O maior
obstáculo ao progresso são dois monstros que devoram a sociedade na atualidade,
e mesmo sendo eles perseguidos pela filosofia cristã, ainda vivem em quase seu
apogeu; no entanto, a sua glória é terrena e transitória. Esses dois monstros
são o orgulho e o egoísmo.
O progresso
moral tem sido atingido por estas duas forças das sombras, mas nunca interrompem
sua marcha, por ser ela a força do próprio Criador, e lutar contra o Senhor é perder
tempo. Por vezes, a marcha do progresso pode tornar-se mais lenta, pelos
entraves criados pelos homens que ignoram a verdade, todavia, quando se faz
necessário, o progresso moral quebra todos os obstáculos, desata todas as peias
com que quiseram amarrá-lo, e feixes de luzes desimpedem todos os caminhos por
processos variados, como flagelos, fome, guerras e, ainda mais, pelo anjo da
dor.
O progresso intelectual vem sempre primeiro, pelos seus oferecimentos imediatistas, e os seres humanos, no estágio em que se encontram, são levados para o conforto exterior, que é o mais fácil, por não requerer renúncia. Abraçando o desenvolvimento intelectual, com o tempo o homem passará a sentir necessidade do aprimoramento espiritual, que lhe falta, no tocante à felicidade, a qual todos aspiramos.
Jesus foi, é e será sempre a nossa meta de luz, de modo a nos mostrar o equilíbrio da vida que viveu, ensinando o melhor para a nossa libertação. No plano espiritual, em todas as faixas de vida, exercitam-se os preceitos do Divino Amigo, porque os Seus ensinamentos têm o condão de desatar todas as amarras que impedem a marcha do progresso moral, que tem o poder de disciplinar, iluminando o intelecto.
O ignorante da
vida espiritual se apega muito ao progresso intelectual, porque neste se vêem seus
efeitos mais visíveis, por conseguinte, mais aceitáveis. O progresso moral é
menos visível em seus resultados, mais demorados seus efeitos, mais difíceis
seus frutos; assim, os imediatistas desistem de sua busca, mesmo que sejam
incentivados para tal.
Meditemos em
Paulo, em sua segunda epístola aos Coríntios, no capítulo quatro, versículo dezoito,
nesta exposição de valores: Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas
que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são
eternas.
A própria
ciência, nos dias que correm, já descobriu que as coisas que não se vêem pelos olhos
da carne, a olhos nus, são mais poderosas em todas as aplicações e, por vezes,
são deduzidas das coisas que se vêem. Eis porque o progresso moral chega depois
do material.
Quando as que se
vêem cansam com as suas ilusões, a alma passa a buscar as coisas eternas, que
agradam ao coração e fazem livres os sentimentos.
Devemos
compreender que nada impede a vontade de Deus. O mundo atual está passando por
duras provações, pelo esquecimento do progresso moral, todavia, a natureza se
encontra em reação, para ensinar a humanidade o que foi esquecido por
ignorância ou conveniência. As lições não deixam de ser aplicadas aos filhos
pródigos, para que eles voltem à casa paterna.
A Doutrina dos
Espíritos tem a sagrada missão de mostrar aos homens a moral cristã na sua limpidez
espiritual, para que sejam dominadas e expulsas todas as idéias das sombras, recamadas
nas consciências pelas mãos duvidosas da ignorância. Nada vai se perder nem acabar,
porém, o que vai acontecer é transformação, de modo que as próprias trevas
darão nascimento à Luz.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume XVI
João Nunes Maia
– Miramez (Espírito)
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
785. Qual o
maior obstáculo ao progresso?
“O orgulho e o
egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua
sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a
atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que,
a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o
Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e
que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de
coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que
o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e
infinitamente mais duradoura.” (Vide: Egoísmo, cap. XII.)
A.K.: Há duas
espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio, mas que, no
entanto, não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral.
Entre os povos civilizados, o primeiro tem recebido, no correr deste século,
todos os incentivos. Por isso mesmo atingiu um grau a que ainda não chegara
antes da época atual. Muito falta para que o segundo se ache no mesmo nível.
Entretanto, comparando-se os costumes sociais de hoje com os de alguns séculos
atrás, só um cego negaria o progresso realizado. Ora, sendo assim, por que
haveria essa marcha ascendente de parar, com relação, de preferência, ao moral,
do que com relação ao intelectual? Por que será impossível que entre o dezenove
e o vigésimo quarto século haja, a esse respeito, tanta diferença quanta entre
o décimo quarto século e o século dezenove? Duvidar fora pretender que a
Humanidade está no apogeu da perfeição, o que seria absurdo, ou que ela não é
perfectível moralmente, o que a experiência desmente.
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