570. Os
Espíritos percebem sempre os desígnios que lhes compete executar?
“Não. Muitos há
que são instrumentos cegos. Outros, porém, sabem muito bem com que fim atuam.”
571. Só os
Espíritos elevados desempenham missões?
“A importância
das missões corresponde às capacidades e à elevação do Espírito. O estafeta que
leva um telegrama ao seu destinatário também desempenha uma missão, se bem que
diversa da de um general.”
572. A missão de
um Espírito lhe é imposta, ou depende da sua vontade?
“Ele a pede e
ditoso se considera se a obtém.”
a) — Pode a
mesma missão ser pedida por muitos Espíritos?
“Sim, é
frequente apresentarem-se muitos candidatos, mas nem todos são aceitos.”
573. Em que
consiste a missão dos Espíritos encarnados?
“Em instruir os
homens; em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por
meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e
importantes. O que cultiva a terra desempenha uma missão, como o que governa,
ou o que instrui. Tudo na natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito
se depura pela encarnação, concorre, sob essa forma, para a execução dos
desígnios da Providência. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos
podem ter alguma utilidade.”
574. Qual pode
ser, na Terra, a missão das criaturas voluntariamente inúteis?
“Há efetivamente
pessoas que só para si mesmas vivem e que não sabem tornar-se úteis ao que quer
que seja. São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão duramente
sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já nesse mundo, o
castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa.”
a) — Uma vez que
lhes fora facultada a escolha, por que preferiram uma existência que nenhum
proveito lhes traria?
“Entre os
Espíritos também há preguiçosos que recuam diante de uma vida de labor. Deus
consente que assim procedam. Mais tarde compreenderão, à própria custa, os
inconvenientes da inutilidade a que se votaram e serão os primeiros a pedir que
se lhes conceda recuperar o tempo perdido. Pode também acontecer que tenham
escolhido uma vida útil e que hajam recuado diante da execução da obra,
deixando-se levar pelas sugestões dos Espíritos que os induzem a permanecer na
ociosidade.”
575. As
ocupações comuns mais nos parecem deveres do que missões propriamente ditas. A
missão, de acordo com a ideia a que esta palavra está associada, tem um caráter
menos exclusivo e, sobretudo, menos pessoal. Deste ponto de vista, como se pode
reconhecer que um homem tem realmente na Terra uma determinada missão?
“Pelas grandes
coisas que opera, pelos progressos a cuja realização conduz seus semelhantes.”
576. Foram
predestinados a isso, antes de nascerem, os homens que trazem uma missão
importante? Têm dela conhecimento?
“Algumas vezes,
sim. É, porém, mais comum que o ignorem. Baixando à Terra, colimam apenas um
vago objetivo. Depois do nascimento e de acordo com as circunstâncias é que
suas missões se lhes desenham às vistas. Deus os impele para a senda onde devam
executar-lhe os desígnios.”
577. Quando um
homem faz alguma coisa útil, age sempre em virtude da missão em que foi
anteriormente investido e a que vem predestinado, ou pode suceder que haja
recebido missão não prevista?
“Nem tudo o que
o homem faz resulta de missão a que tenha sido predestinado. Muitas vezes é o
instrumento de que se serve um Espírito para fazer que se execute uma coisa que
julga útil. Por exemplo, entende um Espírito ser útil que se escreva um livro,
que ele próprio escreveria se estivesse encarnado. Procura então o escritor
mais apto a lhe compreender e executar o pensamento. Transmite-lhe a ideia do
livro e o dirige na execução. Ora, esse escritor não veio à Terra com a missão
de publicar tal obra. O mesmo ocorre com diversos trabalhos artísticos e muitas
descobertas. Devemos acrescentar que, durante o sono corporal, o Espírito
encarnado se comunica diretamente com o Espírito errante, entendendo-se os dois
acerca da execução.”
578. Poderá o
Espírito, por própria culpa, falir na sua missão?
“Sim, se não for
um Espírito superior.”
a) — Que
consequências lhe advirão da sua falência?
“Terá que
retomar a tarefa; essa a sua punição. Também sofrerá as consequências do mal
que haja causado.”
579. Pois se é
de Deus que o Espírito recebe a sua missão, como se há de compreender que Deus
confie missão importante e de interesse geral a um Espírito capaz de falir?
“Não sabe Deus
se o seu general obterá a vitória ou se será vencido? Sabe-o, crede, e seus
planos, quando importantes, não se apoiam nos que hajam de abandonar em meio a
obra. Toda a questão, para vós, está no conhecimento que Deus tem do futuro,
mas que não vos é concedido.”
580. O Espírito
que encarna para desempenhar determinada missão tem apreensões idênticas às de
outro que o faz por provação?
“Não, porque
traz a experiência adquirida.”
581. Certamente
desempenham missão os homens que servem de faróis ao gênero humano, que o
iluminam com a luz do gênio. Entre eles, porém, alguns há que se enganam, que,
de par com grandes verdades, propagam grandes erros. Como se deve considerar a
missão desses homens?
