A experiência
demonstra que geralmente as pessoas comparecem ao Centro Espírita à procura de
solução para tormentosos problemas pessoais, destacando
Dificuldades
financeiras.
Frustrações
profissionais.
Insistentes
idéias infelizes.
Desenganos
sentimentais.
Isto significa
que o Centro Espírita é para muitos um hospital mágico, onde mentores espirituais
podem realizar os mais variados prodígios em favor dos consulentes.
Semelhante
situação é no mínimo extravagante, porquanto não se inspira nos postulados doutrinários..
Não há nada, em Espiritismo, que sugira a idéia de que o intercâmbio com os
mortos é uma panacéia infalível para os males humanos.
* * *
Muito mais que
atender aos interesses da Terra, o Espiritismo faz nossa iniciação nos ideais
do Céu, mostrando-nos a estrutura e funcionamento das Leis Divinas.
Simultaneamente
convoca-nos à sua observância como o único caminho para que nos libertemos de
sentimentos inferiores como o egoísmo, a vaidade, o orgulho, geradores de todos
os nossos infortúnios. Somente assim nos habilitaremos a viver felizes,
contribuindo para a construção de um mundo melhor com o empenho glorioso de
nossa própria renovação.
O
desconhecimento desses objetivos induz a alguns enganos lamentáveis. O
principal deles relaciona-se com a famosa “consulta”. Os frequentadores querem
conversar com os Espíritos, ouvir a promessa de decisiva intervenção ou receber
a indicação de “poções” infalíveis em seu benefício.
Assim, poucos
vinculam-se ao Centro. Tomado à conta de hospital, é compreensível que os
“pacientes” tendam a afastar-se atendendo a dois motivos: melhoraram e
consideram desnecessário continuar o tratamento; ou não melhoraram e resolvem
procurar ajuda em outro lugar.
Há dirigentes
espíritas que contribuem para essa situação anômala. Por desconhecimento da Doutrina e por
temerem perder a “clientela”, fazem a atividade do Centro girar em tomo de
receituários e aconselhamentos espirituais, que podem amenizar determinados
problemas mas jamais os resolvem, porquanto atacam efeitos sem remontar às causas.
Se um alcoólatra
procura o Centro porque está com uma crise hepática, pouco valerá cuidar apenas
de seu fígado. É indispensável ajudá-lo a superar o vício.
Se alguém é
envolvido por Espíritos que o atormentam com idéias e sentimentos infelizes,
será ocioso afastá-los simplesmente. Eles sempre retomarão. A providência fundamental
é ajudar o obsidiado a modificar seu padrão vibratório com a assimilação de conhecimento
renovador. Então ele próprio se libertará em definitivo. Se temos uma ferida exposta
sempre haverá moscas em torno. A razão nos diz que sem cuidar do ferimento gastaremos
muito tempo a afugentá-las.
* * *
No Centro
Espírita “Amor e Caridade”, em Bauru, não há manifestações mediúnicas nas
reuniões públicas.
“Mas aqui é
mesmo um Centro?” - perguntou-nos alguém. Uma dúvida compreensível, já que
muita gente confunde Espiritismo com manifestação dos Espíritos.
Evidentemente,
há ali os trabalhos práticos, em vários dias (é parte da atividade espírita),
mas privativamente, em pequenos grupos, dos quais participam companheiros que têm
conhecimento do fenômeno mediúnico e da responsabilidade que envolve seu exercício.
Nessas sessões
estuda-se basicamente “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, onde se destaca que somos todos médiuns e que
muitos de nossos desajustes guardam sua origem no desconhecimento dos
mecanismos que regem nossas relações com o mundo dos Espíritos.
Nas reuniões
públicas são comentados “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e “O Livro dos
Espíritos”.
O primeiro aborda
um tema que pode parecer surpreendente ao leigo: o aspecto religioso da
Doutrina Espírita.
“Ué! Espiritismo
é religião?” - perguntam-nos.
Resposta
positiva. Espiritismo é religião! Uma religião diferente, sem ritos, sem rezas,
sem cerimônias. Seu objetivo não é de formalizar uma atitude religiosa com o comparecimento
ao templo ou a adoção de determinada postura física, mas de renovar nossas concepções
a respeito da comunhão com Deus.
“Deus é
Espírito, e em espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram” – diz Jesus
à mulher samaritana, demonstrando que devemos procurar Deus no único lugar onde
realmente o encontraremos - na intimidade de nosso coração. Com esse propósito
Kardec comenta os ensinamentos de Jesus em sua essência - a moral evangélica -
demonstrando ser indispensável que nos renovemos para o Bem. Sem esse empenho
jamais teremos a pureza necessária para o encontro glorioso com o Criador, como
destaca o Mestre, na sexta promessa de “O Sermão da Montanha”: “Bem-aventurados
os que têm limpo o coração, porque verão a Deus”.
A fim de que nos
sintamos estimulados a esse esforço temos em “O Livro dos Espíritos”, síntese
filosófica da Doutrina, a resposta racional e lógica para os “porquês” da Vida.
Por que estamos na Terra, por que sofremos, por que experimentamos frustrações,
por que há tanta violência no Mundo, por que a enfermidade grassa, e muito
mais, convidando-nos a desenvolver a capacidade de reflexão, no empenho de conhecermos
a nós mesmos e o que nos compete fazer.
* * *
As reuniões
públicas do Centro Espírita devem ser tomadas à conta de uma iniciação espírita,
onde participaremos de um banquete de luzes que enriquecem a existência.
Para tanto é
preciso superar a concepção distorcida e irreal do centro-hospital, com pleno
entendimento de que ele é, acima de tudo, uma abençoada escola.
- Antes de
cogitar dos benefícios que o Centro Espírita pode lhe oferecer, procure conhecera
Doutrina Espírita. Muita gente perde valiosas oportunidades de edificação por não
atentar a essa necessidade.
- Leia e estude
as obras básicas de Allan Kardec e as complementares, particularmente de Francisco Cândido
Xavier, que atendem a todos os gostos literários e a todos os níveis de entendimento.
O livro espírita é precioso repositório de bênçãos que deve estar sempre ao
alcance de nossa mão.
- Eleja os dias
da semana em que comparecerá ao Centro Espírita, assumindo, perante si mesmo,
compromissos de assiduidade e perseverança. Sem esse empenho é provável que se
considere impossibilitado por contratempos frequentes, não obstante serem perfeitamente
superáveis.
Livro: UMA RAZÃO
PARA VIVER
Richard
Simonetti.
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