Narra antiga
lenda que, após a descida de Jesus da cruz, Nicodemos, muito comovido, guardou
o lenho e pôs-se a esculpir nele o amado amigo, conforme o vira pela última
vez.
Trabalhou por
largo período com esforço e carinho, realizando uma escultura excepcional.
Deixara, porém,
o rosto para fazê-lo em último lugar.
No entanto, por
mais que tentasse não conseguia transmitir à madeira rústica a incomparável
expressão de sofrimento e amor com que o Mestre exalara o último suspiro.
Já desanimado e
supondo-se incapaz de fazê-lo, adormeceu, numa oportunidade, exausto e triste,
ante a magnífica obra inacabada.
Sonhou, então,
que um anjo se acercou da escultura e, rapidamente realizou o que ele tanto
desejara fazer sem o conseguir.
No auge do
júbilo, Nicodemos despertou e, antes de lamentar haver sido apenas um sonho, se
deparou com a face do Cristo superiormente esculpida, completando com perfeição
o conjunto harmonioso.
* * *
Na cidade de
Lucca, na Itália, encontra-se a Santa face, uma obra escultural de autor
desconhecido, que a fantasia popular e religiosa vestiu de lenda...
Deixando à
margem o exagero, descobrimos uma simbologia oportuna que merece reflexão.
Na sociedade
moderna, em que a justiça, o amor e a liberdade são sacrificados, permanecem os
instrumentos de flagelação que o cristão, à semelhança de Nicodemos, deve
transformar na face da paz e do perdão, em favor de uma vida digna de ser
preservada.
Quando, no
entanto, os esforços parecerem inúteis e vãos, já à beira do desalento, os
Espíritos da luz vêm auxiliar a completar a obra que refletirá a presença do
Cristo sustentando a criatura desesperada e infeliz.
* * *
Cada um vê a
face do Senhor, no mundo, conforme a sua necessidade.
Madalena a viu
de uma maneira diversa de Pilatos.
Pedro a conhecia
de forma diferente de Judas.
João percebia a
face do Mestre de forma diversa de Tomé, e assim por diante.
Ainda hoje é
assim.
Deixe-se, pois,
esculpir pelos anjos, de modo a oferecer a todos, a confortadora face do Senhor
impressa em sua conduta.
Redação do
Momento Espírita com base no cap 24, do
livro Seara do bem, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. Leal.
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