domingo, 2 de abril de 2023

INSTRUMENTO DE ESCÂNDALO – Miramez.

 

Os homens que não respeitam as leis de Deus, no tocante à economia, irão respeitar pela força a justiça do Todo Poderoso. Eles convencer-se-ão de que a harmonia não pode faltar nos caminhos humanos e mesmo espirituais.

Convém notar que Deus se encontra presente em todos os nossos passos, nos seguindo e ensinando, para que possamos nos libertar dos entraves com os quais a nossa ignorância tenta impedir a nossa subida. "O escândalo é necessário", disse Jesus, mas, acrescenta, "ai daqueles por quem se manifestar o escândalo".

O rico usurário, aquele que não mede sacrifício pessoal, e que não olha as necessidades dos outros, que ajunta os bens e esquece da coletividade que sofre, esse não sabe o que faz, e pagará caro por seus deslizes. Não obstante, ele tem avisos diários sobre o comando da sua fortuna, mas fecha os olhos e o entendimento; quando ouve os clamores dos que padecem, acha que todos os pobres são irresponsáveis.

A economia mundial não tem dono dentre os povos; tudo é de Deus. Quem esquece esta verdade, responde pela sua cegueira espiritual. Certamente que os bens materiais nas mãos dos homens são para o seu conforto e o de sua família, no entanto, não podemos esquecer que toda a humanidade é filha de Deus e saiu da mesma luz que os nossos.

O dever do rico é dar condições de trabalho para os que estão pobres, e facilitar alguma coisa a mais para a paz dessas criaturas sob a sua tutela. Ele pode permanecer insensível nesse sentido até a vida toda, mas, e quando o Senhor chamar a sua alma? Como irá prestar conta?

O comando supremo pode lhe mandar de novo à Terra, passando por certas provações nas mãos de patrões que pensam do mesmo modo que ele pensou e agiu.

A Doutrina Espírita vem nos ensinar o que fazer com os bens materiais, para que eles não sirvam de pedra de tropeço nos nossos caminhos. O apóstolo Marcos anotou a advertência de Jesus, no capítulo nove, versículo quarenta e dois, assim escrevendo: E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que lhe pendurassem ao pescoço uma grande pedra de moinho e fosse lançado ao mar.

Os pequeninos a quem se refere Jesus, são os irmãos em sofrimento, que carecem de mãos amigas para ajudá-los no pão, nas vestes, no teto e na enfermidade. O mundo se encontra na época de um socialismo cristão. Não que esperemos leis dos homens nesse sentido; basta a cada um cumprir seu dever, de acordo com o Evangelho de Jesus.

O que falta nos corações é somente o amor, para que tudo entre na perfeita harmonia. O apego aos bens materiais entrava a vida do ser humano e faz com que ele sofra a prisão dos seus mais elevados dons da vida.

Os agentes de Deus, sob a direção de Jesus, retornam à Terra para falar novamente como falou o Mestre, evidenciando o sermão da montanha em todos os sentidos, para que os homens se ocupem em fazer a caridade onde quer que seja e amem por onde passarem. O tempo das mudanças que correspondem às necessidades mais urgentes de todas as almas está chegando. Quem não desejar mudar de vida para melhor, deve ficar para trás, de um modo que, se soubesse, não desejaria.

A Doutrina Espírita é uma porta para novos entendimentos, pelos quais se poderá libertar os que sofrem da ignorância, curar os enfermos, despertar alegria nos tristes e, ainda mais, abrir os caminhos da esperança para todos os seres. Lembremo-nos: não devemos ser instrumentos de escândalos, para não sermos disciplinados pela própria consciência.

Livro: Filosofia Espírita – Volume XV

Miramez / João Nunes Maia.

Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

717. Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?

“Olvidam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.”

A.K.: Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário