Ouço-te, às vezes, coração amigo,
Em torno ao bem, numa questão qualquer:
— “Farei... Conseguirei... Conta
comigo...
Se Deus quiser, se Deus quiser...”
Mas não te alteres, a pretexto disso.
De segundo a segundo, estrada a estrada,
A Vontade de Deus é revelada
Em bondade e serviço.
Fita os quadros da gleba, campo afora:
Tudo o que existe, vibra, luta e sente,
Serve constantemente,
Dia-a-dia, hora a hora!...
De alvorada alvorada, o Sol fecundo,
Sem aguardar requerimento
Garante sem cessar o equilíbrio do mundo
De seu carro de luz no firmamento.
A fonte, a deslizar singela e boa,
Passa fazendo o bem,
Dessedenta, consola, alivia, abençoa
Sem perguntar a quem...
Sem recorrer a humanos estatutos,
Nem a filosofias enganosas,
A laranjeira estende os próprios frutos,
A roseira dá rosas...
O lírio não se ofende, nem reclama:
Sobre a terra onde alguém lhe deitou a
raiz,
Seja em vaso de estufa ou num trato de
lama,
Desabrocha feliz.
Assim no mundo, coração amigo,
Faze o bem onde for, seja a quem for;
Em toda parte, Deus conta contigo
Na tarefa do amor.
Livro: Antologia da Espiritualidade.
Maria Dolores / Chico Xavier.
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