“Como falseadas
por eles próprios. Estão abaixo da tarefa que tomaram sobre os ombros. Contudo,
mister se faz levar em conta as circunstâncias. Os homens de gênio têm que
falar de acordo com as épocas em que vivem; assim, um ensinamento que parece
errôneo ou pueril numa época adiantada pode ter sido o que convinha no século
em que foi divulgado.”
582. Pode-se
considerar como missão a paternidade?
“É, sem
contestação possível, uma verdadeira missão. Constitui, ao mesmo tempo,
grandíssimo dever, que empenha, mais do que o pensa o homem, a sua
responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais,
a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando
àquele uma organização física débil e delicada, que o torna propício a todas as
impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de endireitar as árvores do
seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de endireitar o
caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os
desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na
vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele
avançasse na estrada do bem.”
583. São
responsáveis os pais pelo transviamento de um filho que envereda pelo caminho
do mal, apesar dos cuidados que lhe dispensaram?
“Não; porém,
quanto piores forem as propensões do filho, tanto mais pesada é a tarefa e
tanto maior o mérito dos pais, se conseguirem desviá-lo do mau caminho.”
a) — Se um filho
se torna homem de bem, não obstante a negligência ou os maus exemplos de seus
pais, tiram estes daí algum proveito?
“Deus é justo.”
584. De que
natureza será a missão do conquistador que apenas visa satisfazer à sua ambição
e que, para alcançar esse objetivo, não vacila ante nenhuma das calamidades que
vai espalhando?
“As mais das
vezes não passa de um instrumento de que se serve Deus para cumprimento de seus
desígnios, representando essas calamidades um meio de que ele se utiliza para
fazer que um povo progrida mais rapidamente.”
a) — Nenhuma
parte tendo na produção do bem que dessas calamidades passageiras possa
resultar, pois que visava um fim todo pessoal, aquele que delas se constitui
instrumento tirará, não obstante, proveito desse bem?
“Cada um é
recompensado de acordo com as suas obras, com o bem que intentou fazer e com a
retidão de suas intenções.”
Os Espíritos
encarnados têm ocupações inerentes às suas existências corpóreas. No estado de
erraticidade, ou de desmaterialização, tais ocupações são adequadas ao grau de
adiantamento deles.
Uns percorrem os
mundos, instruem-se e se preparam para nova encarnação.
Outros, mais
adiantados, ocupam-se com o progresso, dirigindo os acontecimentos e sugerindo
ideias que lhe sejam propícias. Assistem os homens de gênio que concorrem para
o adiantamento da humanidade.
Outros encarnam
com determinada missão de progresso.
Outros tomam sob
sua tutela os indivíduos, as famílias, as reuniões, as cidades e os povos, dos
quais se constituem os anjos guardiães, os gênios protetores e os Espíritos
familiares.
Outros,
finalmente, presidem aos fenômenos da natureza, de que se fazem os agentes
diretos.
Os Espíritos
vulgares se imiscuem em nossas ocupações e diversões.
Os impuros ou
imperfeitos aguardam, em sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus
proporcionar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal, é pelo despeito de
ainda não poderem gozar do bem.
O Livro dos
Espíritos – Allan Kardec.
570. Do spirits
always understand the plans they must carry out?
“No, some are
blind instruments, but others fully understand their end goal.”
571. Do only elevated
spirits receive missions?
“The importance
of a mission is always proportionate to the capacity and elevation of the
spirit. A courier who delivers a message fulfills a mission, although it is not
equivalent to that of a general.”
572. Is a
spirit’s mission forced upon it or chosen by it?
“It asks for it,
and is happy to get it.”
a) Can several
spirits ask for the same mission?
“Yes, there are
often several candidates for the same mission, but they are not all chosen.”
573. What is the
mission of incarnate spirits?
“Educating other
incarnates, helping their advancement, and improving their institutions through
direct, material means. Missions vary in scope and importance, and the
individual who works as a farmer accomplishes a mission just as a politician or
a teacher does. Everything in nature is connected and all spirits, while
purifying themselves through incarnation, contribute to the accomplishment of
God’s plans. Each of you has a mission because each of you can be useful in one
way or another.”
574. What is the
mission of those who are deliberately idle on Earth?
“There are human beings who live only for themselves, and do not make themselves useful in any manner whatsoever. They should be pitied, because they will have to make amends for their voluntary uselessness through severe suffering. Their atonement often begins even in their present life, through their weariness and disgust of life.”
a) Why did they
choose a life that could not be of any use to them, since they had the freedom
of choice?
“Just like human
beings, some spirits are lazy and avoid a life of labor. God leaves them to
their devices because they eventually learn the consequences of their
uselessness, and then eagerly ask to be allowed to make up for lost time. They
may even have chosen a more useful life, but abandoned the trial and allowed
themselves to be misled by spirits who encouraged them to remain inactive.”
