Aos vexilários
dos ideais do enobrecimento humano sempre se ofereceram o apodo, as
dificuldades e perseguições gratuitas.
Aos missionários
da ciência jamais se favoreceram triunfos, realizações culminativas, êxitos nos
empreendimentos.
Aos sacerdotes
do amor e da paz nunca se concederam as láureas da lídima realização que
perseguiam.
Em todas as
épocas, nos mais variados rincões do mundo, a obra da cizânia se estabelece
entre os que se dispõem à edificação; os aranzéis se fazem nos recintos do trabalho
nobre e a perfídia procura agasalho entre os que operam pela libertação do
homem, por aí grassarem, não raro, a invigilância, as paixões inferiores.
De Sócrates a
Sêneca, de Galileu a Gandhi, a Humanidade acompanhou toda uma trajetória de
mártires, de pioneiros, de heróis que deram a própria vida para profligarem o
niai e estabelecerem as diretrizes do bem.
De Jesus a João
Huss, a Martin Luther King Júnior a Humanidade acompanhou a odisséia da
construção do mundo novo entre as barricadas ofensivas da insensatez e da
malquerença.
Ontem, a Humanidade
viu o esquartejar de Tiradentes, laborando pela liberdade do homem, e há pouco
Bottsmann, autor da conceituação cibernética, suicidou-se para fugir à sanha
dos seus perseguidores que o anatematizavam, fazendo-lhe da vida um verdadeiro
pandemônio...
Não cause
surpresa e ninguém estranhe a aparente predominância do mal na Terra. Espíritos
acumpliciados milenarmente com o vício, milenarmente acomodados ao modus operandi
da satisfação material, dificilmente podem partir na direção da luz, rompendo,
em definitivo, com as amarras da própria imperfeição. Todavia, nesse mar de
dificuldades e no acrisolar de todas as dores, levantam-se os trabalhadores
autênticos dos veros ideais da Humanidade, erguendo o mundo de realizações
profundas que já assinala a hora transitória que se vive no planeta.
Quando a sombra
da discórdia trouxer os raios da perturbação ao ambiente de trabalho cristão,
ninguém sintonize com as correntes deletérias da impiedade; quando as forças
truanescas, desagregadas pelas mentes que se privilegiam na dominação absurda de
consciências humanas, estabelecerem conflitos, desordens, exija-se a disciplina
para si mesmo e a manutenção da ordem, sem, no entanto, participar do
desequilíbrio dominante; quando o chavascal ameaçar as leiras santificantes da
ação cristã, que se detenha a leviandade com elevada expressão de amor, mas que
se não deixe mergulhar no pantanal das lutas insanas, na perturbação verbalista
dos desocupados e zombeteiros. A obra desafiadora que nos aguarda, impõe-nos
uma atitude digna perante a vida, na qual a alegria não pode receber o
acumpliciamento da vulgaridade, nem o dever pode ser substituído pela
leviandade contumaz, em nome do misoneísmo e de uma realização que se oculta em
eufemismos de trabalhos especiais, porque Jesus, o construtor do Orbe, antes de
lançar-se no esforço de conduzir a Humanidade para os altos cimos, não
desdenhou a carpintaria modesta de José, ensinando, Ele mesmo, pelos atos, que
o ideal verdadeiro do homem parte da sua ação constante, operosa, no bem, num
clima de elevação e de sobriedade.
Convidados para
realizar o mundo novo em nós, conosco, e em tomo de nós, não nos deixemos
afligir pela balbúrdia dos desocupados, nem os agasalhemos; não soframos pelas
pedradas dos que se comprazem em perturbar antes que ajudar; mas não lhes demos
guarida, continuando de fronte erguida e de ideal levantado, porque estamos
servindo a Jesus Cristo e não aos homens, e ao Cristo Jesus prestaremos conta e
não aos companheiros.
Igualmente não
apliquemos indevidamente o tempo na discussão inoperante, vazia, nem fechemos
as portas à caridade fraternal, ou, tampouco, deixemo-nos contagiar pela
enfermidade ultriz que visita o século, que é a ociosidade, geradora de mil
males, que tem tentado obstaculizar a marcha do progresso.
Não aguardem os
companheiros o aplauso vazio, o apoio insensato, nem a odisséia da perturbação
que inquieta por dentro embora agrade por fora.
A obra do Senhor
se baseia no sacrifício pessoal e na dedicação exclusiva a esse ideal, que deve
constituir a função essencial da vida de quem despertou para a verdade e a ela
se entrega em clima total.
Não há lugar
hoje como não houve ontem para os lídimos operários do bem. E se os houvesse,
ditos lugares desviá-los-iam do ministério para o incensório mentiroso dos que
se comprazem nas ilusões e nos jogos de uma sociedade esvaziada de objetivos enobrecidos,
por enquanto.
Sem recear, mas
sem provocar; sem temer, mas sem fugir da luta, estejam certos os espíritas,
cristãos novos, que se aos primitivos operários de Jesus foi exigido o
sacrifício da vida pelo martírio, na praça pública, dos construtores da nova
civilização, os missionários da Revelação Terceira, não menor quota de
sacrifício lhes será solicitada, no país da alma, na região da consciência e no
continente do ser, em mil formas de perseguição, calúnia, opróbrios e açoites
da impiedade. Todavia, acima de todas as circunstâncias que afligem e
perturbam, Cristo, em triunfo, concederá àquele que lhe tiver o sinal da mansuetude,
do trabalho, a auréola da libertação para a vitória total no reino da perene
luz.
Livro:
Terapêutica de Emergência.
Espíritos
Diversos / Divaldo Franco.
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