Para mim, meu
caro filho, as últimas impressões da existência terrena e os primeiros dias transcorridos
depois da morte foram muito amargos e dolorosos.
Quero crer que a
angústia, que naquele momento avassalou a minh’alma, originou-se da profunda mágoa
que me ocasionava a separação do lar e dos afetos familiares, pois, apesar de
crer na imortalidade, sempre enchiam-me de pavor de crer na imortalidade,
sempre enchiam-me de pavor os aparatos da morte; e dentro do catolicismo, que
eu professava fervorosamente, atemorizava-me a perspectiva de uma eterna
ausência.
Lutei, enquanto
me permitiram as forças físicas, contra a influência aniqüiladora do meu corpo;
mas foi uma luta singular a que sustentei, como sói acontecer aos corações
maternos, quando periga a tranqüilidade dos seus filhos.
Unicamente esse
amor obrigava-me ao apego à vida, porque os sofrimentos, que já havia
experimentado, desprendiam-me de todo o prazer que ainda pudesse me advir das
coisas terrestres.
Livro: Cartas de
uma Morta.
Maria João de
Deus / Chico Xavier.
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