Jesus-Homem é a
lição de vida que haurimos no Evangelho como convite ao homem que se deve
edificar.
Não havendo
criado qualquer doutrina ou sistema, Jesus tornou a Sua vida o modelo para que
o homem se pudesse humanizar, adquirindo a expressão superior.
No Seu tempo, e
ainda agora, o homem tem sido símbolo de violência, prepotência e presunção,
dominador exterior, estorcegando-se, porém, na sua fragilidade, nos seus
conflitos e perecibilidade.
Após os Seus
exemplos surgiu um diferente homem: humilde, simples, submisso e forte na sua
perenidade espiritual.
Enquanto os
grandes pensadores de todos os tempos estabeleceram métodos e sistemas de
doutrinas, Ele sustentou, no amor, os pilotis da ética humanizada para a
felicidade. Não se utilizou de sofismas, nem de silogismos, jamais aplicando
comportamentos excêntricos ou fórmulas complexas que exigissem altos níveis de
inteligência ou de astúcia.
Tudo aquilo a
que se referiu é conhecido, embora as roupagens novas que o revestem. Utilizou-se
de um insignificante grão de mostarda, para lecionar sobre a fé; recorreu a
redes de pesca e a peixes, para deixar imperecíveis exemplos de trabalho; a
semente caindo em diferentes tipos de solos, para demonstrar a diversidade de
sentimentos humanos ante o pólen de luz da Sua palavra. O "Sermão da
montanha" inverteu o convencional e aceito sem discussão, exaltando a
vítima inocente ao invés do triunfador arbitrário; o esfaimado de justiça, de
amor e de verdade, em desconsideração pelo farto e ocioso, dilapidador dos dons
da vida. Jesus é a personagem histórica mais identificada com o homem e com a
humanidade.
Todo o Seu
ministério é feito de humanização, erguendo o ser do instinto para a razão e
daí para a angelitude. Igualmente, é o Homem que mais se identifica com Deus.
Nunca se Lhe refere como se estivesse distante, ou fosse desconhecido, ou
temível. Apresenta-O em forma de Amor, amável e conhecido, próximo das
necessidades humanas, compassivo e amigo. Reformula o conceito mosaico e atualiza-
o em termos de conquista possível, aproximando os homens d’Ele pela razão
simples de Ele estar sempre próximo dos indivíduos que se recusam a doar-se-Lhe
em amor. Referindo-se ao "reino", não o adorna de quimeras nem o
torna pavoroso; antes, desperta nos corações o anelo de consegui-lo na
realidade da transcendência de que se reveste. Nega o mundo, sem o maldizer,
abençoando-o nas maravilhosas paisagens nas quais atende a dor, e deixa-se
mergulhar em meditações profundas sob o faiscar das estrelas luminosas do
Infinito.
Jesus, na
humanidade, significa a luz que a aquece e a clareia. Se te deixaste fossilizar
por doutrinas ortodoxas que pretendem n’Ele ter o seu fundador, renasce e
busca-O, na multidão ou no silêncio da reflexão, fazendo uma nova leitura das
Suas palavras, despidas das interpretações forjadas.
Se te
decepcionaste com aqueles que se dizem seguidores d’Ele, mas não Lhe vivem os
exemplos, olvida-os, seguindo- O na simplicidade dos convites que Ele te
endereça até agora e estão no conteúdo das Suas mensagens, ainda avivas quão
ignoradas.
Se não Lhe
sentiste o calor, rompe o frio da tua indiferença e faze-te um pouco imparcial,
sem reações adrede estabelecidas, facultando-Lhe penetrar-te o coração e a
mente. Na tua condição humana necessitas d’ Ele, a fim de cresceres, saindo dos
teus limites para o infinito do Seu amor. Jesus veio ao homem para humanizá-lo,
sem dúvida. Cabe-te, agora, esquecer por momentos das tuas pequenezes e
recebê-Lo, assim cristificando-te, no logro da tua realização plena e total.
Joanna de
Ângelis / Divaldo Franco.
Livro: Jesus e
Atualidade
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