Invadiu-me certa vez uma inexorável perplexidade
acerca do sentido da vida.
Decidi, então, peregrinar por este mundo em fora, para
decifrar tão profundo enigma.
A todos os seres que encontrava propunha a questão.
À frondosa árvore, enraizada no centro de grande
praça, supliquei que me revelasse sua verdadeira missão.
Explanou-me ela:
"Em primeiro lugar, devo manter-me viva, forte,
saudável, para melhor poder cumprir meu papel.
Em segundo, descobrir exatamente qual seja este papel.
E, por fim, desempenhá-lo diligentemente.
A mim cabe proteger os peregrinos que por aqui passam,
nos tórridos dias de verão, ofertando-lhes minha generosa sombra."
Segui adiante e deparei-me com um belo gato siamês.
Segredou-me ele que sua missão consistia em fazer
companhia a uma velha senhora, ofertando a ela todo seu encanto e ternura.
Por muitos e muitos dias, por escabrosas veredas, feri
meus pés à procura de respostas à pungente dúvida.
O esforço foi sobejamente recompensado. Mas eu sentia
que era preciso ainda ouvir uma sábia opinião de um representante do gênero
humano.
Finalmente, após fatigante busca, no alto de um
outeiro, encontrei um sábio anacoreta, longas barbas brancas, olhar perdido no
horizonte, a meditar...
Acolheu-me amavelmente. Após ouvir, todo paciência e
atenção, meu relato e minhas súplicas, sentenciou gravemente:
"Meu prezado buscador. Os sábios seres da
natureza propiciaram a ti as respostas.
Já és possuidor do inefável segredo. Não obstante, mais
posso aduzir:
Caso descobrires que és uma árvore, sejas realmente
uma árvore; se fores um gatinho, não te constranjas em ofertar toda tua
meiguice; e se um leão, coloca sempre toda tua energia em tudo que fizeres.
Enfim, é preciso descobrir teus verdadeiros talentos,
aprimorá-los, produzir os melhores frutos, e então, ofertá-los
generosamente."
* * *
Ninguém habita este planeta sem objetivo, sem
finalidade maior.
Aquele
que cultiva a terra realiza uma missão. Como aquele que governa ou que instrui.
Tudo se encadeia na natureza. Ao mesmo tempo que o
Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a realização
dos desígnios da Providência.
Cada um tem sua missão na Terra. Cada um pode ser útil
para alguma coisa.
Desta forma, buscadores que somos, o que devemos
encontrar é a nós mesmos, descobrindo depois no que podemos ser úteis.
Que habilidade temos? Quais são nossos talentos? O que
podemos fazer pela comunidade ao nosso redor?
É tempo de descoberta e de ação. Cada dia na Terra é
oportunidade única que não pode mais ser desperdiçada com as distrações e
ilusões que criamos ao longo das eras.
Redação do Momento Espírita com
base em texto do
livro A magia das palavras, de
Ramiro Sápiras.
Estudando
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
573
Em que consiste a missão dos Espíritos quando encarnados?
R – Instruir os homens, ajudar em seu adiantamento,
melhorar suas instituições pelos meios diretos e materiais; mas as missões são
mais ou menos gerais e importantes: aquele que cultiva a terra realiza uma
missão, como aquele que governa ou que instrui. Tudo se encadeia na Natureza;
ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma,
para a realização dos desígnios da Providência. Cada um tem sua missão na
Terra, cada um pode ser útil para alguma coisa.
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