Encontrarás nas
trilhas da beneficência quem se refira às grandes obras, gigantescas e impecáveis,
desprezando a migalha que possas estender em benefício dos semelhantes.
* * *
Indubitavelmente,
chegaremos um dia, na Terra, à consolidação de instituições benemerentes,
ciclópicas e perfeitas, nas quais ciência e a fé, o progresso e a ternura humana
se unam em sintonia para materializarem os preceitos de Jesus, apagando do dicionário
terrestre certas palavras-pesadelo, como sejam "penúria",
"guerra", violência" e "opressão".
Entretanto, não
consideres ninharia o diminuto auxílio que alguém consiga providenciar, a favor
de alguém.
* * *
Qual acontece
nos planos da natureza, onde a semente é o traço de ligação entre a plantação e
a colheita, nas esferas do Espírito a migalha é o agente intermediário entre o sonho
e a realização.
* * *
Onde o sábio que
houvesse iniciado o caminho da cultura, sem as letras do alfabeto, ou o gênio
musical que atingisse a culminância artística, sem se haver disposto a começar
a própria cultura pelas sete notas?
* * *
O prato de
alimento que ofereces será talvez o recurso providencial que impedirá a queda desse
ou daquele companheiro, na curva descendente para a enfermidade irreversível, e
a alegria que proporcionas a uma criança pode criar nela a inspiração do bem
para a vida inteira.
Por outro lado,
há doentes que, embora garantidos no campo econômico pela base de milhões,
apenas se aliviam com o apoio de um comprimido salvador, e criaturas outras que,
apesar de guardarem posses imensas, a fim de serem realmente felizes
tão-somente esperam algumas poucas palavras de afeto e entendimento daqueles a
quem mais amam.
Não desprezes o
pouco que se possa fazer pela felicidade dos semelhantes, recordando que mais
vale um pão nas horas de necessidade e carência que um banquete nos dias de saciedade
e vitória.
* * *
Se não podes
entender o maravilhoso serviço que se atribui à migalha, medita nas lições incessantes
da vida. E compreenderás, por fim, que a estrela mais fascinante do firmamento,
conquanto se revele como sendo um espetáculo do Divino poder, nas trevas da
noite não consegue penetrar a choupana isolada onde um coração de mãe suplica pela
presença de Deus e aí desempenhar a bendita missão de uma vela.
Livro: Rumo
Certo.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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