Porque se dizia
Jesus, ora Filho do homem, ora Filho de Deus? Se ele era filho do homem, como
podia ser filho de Deus? E se era filho de Deus, como podia ser filho do homem?
Há sabedoria
nesta expressão do Senhor, como, aliás, em todas as palavras que proferiu.
Ele era filho do
homem porque a Criação é uma só, obedece à mesma ordem, à mesma lei com relação
a todos os seres criados. Não há privilégios, não há distinção: unidade de
programa, unidade de gênese, unidade de destino; Jesus, portanto, em tal sentido,
é o Filho do homem; e é o Filho de Deus porque desde que o Pai o sagrou como diretor
espiritual deste orbe, a cuja fundação presidiu, nela colaborando, de há muito havia
ele conquistado o reino dos Céus; de há muito se achava integralizado na vida eterna,
na imortalidade. Daí o seu dizer: "Vós sois cá de baixo, eu sou lá de
cima."
Jesus não é
Deus, como pretendem os credos dogmáticos, nem tão-pouco é homem, no sentido
vulgar, como querem as vãs filosofias negativistas. Entre o homem e Deus medeia
um abismo, onde a vida palpita em seus mais belos esplendores. Se aquém da
humanidade pululam os seres inferiores, debaixo de formas incontáveis, além da humanidade
ostentam-se os seres superiores sob infinitos aspectos. Aquém e além da Terra
verifica-se o mesmo fenômeno: a vida em seu movimento ascensional e triunfante.
Os extremos da
simbólica escada de Jacob, por onde desciam e subiam anjos, perdem-se, dum lado
no infinitamente pequeno, doutro lado no infinitamente grande.
O microcosmo e o
macrocosmo revelam Deus.
Livro: Nas
Pegadas do Mestre.
Vinicíus.
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