Quando o homem,
por primeira vez logrou o fascinante e perturbador sucesso de alunissar, a
cultura e a civilização saudaram, no fato, o início da Era Espacial com bólides
tripuladas, ampliando as possibilidades de futuras viagens interplanetárias em
cogitação não longe de tomar-se realidade.
Centenas de
milhões de televidentes acompanharam o evento com justificável emoção, ainda
mais, porque, à época, os projetos espaciais desviavam, por algum tempo, a
disputa na corrida armamentista das grandes Nações, que pretendiam maior poder,
galvanizando as atenções do mundo e ganhando o respeito dos povos, em face da
sua avançadíssima Tecnologia.
Projetos mais
audaciosos começaram a ser estudados e o Sistema Solar passou a merecer maior
atenção, como passo inicial, promissor, para mais amplos e fantásticos
empreendimentos, no campo da Astronáutica e da Biônia.
Não obstante
todos os notáveis resultados conseguidos e a expressiva signifição do
gigantesco esforço, o homem, em si mesmo, não apresentou melhores disposições para
a paz, nem para o bem.
Posteriormente,
retornaram as ciclópicas disputas bélicas e o armazenamento de mísseis e
artefatos nucleares de alto poder destrutivo prosseguiram, apavorantes, em detrimento
dos esforços da solidariedade, da compaixão e da assistência às Nações pobres, favorecendo-as
no precário desenvolvimento em que deperecém todas as suas forças e se
esfacelam os seus ideais.
As conquistas
das viagens espaciais serviram, tecnologicamente, para futuras aplicações
devastadoras, na programática de uma provável guerra de extermínio, em que a vitória
cabería ao povo que primeiro acione os engenhos mortíferos, ou que, numa
suposta reação, em face do anúncio dos computadores notificando agressão de
supostos inimigos, desencadeie a hecatombe geral por equívoco...
Os sofisticados
aparelhos de detecção dos artefatos destruidores que se adentrem pelos
delimitados espaços aéreos, têm a missão delicadíssima de advertir e preparar o
adversário, que mobilizará todas as suas forças em exíguos minutos, não
podendo, por isso mesmo, haver erro, sendo máquinas perfeitas.
Como, todavia, a
perfeição não pode caracterizar o homem, nem os seus transitórios feitos, não
seja de surpreender que as providências acautelatórias de defesa não venham
responder pela inconcebível e irrecuperável tragédia apocalíptica, em
decorrência de uma informação errada, um defeito imprevisível ou um dado incorreto,
conforme já sucedeu mais de uma vez, por pouco não se consumando a alucinação
devastadora, engendrada pelo homem sem Deus e produzida pela máquina,
destituída de sentimentos.
O homem, que
pisou o cinzento solo lunar, infelizmente, se ganhou em Ciência e Tecnologia,
não difere muito dos nautas audaciosos do passado, que lograram alcançar as
terras das índias pelos caminhos do mar ou dos estóicos conquistadores das
plagas americanas. . .
Não havendo
trabalhado o país do coração, nem asserenado as províncias da mente, todos os
logros e conquistas que o extasiam, passados os primeiros momentos,
espicaçam-lhe os sentimentos subalternos, desenovelando as forças brutas, que
nele jazem adormecidas, tomando-o verdugo do próximo, impiedoso, porque, escasseando
os valores do comedimento e da paz íntima, cedem lugar os vernizes sociais,
culturais e éticos aos estados das indômitas agressividade e violência.
Não pode,
portanto, prescindir o processo da evolução cultural, científica e tecnológica
da ética religiosa, vazada no Cristinismo primitivo, conforme os conceitos e a
vivência de Jesus.
Desfigurado e
adaptado às conveniências de indivíduos, grupos e Nações, que nele encontram
criminosas justificativas para as arbitrariedades que cometem: a escravidão, no
seu pluriaspecto: social, econômico, humano e ideológico; a perseguição
sistemática aos que pensam, obedecendo a esquemas não convencionais ou
permitidos; a dilapidação dos valores sobre os quais assentam os seus arraiais;
a guerra e os seus famigerados sequazes; o aborto delituoso; a abominável pena
de morte; os genocídios frequentes, incorrendo em outros crimes, não menores,
que passam, sem mais provocar alarde nem choque nas multidões vilipendiadas,
hebetadas pela soma incalculável de males já sofridos.,.
Mais do que nunca
o homem hodierno tem necessidade da pacificação cristã, como herdeiro que é da
vida, na qual se encontra colocado para progredir, amealhando bênçãos e
conquistando os recursos de enobrecimento mediante os quais, e somente através deles,
conseguirá a plenitude da felicidade.
Tomando como
norma de comportamento o “Sermão da Montanha”, seria possível reformar-se, de
imediato, por consequência modificando a sociedade, substituindo as velhas e caducas,
porém prevalecentes estruturas estabelecidas pelo egoísmo, seu terrível
adversário, que lhe vige no mundo interior dominante insaciável na sua mórbida
paixão de governança...
Para esse
cometimento, ante a falência das conquistas exteriores e dos códigos impostos
pelas conveniências da arbitrariedade humana, os Espíritos que se transferiram
do corpo, sem, porém, abandonarem a Vida, retomam à Terra, convocando as criaturas
ao despertamento pelo amor e pela razão, antes que a dor selvagem e devastadora
realize a tarefa de edificar o mundo dó futuro, onde a fraternidade e a
compreensão sejam predominantes nas almas, prenunciando a Era melhor da
harmonia de que fala o Excelso Principe da Paz...
Envidar
esforços, hoje e agora, em favor do esclarecimento das consciências humanas;
contribuir com amor em prol da solidariedade entre as criaturas; ceder ao bem
todos os investimentos possíveis; perseverar nos ideais relevantes e
enobrecedores; zelar pela ordem e viver a caridade sob a meridiana luz do
Evangelho desvelado pela Doutrina Espírita, são compromissos e deveres de todos
aqueles que confiamos na Vida e anelamos pelo bem na Terra como etapa próxima
de ventura para todos.
Livro: Terapêutica
de Emergência.
Espíritos
Diversos / Divaldo Franco.
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