quarta-feira, 3 de outubro de 2018

HOSPITAL OU ESCOLA?

A experiência demonstra que geralmente as pessoas comparecem ao Centro Espírita à procura de solução para tormentosos problemas pessoais, destacando
Dificuldades financeiras.
Frustrações profissionais.
Insistentes idéias infelizes.
Desenganos sentimentais.
Isto significa que o Centro Espírita é para muitos um hospital mágico, onde mentores espirituais podem realizar os mais variados prodígios em favor dos consulentes.
Semelhante situação é no mínimo extravagante, porquanto não se inspira nos postulados doutrinários.. Não há nada, em Espiritismo, que sugira a idéia de que o intercâmbio com os mortos é uma panacéia infalível para os males humanos.
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Muito mais que atender aos interesses da Terra, o Espiritismo faz nossa iniciação nos ideais do Céu, mostrando-nos a estrutura e funcionamento das Leis Divinas.
Simultaneamente convoca-nos à sua observância como o único caminho para que nos libertemos de sentimentos inferiores como o egoísmo, a vaidade, o orgulho, geradores de todos os nossos infortúnios. Somente assim nos habilitaremos a viver felizes, contribuindo para a construção de um mundo melhor com o empenho glorioso de nossa própria renovação.
O desconhecimento desses objetivos induz a alguns enganos lamentáveis. O principal deles relaciona-se com a famosa “consulta”. Os frequentadores querem conversar com os Espíritos, ouvir a promessa de decisiva intervenção ou receber a indicação de “poções” infalíveis em seu benefício.
Assim, poucos vinculam-se ao Centro. Tomado à conta de hospital, é compreensível que os “pacientes” tendam a afastar-se atendendo a dois motivos: melhoraram e consideram desnecessário continuar o tratamento; ou não melhoraram e resolvem procurar ajuda em outro lugar.
Há dirigentes espíritas que contribuem para essa situação anômala. Por desconhecimento da Doutrina e por temerem perder a “clientela”, fazem a atividade do Centro girar em tomo de receituários e aconselhamentos espirituais, que podem amenizar determinados problemas mas jamais os resolvem, porquanto atacam efeitos sem remontar às causas.
Se um alcoólatra procura o Centro porque está com uma crise hepática, pouco valerá cuidar apenas de seu fígado. É indispensável ajudá-lo a superar o vício.
Se alguém é envolvido por Espíritos que o atormentam com idéias e sentimentos infelizes, será ocioso afastá-los simplesmente. Eles sempre retomarão. A providência fundamental é ajudar o obsidiado a modificar seu padrão vibratório com a assimilação de conhecimento renovador. Então ele próprio se libertará em definitivo. Se temos uma ferida exposta sempre haverá moscas em torno. A razão nos diz que sem cuidar do ferimento gastaremos muito tempo a afugentá-las.
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No Centro Espírita “Amor e Caridade”, em Bauru, não há manifestações mediúnicas nas reuniões públicas.
“Mas aqui é mesmo um Centro?” - perguntou-nos alguém. Uma dúvida compreensível, já que muita gente confunde Espiritismo com manifestação dos Espíritos.
Evidentemente, há ali os trabalhos práticos, em vários dias (é parte da atividade espírita), mas privativamente, em pequenos grupos, dos quais participam companheiros que têm conhecimento do fenômeno mediúnico e da responsabilidade que envolve seu exercício.
Nessas sessões estuda-se basicamente “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, onde  se destaca que somos todos médiuns e que muitos de nossos desajustes guardam sua origem no desconhecimento dos mecanismos que regem nossas relações com o mundo dos Espíritos.
Nas reuniões públicas são comentados “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”.
O primeiro aborda um tema que pode parecer surpreendente ao leigo: o aspecto religioso da Doutrina Espírita.
“Ué! Espiritismo é religião?” - perguntam-nos.
Resposta positiva. Espiritismo é religião! Uma religião diferente, sem ritos, sem rezas, sem cerimônias. Seu objetivo não é de formalizar uma atitude religiosa com o comparecimento ao templo ou a adoção de determinada postura física, mas de renovar nossas concepções a respeito da comunhão com Deus.
“Deus é Espírito, e em espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram” – diz Jesus à mulher samaritana, demonstrando que devemos procurar Deus no único lugar onde realmente o encontraremos - na intimidade de nosso coração. Com esse propósito Kardec comenta os ensinamentos de Jesus em sua essência - a moral evangélica - demonstrando ser indispensável que nos renovemos para o Bem. Sem esse empenho jamais teremos a pureza necessária para o encontro glorioso com o Criador, como destaca o Mestre, na sexta promessa de “O Sermão da Montanha”: “Bem-aventurados os que têm limpo o coração, porque verão a Deus”.
A fim de que nos sintamos estimulados a esse esforço temos em “O Livro dos Espíritos”, síntese filosófica da Doutrina, a resposta racional e lógica para os “porquês” da Vida. Por que estamos na Terra, por que sofremos, por que experimentamos frustrações, por que há tanta violência no Mundo, por que a enfermidade grassa, e muito mais, convidando-nos a desenvolver a capacidade de reflexão, no empenho de conhecermos a nós mesmos e o que nos compete fazer.
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As reuniões públicas do Centro Espírita devem ser tomadas à conta de uma iniciação espírita, onde participaremos de um banquete de luzes que enriquecem a existência.
Para tanto é preciso superar a concepção distorcida e irreal do centro-hospital, com pleno entendimento de que ele é, acima de tudo, uma abençoada escola.
- Antes de cogitar dos benefícios que o Centro Espírita pode lhe oferecer, procure conhecera Doutrina Espírita. Muita gente perde valiosas oportunidades de edificação por não atentar a essa necessidade.
- Leia e estude as obras básicas de Allan Kardec e as complementares, particularmente de Francisco Cândido Xavier, que atendem a todos os gostos literários e a todos os níveis de entendimento. O livro espírita é precioso repositório de bênçãos que deve estar sempre ao alcance de nossa mão.
- Eleja os dias da semana em que comparecerá ao Centro Espírita, assumindo, perante si mesmo, compromissos de assiduidade e perseverança. Sem esse empenho é provável que se considere impossibilitado por contratempos frequentes, não obstante serem perfeitamente superáveis.
Livro: UMA RAZÃO PARA VIVER
Richard Simonetti.

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