... Reconciliate com o adversário, enquanto estás a caminho.
Entre uma pessoa
que acredita, simplesmente, numa única existência — com início no berço
e término na sepultura —, e outra, crente na multiplicidade das vidas, a
segunda terá, sem dúvida, maior facilidade para compreender e aproveitar o
ensinamento do Mestre.
Faze as pazes
com o adversário enquanto dispões da oportunidade.
O homem não
reencarnacionista, supondo que a vida se resume no que aí está — nascer,
viver, comer, procriar e morrer, indo, depois, para o céu, o inferno
ou para o nada — um homem nessas condições, inteiramente
divorciado de qualquer programa superior, não compreenderá porque deva
reconciliar-se com um inimigo.
Dificilmente se
lhe provará que deva ir ao encontro de um obscuro desafeto, pois que dele não
necessita, dele nada espera, com ele não se incomoda.
A não ser que
possua espontânea sensibilidade, excepcionalmente o homem afortunado e poderoso
concordaria em procurar o adversário humilde, pobrezinho, para com ele
reconciliar-se, especialmente se considera que a razão está do seu lado.
O orgulho, a
vaidade, o amor próprio, enfim, levantarão, entre ambos, intransponível
barreira.
O argumento do
homem orgulhoso, que não crê, nem cogita da vida futura, será, invariavelmente,
este: “Não preciso de ninguém; logo, porque me hei de humilhar?”
Assim pensa,
assim vive, assim age, logicamente.
Assim procede,
porque só vê a vida presente.
Não vislumbra,
sequer, uma nesga do futuro — futuro que, para o Espírita
sincero, é sempre sinônimo de Responsabilidade.
O contrário
acontece com o homem que acredita na imortalidade da alma e avança, ainda, um
pouco mais: crê, uma crença firme, porque consciente, na Reencarnação.
Crê no retorno a
paisagem do mundo, por necessidade evolutiva, em experiências provacionais
ou expiatórias, ou para a execução de tarefas em nome do Senhor.
A doutrina
reencarnacionista exerce salutar influência na vida, no destino, na felicidade
do ser humano.
A noção,
consciente, das vidas sucessivas, implica, tàcitamente, normalmente, na melhoria
do comportamento individual.
O
reencarnacionista sabe que o Espírito eterno somente conhecerá a ventura
definitiva, integral, plena, intransferível, se houver paz no seu coração,
no receoso de sua alma, nos refolhos conscienciais, aquela paz que resulta da
harmonia com o próximo, e, principalmente, da harmonia consigo mesmo, com o seu mundo
íntimo.
O homem que
acredita na lei das vidas sucessivas, e procede segundo esta crença, leva mais
vantagem do que aquele que supõe comece a vida no berço e termine na sepultura.
A desvantagem é
para o que não crê no “pré” e no “pós” ensinados pelo Espiritismo: pré existência
e pós-encarnação.
O bem que
fizermos aos nossos adversários, favorecendo, assim, a reconciliação ainda neste
mundo — enquanto estamos a caminho” — tem a faculdade de nos
beneficiar relativamente ao passado, ao presente e ao futuro.
De que maneira?
— eis, por certo, a indagação.
Normalmente
— com a ressalva de que toda regra tem exceção — as inimizades
de hoje têm sua origem no ontem.
Ao nos
defrontarmos com inimigos de outras vidas, antigas rivalidades se renovam.
Remotas
fogueiras voltam a crepitar, inflamando labaredas que o sopro da ignorância e
do orgulho acendeu no pretérito.
Não devemos
lançar nessas fogueiras o combustível da intransigência e do rancor.
Atentos ao
“reconcilia-te com o adversário”, do Celeste Benfeitor, e, ainda,
considerando a necessidade inadiável do aperfeiçoamento espiritual,
o reencarnacionista de boa vontade pode, hoje, mediante a prática do bem,
interromper velhos antagonismos de ontem, evitando, assim, a propagação das
fogueiras.
Novas culpas,
novos débitos, com o inevitável cortejo de sofrimento e lágrima, serão,
portanto, evitados.
Eis aí os
benefícios que a Reencarnação, com o seu natural incentivo à
fraternidade, nos traz com vistas aos enganos do passado.
Erros seculares
desaparecem ante o abençoado milagre da reconciliação amorosa.
Livro: Estudando
O Evangelho.
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