“E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos renovando a vossa mente, afim de poderdes discernir qual é a
vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito.” (Romanos, capítulo 12º, versículo
2)
Por que se resiste a mudanças? Qual o
princípio que asfixia os germes de renovação que nascem em quase todos os
instantes na alma dos discípulos do Evangelho?
Obviamente que não é uma condição natural da
vida transformações constantes e súbitas. As ciências que estudam as funções do
corpo físico definem homeostase como a tendência à estabilidade do meio interno
do organismo. Portanto, a resistência à mudança é um instinto perfeitamente natural
e, por isso, compreensível.
Não podemos esquecer que os costumes são
instrumentos importantes e determinantes na evolução, porém só quando
inspirados do fluxo da Vida Superior.
Existe o lado útil das convenções, mas é
preciso identificá-lo.
É hábito comum da sociedade aderir muito mais
ao rigor do convencionalismo do que se ligar às novidades elaboradas pelas
revoluções sociais e morais. Os seres humanos têm medo inato do desconhecido.
Os grandes
gênios da civilização ofereceram à criatura humana contribuições
importantíssimas em todas as áreas do pensamento.
Investigaram as
leis naturais e cooperaram efetivamente com o avanço da humanidade. Abandonaram
o “sábado” da passagem evangélica (Marcos, capítulo 2º, versículo 27. 1), que representa
a tradição rigorosa, e adotaram a independência interior para perceber “o que é
bom, agradável e perfeito”, conforme assevera Paulo aos romanos.
Quando o
apóstolo dos gentios escreveu essa exortação, desejava dizer que a “vontade de
Deus” regula o aperfeiçoamento da humanidade, mas é preciso que suas criaturas
fiquem receptivas à marcha do progresso inspirada por Ele.
É contra-senso
valer-nos do nome do Cristo para ficarmos estagnados no interior do “edifício
carcomido do passado, que não está mais em harmonia com as necessidades novas e
com as novas aspirações” (O Livro dos Espíritos, questão 783 – Allan Kardec).
A resistência a
mudança e a renovação que impera na família cristã em seus diversos setores
(nas assembléias protestantes, nos templos católicos ou nas casas espíritas)
tem raízes:
Na falta de
amadurecimento - esquecendo que “a natureza não dá saltos”, atribuímos tudo o
que não conseguimos compreender à influenciação de espíritos maléficos, e
procuramos o inimigo na vida exterior, quando devíamos reconhecer nossa
imaturidade;
Na privação de
instrução generalizada - requer-se da equipe espírita, e de cada um de nós
pessoalmente, um conhecimento mais global; não apenas de um setor, o espiritual
por exemplo; é preciso integrarmos os conhecimentos e sua devida
correspondência com todas as áreas da cultura vigente;
No egoísmo - as
mudanças podem ser boas para os outros, ou mesmo para todo o grupo de ação,
mas, se não forem particularmente boas para nós, refutamos a elas;
Na ausência de
autoconfiança - inovações exigem capacidade e novas habilidades a ser adquiridas;
porém se não temos auto-estima suficiente para enfrentar desafios, nós as
condenamos;
Em preconceitos
- é difícil nos libertarmos das correntes de preconceitos que muitos de nós
reverenciamos. É necessário esperar e compreender o aperfeiçoamento natural e
espaçado da marcha humana.
O Senhor da Vida
concede-nos no presente mudança e renovação, para que possamos libertar-nos da
ignorância do passado e adquirir conhecimentos para o futuro, rumo à ascensão
espiritual.
Livro: CONVIVER
E MELHORAR
Lourdes
Catherine e Batuíra / Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
783. Segue
sempre marcha progressiva e lenta o aperfeiçoamento da Humanidade?
Há o progresso
regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém, um povo não
progride tão depressa quanto deveria, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um
abalo físico ou moral que o transforma.
A.K.: O homem
não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a
finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas.
As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas idéias pouco
a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o
desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em
harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações.
Nessas comoções,
o homem quase nunca percebe senão a desordem e a confusão momentâneas que o
ferem nos seus interesses materiais. Aquele, porém, que eleva o pensamento
acima da sua própria personalidade, admira os desígnios da Providência, que do
mal faz sair o bem. São a procela, a tempestade que saneiam a atmosfera, depois
de a terem agitado violentamente.
“O sábado foi
feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Jesus / Marcos
2:27.
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