Sob o fragor da
tempestade que domina as paisagens morais da Terra, Cristo é a Bonança,
sustentando-nos na luta ingente, na conjuntura desesperadora.
Ante as
circunstâncias que se nos apresentam rudes e calamitosas —efeito natural da
irresponsabilidade e da insânia do passado —, ao invés da posição derrotista e
acomodada, neurótica e pessimista, reunamos as forças claudicantes,
investindo-as na ação libertadora.
O programa que
se nos desdobra, à frente, é um desafio ao valor moral e à resistência
espiritual dos cristãos decididos, porque de amor.
Não obstante o
socorro aos que tombaram sob a vigorosa tormenta, e que ameaça os caminhantes
descuidados, apliquemos todos os possíveis esforços na educação e apoio da
criança, trabalhando, desde hoje, pela humanidade de amanhã.
Na raiz da
violência do adulto jaz uma criança amarfanhada, confundida, infeliz.
Em cada agressor
pulsa um coração infantil assaltado pelo medo.
Na gênese do
desconcerto social existe uma vida que foi estiolada no nascedouro.
A marginalização
da criança engendra a delinquência juvenil, carreando para o adulto a loucura e
a destruição.
Toda e qualquer
providência que vise a mudança da atual paisagem humana da Terra, por mais
respeitável, não poderá lograr êxito, se não tiver como suporte a criança, que
prossegue sendo o amanhecer do futuro.
Nesse sentido,
todos os recursos devem ser canalizados para esse fanal, obviamente não
esquecendo de minimizar-se a situação dos mutilados do corpo e da alma, que
transitam sob conjunturas infelizes, agredidos em si mesmos e agressores,
revoltados contra todos.
Orientação sobre
o sexo com responsabilidade — educação dos adultos; conscientização em torno da
estrutura familiar — educação comunitária; dignificação do indivíduo, que
deverá possuir o mínimo que seja para sobreviver como cidadão — educação dos
governantes; orientação espiritual em torno do destino imortal, lavrado na
realidade, sem tabus nem superstição — educação religiosa; exemplos de enobrecimento
humano e respeito à criatura — educação infantil; apoio e socorro aos carentes
de pão e de paz, de amor e de solidariedade — educação social, constituem alguns
itens para, encarados de frente, encetar-se a tarefa de transformar o momento
de angústias que se vive, nos risonhos dias de alegrias que chegarão.
Não se trata de
uma fácil tarefa ou de um difícil empreendimento, mas de um compromisso que o
homem do presente mantém em relação com a sociedade porvindoura.
Ninguém se pode
escusar de iniciar este ministério: o de preparar o futuro.
Aquele que se
não considere em condições de levantar o edifício da paz, não negue o tijolo da
cooperação; quem não se acredite capaz de doar o teto, não deixe de oferecer a
telha indispensável; não podendo fazer tudo, contribua com a sua parte, porém,
não se detenha a gerar problemas, apontando erros e impedindo-se a solução
deles.
O jovem carente
torna-se o adulto desditoso, sem rumo.
A criança
esfaimada, talvez sobreviva à falta do leite e do pão, nos primeiros dias da
vida infantil, porém, marcada pela degenerescência cerebral, que a armará de
violência e de idiotia, fará que ela cobre a indiferença sócio-econômica de que
foi vítima.
... Enquanto
prolifera aritmeticamente a natalidade entre as chamadas classes abastadas, nos
guetos e favelas multiplica-se geometricamente a vida humana que, nessa ordem,
quando menos se espere, assomará, desnutrida e agressiva, em grande mole, promovendo
o caos...
Não há, para o
problema, solução de emergência. Ninguém se deixe enganar.
Cada família
seja um santuário de amor e um teto para o pequenino de hoje, tombado a
rés-do-chão.
Cada lar abra
suas portas a uma criança agora sem rumo, oferecendo-lhe diretriz.
Cada criatura
doe ternura a uma vida que começa, encaminhando-a para o bem.
... E enquanto
não chega a hora de assim proceder-se, cooperemos com os ninhos de amor, que
são os lares coletivos onde gorjeiam esses seres canoros que, na infância
inocente, merecem e possuem o “reino dos Céus”, conforme afirmou Jesus,
auxiliando-os, de nossa parte, a serem felizes nas paisagens da Terra, por onde
seguem na atualidade, para não perderem a plenitude que os aguardará no futuro
espiritual.
Livro: Terapêutica
de Emergência.
Espíritos
Diversos / Divaldo Franco.
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