sábado, 3 de novembro de 2018

RECURSO INFALÍVEL - Richard Simonetti.

A morte, com raras exceções, é traumatizante. Afinal, o Espírito  deixa  um  veículo  de carne  ao  qual está  tão intimamente  associado que se  lhe  afigura, geralmente, parte indissociável de sua  individualidade  (ou toda  ela para  os materialistas).
Por outro lado, raros estão preparados para a jornada compulsória, quando deixamos  a  acanhada  ilhota  das percepções físicas rumo ao glorioso continente das realidades espirituais. Impregnados  por  interesses  e  preocupações materiais, os viajores enfrentam compreensíveis percalços.
Em tal circunstância, tanto o paciente que enfraquece paulatinamente, quanto  os  familiares  em dolorosa  vigília, podem valer‐se de um recurso infalível: a oração.
Por  suas  características  eminentemente espiritualizantes, representando  um  esforço  por superar  os  condicionamentos  da  Terra  para uma  comunhão  com  o  Céu, ela favorece uma  "viagem" tranquila para os que partem. Os  que  ficam  encontram  nela  um  lenitivo  providencial que  ameniza  a sensação  de  perda  pessoal, preenchendo  o  vazio  que se  abre em seus  corações  com  a reconfortante  presença  de  Deus, fonte  abençoada  de  segurança, equilíbrio e serenidade em todas as situações.
Todavia, a eficiência da oração está subordinada a uma condição essencial: o sentimento.
Se  simplesmente  repetimos  palavras, em fórmulas verbais, caímos num processo mecânico inócuo. Só o coração consegue comunicar‐se com Deus, dispensando verbalismo.
O próprio  "Pai Nosso", a sublime oração ensinada por Jesus, não é  nenhum  recurso mágico, cuja  eficiência  esteja subordinada  à  repetição.  Trata‐se  de  um  roteiro  relativo  à  nossa atitude na oração, iniciando‐se com a orientação de que  devemos estar muitos confiantes, porque Deus é nosso pai, e termina ensinando que é preciso vencer o mal que existe em nós com o combate sistemático às tentações.
Destaque‐se  aquele  incisivo  "seja  feita  a  vossa vontade, assim  na Terra  como  no Céu", em que  Jesus  deixa bem  claro que  compete  a  Deus  definir o  que  é  melhor  para  nós. Em  qualquer  circunstância, particularmente  na  grande transição, se  nutrirmos  sentimentos  de  desespero e  inconformação, sairemos  do santuário da  oração  tão perturbados e aflitos como quando entramos.
Quando  o  desencarnante  e seus familiares  controlam as emoções, cultivando, em prece, sentimentos de confiança e  contrição, os técnicos da Espiritualidade encontram facilidade  para  promover  o  desligamento, sem traumas maiores  para  o que parte, sem desequilíbrios para os que ficam.
Livro: QUEM TEM MEDO DA MORTE?
Richard Simonetti

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