0620/LE
Antes da união
com o corpo, a alma tem mais lucidez das leis naturais do que quando encarnada;
no entanto, é justo que observemos em primeiro lugar a sua evolução espiritual,
ou seja, o seu despertamento para as qualidades da vida.
É claro que não
podemos generalizar, porquanto existem muitos Espíritos encarnados que compreendem
as leis de Deus bem mais lucidamente do que muitos dos Espíritos fora da carne.
Isso, como já dissemos, depende da sua elevação, mas, no comum, a carne esconde
os poderes da alma, e faz que ela esqueça o que traz na consciência profunda. Porém,
a bondade de Deus é infinita e, instintivamente o homem percebe raios de
lembranças das leis que dirigem a todos.
A consciência
sempre marca para todos o que não deve ser feito, mas ela é qual um computador
divino, que somente aciona quando tocado. Depois do erro é que a consciência acusa.
Não há julgamento antes da falta; esse trabalho pertence à razão, que deve
analisar e escolher o caminho a percorrer. Como já falamos, as leis são para
todos do mesmo modo, entrementes, cada um as assimila de forma diferente.
Em tudo é
necessário o saber, pois com ele o amor é mais puro, assegurando, assim, a verdade.
O corpo é uma veste mais grosseira e impede a alma de certas lembranças, porque
em muitos casos, tais recordações podem prejudicar o Espírito. Deus não tem
pressa; Ele não deixa de operar constantemente. A lei é constante, embelezando
cada vez mais a vida pelos mesmos instrumentos, e o ser humano, já dotado de
razão e de outros princípios mais sutis, deve esforçar-se todos os dias para o
seu auto-aperfeiçoamento espiritual.
Os maus
instintos do ser humano agridem seus sentimentos, e nessa fusão de forças é que
te destinas a andar. O ambiente da Terra é agressivo, até certa evolução das
criaturas. Depois de passar por determinado grau, já não é preciso mais a
violência, que, como podemos observar, vai diminuindo seu comando na intimidade
da criatura. Estamos nos fins dos tempos maus, não no fim do planeta, ou no fim
da vida - isso é para os falsos profetas. Nada morre, apenas muda de expressão,
mas a mesma vida continua cada vez mais expressiva, compreendendo Deus com mais
pureza de sentimentos.
O Espírito
devedor, quando retorna à carne na Terra, é por duras provações, expiando
certas faltas que se enquadram no contexto de despertamento da alma. Quando se
livra destas, não mais precisa dessas agressões exteriores nem de conflitos
internos, passando a viver, depois das ventanias, um clima de paz, paz de
consciência, onde começa a felicidade verdadeira.
Se já
encontraste a Doutrina dos Espíritos, observa seus conceitos, analisa tua vida
e passa a modificar teus atos - que são mutáveis, não as leis de Deus - que
alteram os caminhos que estavam sendo percorridos pela tua invigilância. Podes buscar,
por tua vontade, a intuição das leis de Deus na consciência, pelos canais da
oração com Jesus. Tudo que o homem faz é mutável, pela sua posição de desequilíbrio na
escala a que pertence, mas, as leis de Deus são eternas como Ele, porque Deus é
Perfeição.
Os maus
instintos são somente para os maus Espíritos. Se ainda conservas a maldade em
ti, certamente que ela te perseguira. Vamos conhecer a Deus mais um pouco, e a
Sua justiça, que o mais nos vem por acréscimo de misericórdia.
Enquanto
perseguirmos, seremos perseguidos; enquanto injuriarmos, seremos injuriados; enquanto
vermos os defeitos alheios, esquecendo os nossos, seremos visados por eles e caluniados.
Não podemos proceder desta forma, somente vendo o mal nos outros, enquanto a nossa
vida palmilha no erro. Vejamos o que nos diz Mateus, refletindo Jesus: Ou como
dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens uma trave
no teu? – Jesus / Mateus, 7:4.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume XIII
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
620. Antes de se
unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de
encarnada?
Compreende-a de
acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição
quando unida ao corpo. Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o
homem a esqueça.
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