Reunião pública de 22/6/59
Questão nº 392
Examinando o
esquecimento temporário do pretérito, no campo físico, importa considerar cada
existência por estágio de serviço em que a alma readquire, no mundo, o
aprendizado que lhe compete.
Surgindo
semelhante período, entre o berço que lhe configura o início e o túmulo que lhe
demarca a cessação, é justo aceitar-lhe o caráter acidental, não obstante se
lhe reconheça a vinculação à vida eterna.
É forçoso,
então, ponderar o impositivo de recurso e aproveitamento, tanto quanto, nas
aplicações da força elétrica, é preciso atender ao problema de carga e
condução.
Encetando uma
nova existência corporea, para determinado efeito, a criatura recebe, desse
modo, implementos cerebrais completamente novos, no domínio das energias
físicas, e, para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose natural como
recurso básico, de vez que, em muitas ocasiões, dorme em pesada letargia, muito
tempo antes de acolher-se ao abrigo materno.
Na melhor das
hipóteses, quando desfruta grande atividade mental nas esferas superiores, só é
compelida ao sono, relativamente profundo, enquanto perdure a vida fetal. Em
ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos de tenra
instrumentação fisiológica dos encarnados, tempo em que se lhes reaviva a
experiência terrestre.
Temos, assim,
mais ou menos três mil dias de sono induzido ou hipnose terapêutica, a
estabelecerem enormes alterações nos veículos de exteriorização do Espírito, as
quais, acrescidas às conseqüências dos fenômenos naturais de restringimento do
corpo espiritual, no refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações
do passado, para que se alivie a mente na direção de novas conquistas.
E, como todo
esse tempo é ocupado em prover-se a criança de novos conceitos e pensamentos
acerca de si própria, é compreensível que toda criatura sobrenade na
adolescência, como alguém que fosse longamente hipnotizado para fins
edificantes, acordando, gradativamente, na situação transformada em que a vida
lhe propõe a continuidade do serviço devido à regeneração ou à evolução clara e
simples.
E isso, na essência, é o que verdadeiramente acontece, porque, pouco a pouco, o Espírito reencarnado retoma a herança de si mesmo, na estrutura psicológica do destino, reavendo o patrimônio das realizações e das dívidas que acumulou, a se lhe regravarem no ser, em forma de tendências inatas, e reencontrando as pessoas e as circunstâncias, as simpatias e as aversões, as vantagens e as dificuldades, com as quais se ache afinizado ou comprometido.
Transfigurou-se,
então, a ribalta, mas a peça continua.
A moldura social
ou doméstica, muitas vezes, é diferente, mas, no quadro do trabalho e da luta,
a consciência é a mesma, com a obrigação de aprimorar-se, ante a bênção de
Deus, para a luz da imortalidade.
Livro: Religião
dos Espíritos – Emmanuel / Chico Xavier.
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