Conta-se que o dono de um
pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua e lhe
falou:
Sr.Bilac, estou precisando
vender o meu sítio, que o senhor conhece tão bem. Poderia redigir um anúncio
para o jornal?
Olavo Bilac, muito solícito,
apanhou um papel e escreveu:
Vende-se encantadora
propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada
por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão.
A casa, banhada pelo sol
nascente oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda.
Meses depois, o poeta topa com
o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.
Nem pensei mais nisso, disse o
amigo. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha.
Às vezes, para que possamos
reconhecer o valor dos tesouros que possuímos, é preciso que alguém nos abra os
olhos.
E isso não acontece somente
com relação aos bens materiais, mas também no campo afetivo.
Talvez motivados pela rotina
ou pela acomodação, passamos a observar apenas as manias ou os pequenos
defeitos daqueles que convivem conosco, esquecendo-nos das qualidades boas que
eles possuem.
Não é raro alguém de fora nos
surpreender com uma lista de virtudes dos nossos filhos, que passam
despercebidas aos nossos olhos.
Ou, então, um colega que
elogia nosso esposo ou esposa ressaltando qualidades que não estamos
percebendo.
Esposas que criticam o marido
porque ele não abre a porta do carro para ela, não puxa a cadeira para ela se
sentar, esquece o aniversário de casamento, não lhe oferece flores no dia dos
namorados...
Essas esposas não levam em
conta que aquele mesmo homem é um pai carinhoso, dedicado, é trabalhador,
honesto, e sempre que ela precisa, ele está por perto para ajudar.
Há maridos que desvalorizam
suas esposas porque não estão em dia com a moda, porque os cabelos brancos não
estão bem camuflados, porque não lhe dão atenção integral quando dela
necessitam...
Esses esposos certamente não
se dão conta do valor que essas mulheres têm. Não percebem quantas noites elas
são capazes de passar acordadas, vigiando o filho doente, e enfrentar dias
inteiros de trabalho exaustivo, sem reclamar.
Não se dão conta de que essas
mulheres, tantas vezes, fazem verdadeiros malabarismos financeiros para poupar
o marido de saber que o dinheiro do mês foi curto.
Mães e pais que criticam os
filhos porque não atendem a todos os seus caprichos, ou porque nem sempre fazem
as coisas como lhes determinam, esquecidos de que esses garotos e garotas têm
muito valor.
São jovens que prezam pela
fidelidade, que respeitam opiniões contrárias, que valorizam a família, que se
dedicam a causas nobres, jovens saudáveis e cidadãos de bem.
Assim, não façamos como o
comerciante que queria vender seu sítio, e ao ler o anúncio redigido por alguém
de fora, mudou de ideia.
Tenhamos, nós mesmos, olhos de
ver, ouvidos de ouvir e sensibilidade para sentir as boas qualidades e as
virtudes daqueles que nos seguem mais de perto.
Existem pessoas que nem sempre
conseguem demonstrar seus verdadeiros sentimentos.
Talvez por medo de uma
decepção ou por timidez, escondem-se atrás de uma couraça de proteção que as
faz sentirem-se mais seguras.
E essa forma de isolar-se,
muitas vezes pode aparecer disfarçada de agressividade ou de comportamento
antissocial.
É por essa razão que precisamos desenvolver nossa
capacidade de penetrar os sentimentos das pessoas, um pouco além das
aparências.
Redação do Momento Espírita com base em história de autor
desconhecido.
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