Coração, sou a
débil manifestação da vida que lhe roga socorro e compaixão. Não me deixe
sucumbir. Originado num momento de enlevo, peço-lhe misericórdia e oportunidade
de êxito.
Semelhante a
cristalino orvalho, detenho-me nas pétalas da rosa da infância, sacudido por
ventos infrenes que me ameaçam.
Nas horas
ardentes do dia, o sol das paixões me rouba a vitalidade e, no silêncio das
noites sofro o guante do frio que sopra, impiedoso, ceifando a haste que me
sustém, usurpando a minha estabilidade.
Ajude-me agora,
enquanto eu sou uma esperança.
Depois, talvez,
seja muito tarde.
Ainda conservo a
pureza sem mácula, guardando luminosidade interior.
Tombando ao
solo, confundir-me-ei com o pó, transformando-me em lodo vil.
Não me oculte
sua mão socorrista nem se faça surdo ao meu apelo.
Enquanto os seus
filhinhos dormem em leitos fofos, carinhosamente cuidados, eu sou qual avezita
abandonada em ninho desfeito, que tombou sem abrigo...
Eles recebem os
seus beijos quentes em faces coradas, ao tempo em que a minha palidez se
umedece de suor, após a febre que me assinala a presença pertinaz da doença
zombeteira.
Fitando os seus
amores — jóias preciosas com que o Pai Celeste coroou o seu amor — lembre-se de
mim, ameaçado e a sós, sem mãos que me agasalhem nem coração que me receba. Não
me recuse a oportunidade de viver. Não demore em me receber.
Transforme-se em
teto de santificação que me guarde e, por amor, alongue-me seus braços. Você me
encontrará facilmente. Sou esse corpo infantil que fita a migalha de compaixão
que você ainda não quis oferecer.
Você discute a
forma como ajudar-me, e eu sofro a impiedade de uns, a perseguição de outros,
contagiando-me nos males de muitos...
Você debate a
melhor pedagogia para aplicar em favor do meu esclarecimento, e a Escola da
Vida, com o descuido de tantas almas, desagrega, com as ferramentas do
pessimismo e do desencanto, as minhas possibilidades, malbaratando os meus
recursos ainda intactos, no cofre do sentimento.
Levante-se,
coração maternal, e venha salvar-me por amor aos seus próprios filhos.
Abandonado, poderei tornar-me ameaça ativa e continuada à felicidade deles...
E recorde que,
se você houvesse partido para a Mansão dos Bem-aventurados deixando, na Terra,
os seus filhinhos, você bendiria aqueloutras mães que os aconchegassem ao seio,
defendendo-os e guiando-os.
Também eu, no
Reino da Ventura Inefável, tenho um anjo em forma de mãe, rogando a Jesus para
que você me recolha no lar de amor onde vibra o seu abençoado coração.
Livro:
Terapêutica de Emergência.
Espíritos Diversos / Divaldo Franco.
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