"Bem-aventurados
os que choram, pois que serão consolados." Jesus / Mateus, 5:4
Toda vez
que uma desgraça se abate sobre um homem, a verdadeira desgraça para ele é não
saber receber devidamente o infortúnio que lhe chega.
Desgraça,
realmente, é o mal, o prejuízo, o dano que se pode praticar contra alguém e não
o que se recebe ou se sofre.
O que
muitas vezes tem aparência de desgraça - e isto quase sempre - é resgate
intransferível e valioso que assoma à alfândega do devedor, cobrando-lhe os
débitos livremente assumidos e aceitos. Das mais duras provações sempre
resultam benefícios valiosos para o espírito imortal. Há que considerar cada um
a própria posição que mantém na vida terrena para avaliar com acerto os
acontecimentos que o visitam.
Quando
somente se experimentam as emoções físicas e conceituamos os valores imediatos,
desgraças, em realidade, para tais, são os pequenos caprichos não atendidos, as
veleidades vaidosas não respeitadas, as ambições ridículas não satisfeitas que
assumem papel preponderante e se transformam em infelicidades legítimas,
porquanto, ignorando propositalmente as realidades superiores, esses
descuidados se apegam às menores coisas e aos recursos de nenhuma monta,
derrapando para a irritabilidade, as paixões, a loucura, o suicídio: desgraças
que levam o espírito às províncias de amarguras inomináveis, a vencerem tempo
sem limite em etapas de dor sem nome...
As
desgraças que foram convencionadas como: perda de saúde, prejuízos financeiros,
ausência de pessoas amadas, desemprego, acidentes, abandono por parte de
queridos afetos, se constituem áspero testemunho que chega ao ser em jornada
redentora, se transformam também em portal que, transposto estoicamente,
descerra a dádiva da felicidade permanente e enseja paz sem refrega de luta em
atmosfera de harmonia interior.
Quando o
infortúnio não resulta de imediato desatino ou leviandade é bênção da Vida à
vida, facultando vitória próxima.
Nesse
particular os Espíritos Superiores levam em alta consideração os sofrimentos
humanos, as desgraças que abatem homens, famílias, povos e, pressurosos, em
nome da Misericórdia Divina, acorrem a ajudar e socorrer esses padecentes,
dando-lhes forças e coragem para permanecerem firmes e confiantes, buscando
diminuir neles a intensidade da dor, e, noutras circunstâncias, tendo em vista
os novos méritos que resultam das conquistas individuais ou coletivas,
desviando-as, atenuando-as, impedindo mesmo que se realize, pela constrição do
sofrimento, a depuração espiritual, o que faculta meios de crescimento pelo
amor em bênçãos edificantes capazes de anular o saldo devedor constritivo e
perseverante, porque se a Justiça Divina é rigorosa e imutável, a Divina
Misericórdia se consubstancia no amor, tendo-se em vista que Deus, nosso Pai
Excelso, “é amor”.
Joanna de
Angelis / Divaldo Franco – Livro: Florações Evangélicas.
"De
duas espécies são as vicissitudes da vida, ou se o preferir, promanam de duas
fontes bem diferentes, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida
presente; outras, fora desta vida." (O Evangelho Segundo o Espiritismo /
Allan Kardec , Cap. 5º Bem- aventurados
os Aflitos - Item 4)
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