575. Common
occupations seem to be duties rather than missions. A mission, as we define it,
is characterized by a less exclusive and personal importance. How can we
discover if a person really has a mission on Earth?
“By the great
things they accomplish and the progress they bring to their fellow human
beings.”
576. Are
individuals who have an important mission predestined to this mission before
their birth, and are they aware of it?
“In some cases,
yes, but they are more often unaware of it. They are only vaguely conscious of
arriving on Earth and their mission is revealed to them gradually after birth,
depending on the circumstances. God leads them to the road that they should
follow in order to be capable of carrying out God’s plans.”
577. When a
person does something useful, is it a predestined mission or can it be an
unanticipated one?
“Not all
productive activities engaged in by human beings are the result of a
predestined mission. Individuals are often the instruments of spirits who use
them to obtain something they consider useful. For example, a spirit might seek
out a writer to publish a book that it considers useful and would write it
itself if incarnated. The spirit finds the writer who could best understand and
develop its idea, suggests the plan of the book, and direct its completion. In
such a case, the writer did not come into the world with the mission of doing
this work. It is the same with regard to various works of art or scientifc
discoveries. While asleep, the incarnate spirit directly communicates with the
errant spirit, and they collaborate in the endeavor.”
578. Can a
spirit fail in its mission based on its own fault?
“Yes, if it is
not a superior spirit.”
a) What are the consequences
of such a failure?
“It must start
its task over again as atonement. It also has to suffer the consequences of the
harm caused by its failure.”
579. Since each spirit
receives its mission from God, how can God have allocated an important mission to
a spirit capable of failure?
“Does God not
know whether a general will be victorious or defeated? Rest assured that God
foresees all things, and that the carrying out of God’s plans is never confded
to those who will leave their work half completed, especially when they are
important. You have trouble accepting the concept of God’s knowledge of the
future because you cannot understand it.”
580. When a
spirit incarnates to complete a mission, does it feel the same anxiety as a spirit
about to endure a trial?
“No, because it
has experience.”
581. It is
obvious that those who enlighten the human race by their genius have a mission,
but there are many who make mistakes, and while they may discover important
truths, they spread serious errors. How should we view their missions?
“As having been
falsifed by themselves. They are not ft for the task they have undertaken. In
judging them, however, you must take into account the circumstances in which
they were placed. People of genius have had to impart knowledge according to
the strictures of their time, and while teachings may later appear to be
erroneous or foolish, they may have been suitable for the time when they were
discovered.”
582. Can parenthood
be considered a mission?
“There is no question that it is a mission. It
is a serious duty, the responsibilities of which will exercise a much more
signifcant impact on people’s future than a person might think. God has placed
children under the guidance of its parents so that they can direct the child to
goodness and integrity. God has even facilitated their task by giving the child
a weak and gentle physical makeup, completely open to new impressions. However,
there are many parents who put more effort into pruning trees in their gardens
and making them bear a large crop of fruit, than the time they devote to
molding the character of their children. If the child fails and it is the fault
of the parents, they will suffer the atonement of their failure, and the
suffering of the child in a future life will be assigned to them because they
have not done their part in helping the child advance on the road to
happiness.”
583. If children
go wrong, despite their parents’ care, are the parents responsible?
“No, but the
more hateful the disposition of their children and the more diffcult their
task, the greater their reward if they succeed in keeping them away from
wrongdoing.”
a) If children
become good adults, despite the negligence or the bad example of their parents,
do the parents obtain any beneft therefrom?
“God is fair.”
584. What is the
mission of the conqueror whose only goal is to satisfy his ambition, and who,
in order to reach that end, does not finch at inficting the misfortunes and
disasters that he leaves in his wake?
“He is only an
instrument used by God for the accomplishment of His designs, and these
disasters are sometimes a means of making a country advance more rapidly.”
a) The good that
may result from these passing events is extraneous to the person who was used
to produce them, since it was nothing but a personal goal for him. Despite
this, will he proft from that result?
“All are
rewarded according to their works, the good they have wished to do, and the
honor of their intentions.”
Incarnate
spirits have occupations intrinsic to the nature of their physical existence.
When errant or dematerialized, their occupations are proportionate to their
degree of advancement. Some of them travel from world to world, acquiring
education and preparing for a new incarnation. More advanced ones devote
themselves to progress of humanity by directing the course of events, and
suggesting promising ideas. They assist incarnates of genius who help humankind
as a whole advance.
Others incarnate
with a mission of progress.
Others watch
over individuals, families, societies, cities, countries, and populations, and
become their guardian angels, protective spirits and familiar spirits.
Still others
supervise the phenomena of nature, of which they are the immediate agents. The
lower ranking spirits busy themselves with our engagements, and take part in
our pleasures.
Impure and
imperfect spirits suffer while waiting for the moment when God will give them
the means of advancing. If they cause harm to others, it is out of spite of the
happiness that they are not yet able to enjoy.
The Spirits’
Book – Allan Kardec.
Nenhum comentário:
Postar um comentário