na
Terra, encontra as melhores oportunidades de trabalhar para realizar-se nesse
ideal.
O dever (o
substantivo, não o verbo) constitui-se então, um aliado importantíssimo.
Segundo o
dicionário, dever é “o conjunto das obrigações de alguém em absoluto ou em
determinada situação. Dever de: obrigação ou preceito de . Deveres para com alguém:
os serviços ou as provas de respeito e afeição que há obrigação de lhe prestar
ou dar.”
Na vida moderna,
esta palavra, parece-nos pouco usada, talvez por significar obrigação de ou
para com, que fere nosso orgulho, nossa vaidade, nossa ânsia de liberdade
Todavia, em todo lugar onde haja pessoas relacionando-se, partilhando de algo
em comum ou, simplesmente próximas, existem deveres de uns para com os outros.
É a
conscientização desse dever de e para com que consideramos fundamental para quem
está iniciando – e a maioria de nós está – sua transformação íntima.
Enquanto não
conquistarmos o ideal de amar ao próximo como a nós mesmos, o que nos levará a
querer e fazer a ele tudo e somente o que queremos para nós, o cumprimento dos
deveres é um importante passo para nosso crescimento espiritual.
Na atualidade,
em conseqüência do reconhecimento e aceitação da lei divina de que somos todos
iguais nos direitos e que ninguém pode dominar ou subjugar o outro (homem,
grupo ou nação), talvez seja necessário dar ênfase mais acentuada aos direitos de
cada um. Devemos sim, insistir no trabalho de respeito a eles em qualquer
lugar, em qualquer situação, seja esse um quem for.
Todavia,
parece-nos que, em virtude da dificuldade e da má vontade dos homens na
vivência desse respeito e, consequentemente, da necessidade da defesa desses direitos,
talvez estejamos nos esquecendo que os direitos estão relacionados com os
deveres. E muitas vezes, os que mais gritam pelos seus direitos, não cumprem seus
deveres ou se esquecem de que estes também existem.
A nosso ver, o
dever de e o dever para com são também conquistas do homem civilizado.
É o
reconhecimento de que somos todos iguais perante a lei, assim como o somos
perante
Deus. Estamos
todos envolvidos em um mesmo processo de evolução individual e coletiva.
Há várias formas
de dever, tão bem descritos por Léon Denis no livro “Depois da Morte”: o dever
para com Deus, na busca do conhecimento de suas leis e no esforço de sua
prática; dever para consigo mesmo, que consiste no respeito a si próprio em
governar-se com sabedoria e em querer sempre o que for útil, bom e belo; o
dever profissional, que exige o cumprimento consciencioso das obrigações, das
funções exercidas; os deveres familiares, que quanto melhor compreendidos e
cumpridos, concorrem para que a família seja de fato, um núcleo facilitador do
desenvolvimento do amor entre seus membros, irradiando-se para a comunidade.
Há tantos
deveres… Nem sempre percebidos, analisados, compreendidos e cumpridos.
Porém, quanto
mais evolui o homem em inteligência e moralidade, mais vai valorizando os
deveres e mais ele os realiza com prazer e desprendimento.
Enquanto existir
em nós orgulho e egoísmo que nos impedem de amar verdadeiramente, os deveres
aceitos e cumpridos auxiliam-nos ( e quanto!) no desenvolvimento do amor em
nós.
Não me recordo
se foi Emmanuel ou André Luís que escreveu em uma de suas mensagens, que o
dever nos faz parecer melhores do que somos.
Cumprindo nossos
deveres, mesmo os que consideramos menos agradáveis ou mais difíceis,
aproximamo-nos mais das pessoas, o que nos leva a conhecê-las melhor e, conhecendo-as
com suas qualidades e defeitos, percebemo-las iguais a nós, almejando também
paz e felicidade.
Quantas vezes
questionamo-nos através de ações positivas ou negativas de outras pessoas,
constatando em nós defeitos ou qualidades até então não percebidas! E nesse exercício,
vamos nos conhecendo melhor e com mais facilidade desenvolvendo as
qualificações intelectuais e morais que nos tornarão um dia, Espíritos sábios e
bons.
No esforço do
cumprimento dos deveres diversos, vamos desenvolvendo a disciplina, sem a qual
nenhuma conquista se faz, visto que ela se relaciona, intimamente, com a
vontade. Ter disciplina, ser disciplinado implica no uso da vontade de querer
conseguir algo.
Esforcemo-nos
pois, em cumprir bem todos os nossos deveres, com discernimento e disciplina
afim de que, num dado momento, nos percebamos realizando-os com alegria e
prazer. Mais tarde – a auto-educação é lenta -, em novo estágio, eles deixarão de
ser deveres para serem ações espontâneas do amor em nós.
Parodiando André
Luís em Sinal Verde, terminamos estas considerações: Quando o homem cumpre seus
deveres com alegria, eles se transformam na alegria do homem.
Enviado em
31/08/2015 | Escrito por Leda de Almeida Rezende Ebner.
(Jornal Verdade
e Luz Nº 189 de Outubro de 2001)
Nenhum comentário:
Postar um comentário