quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Francisco, o Sol de Assis


Quando a Terra mergulhou nas trevas,
Atingiu a Idade Média e ficou às cegas,
Até que nasceu Francisco, o Sol de Assis.
Cedo iluminou as ovelhas do bom pastor,
Perseguidas por lobos vorazes, em pavor,
Porque Jesus de Nazaré assim o quis.

A nobre família Bernardone não percebeu
Que aquele jovem especial nunca foi seu,
Vinha cumprir um desígnio de antanho.
Foi pois com espanto e consternação
Que o viram misturar-se na multidão,
Trajando um saco de sarrapilheira castanho.

Tenho sincera admiração pelo Poverello,
Dos apóstolos, foi o favorito e mais belo,
Reencarnando nesse avatar como João.
O vidente de Pátmos desejou nos alertar
Que a besta apocalíptica a exterminar
Seria a anticristã Santa Madre Inquisição.

Por este motivo o Cristo lhe solicitou:
- Reconstrói a minha Igreja que soçobrou,
Sob o peso da ganância e do fanatismo!
O Irmão Alegria não se fez de rogado,
Cantou o Evangelho em todo o lado,
Livrando a Úmbria e o mundo do despotismo.

O cantor de Deus imitou tanto o Senhor,
Sendo exemplo fiel e puro do seu amor,
Que o seu corpo sangrava, estigmatizado.
Aquelas chagas e perfumadas feridas
São a gloriosa marca em outras vidas
Do que fizeram ao inocente crucificado.

Tamanho carisma numa só pessoa,
Só poderia resultar em coisa boa
E até os animais sentiam isso intuitivamente.
Era vê-lo atrair para si os passarinhos,
Que voavam prestos dos seus ninhos,
Chilreando, a fim de o saudar fraternalmente.
***
Vítor Santos / Espírito poético

Poema inspirado no livro Francisco, o Sol de Assis, cuja leitura recomendo.

Vorazes: insaciáveis.
Antanho: relativo ao passado.
Poverello: pobrezinho em italiano, foi uma das suas alcunhas.
Pátmos: ilha grega onde se acredita que João Evangelista viveu os seus últimos dias.
Úmbria: região de Itália.
Despotismo: tirania.
Prestos: apressados.

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