A filosofia
religiosa que prega a não obrigação de orar pelos mortos, porquanto eles se encontram
ligados aos corpos na sepultura, esperando o dia do juízo, alegando que a prece
por eles nada acrescentará para a sua salvação e sua melhora, pois o que
fizeram na Terra está feito, se esqueceu de aceitar Jesus. Do modo que eles pregam,
uns irão para a direita, outros diretamente para a esquerda, ou seja, para o
inferno eterno.
Como poderia Deus, que é amor, que fez Seus filhos todos iguais, e sendo onisciente, não saber que eles, ou alguns deles, iriam para o sofrimento eterno? A resposta à pergunta em estudo foi dada por um pastor protestante em "O Livro dos Espíritos", que foi oportuna, mas se esqueceu de dizer que Jesus orava, sim, pelos mortos. Quantas vezes o Senhor subiu ao monte, para orar! Isso acontecia sempre e Ele chamava à Sua companhia alguns dos Seus discípulos. Ele, o Mestre dos mestres que conhecia tudo, toda a ciência e filosofia espiritual, não iria se esquecer dos mais necessitados, daqueles que vivem fora do corpo, em desespero.
Quem poderia
dizer que o Cristo quando orava não incluía os mortos? Os vivos, principalmente
os judeus, tinham muitos profetas e inúmeros sacerdotes que lhes ensinavam a
orar e lhes ditavam as regras estabelecidas por Moisés, enquanto os mortos
sofredores em regiões umbralinas precisavam disso tanto quanto os chamados vivos.
Quem pensa que no Evangelho não aparece Jesus orando pelos mortos, está
completamente enganado, porque Jesus orou, e muito, pelos desencarnados, e
falanges desses Espíritos despertaram e acompanharam Jesus até o último momento
da Sua gloriosa despedida da Terra, regressando para as regiões resplandecentes
de onde veio.
A prece é tão
divina que é usada em todos os planos da vida maior, como força de Deus em favor
da harmonia. A oração é o canal através do qual poderemos nos comunicar com
Deus, e d'Ele receber a vida e doar amor. Religião alguma pode negar a
existência dos Espíritos, nem a certeza de que quando o corpo perece e vai para
a sepultura, a alma continua a viver.
Jesus subiu ao
monte Tabor para orar, e nesse exercício divino aparecem para ele Moisés e Elias,
com os quais confabulou demoradamente, chegando a ponto de os discípulos os perceberem
de tal forma visíveis, que queriam fazer tendas para eles. Os livros sagrados
se encontram repletos de relatos de intervenções dos Espíritos na Terra,
conversando com os homens. Se não fora essas intervenções, como surgiriam as
religiões?
São valiosas as
preces dos encarnados em favor dos desencarnados. Os "anjos de
guarda" oram sempre para o melhor entendimento dos seus tutelados. Disse
Jesus, anotado por Marcos, no capítulo doze, versículo dezessete: Dai a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus. E muitos se admiraram dele.
Com o dai a
César, poderemos interpretar os cuidados que devemos ter na separação dos valores
ante a sociedade, a família e Deus; são as obrigações morais. A oração é uma
delas; orar pelos que sofrem e nos caluniam. Orar pelos mortos é nosso dever,
porque a oração bem sentida e com amor alivia e dá esperança aos sofredores.
A oração é força
de Deus que nasce no coração do Espírito, em todos os planos da vida.
Filosofia
Espírita – Volume XIV
João Nunes Maia
– Miramez.
***
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
665. Que se deve
pensar da opinião dos que rejeitam a prece em favor dos mortos, por não se
achar prescrita no Evangelho?
“Aos homens
disse o Cristo: Amai-vos uns aos outros. Esta recomendação contém a de empregar
o homem todos os meios possíveis para testemunhar aos outros homens afeição,
sem haver entrado em minúcias quanto à maneira de atingir ele esse fim. Se é
certo que nada pode fazer que o Criador, imagem da justiça perfeita, deixe de
aplicá-la a todas as ações do Espírito, não menos certo é que a prece que lhe
dirigis por aquele que vos inspira afeição constitui, para este, um testemunho
de que dele vos lembrais, testemunho que forçosamente contribuirá para lhe
suavizar os sofrimentos e consolá-lo. Desde que ele manifeste o mais ligeiro
arrependimento, mas só então, é socorrido. Nunca, porém, será deixado na
ignorância de que uma alma simpática com ele se ocupou. Ao contrário, será
deixado na doce crença de que a intercessão dessa alma lhe foi útil. Daí
resulta necessariamente, de sua parte, um sentimento de gratidão e afeto pelo
que lhe deu essa prova de amizade ou de piedade. Em conseqüência, crescerá num
e noutro, reciprocamente, o amor que o Cristo recomendava aos homens. Ambos,
pois, se fizeram assim obedientes à lei de amor e de união de todos os seres,
lei divina, de que resultará a unidade, objetivo e finalidade do Espírito.”(1)
NOTA:(1)
Resposta dada pelo Sr. Monod (Espírito), pastor protestante em Paris, morto em
abril de 1856. A resposta anterior, n° 664, é do Espírito São Luís.
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