O Evang. Seg. Espiritismo – Allan Kardec, Cap. XIII – Item 7.
Senhor!
Entre aqueles
que te pedem proteção, estou eu também, servo humilde a quem mandaste extinguir
o flagelo da fome.
Partilhando o
movimento daqueles que te servem, fiz hoje igualmente o meu giro.
Vi-me
frequentemente detido, em lares faustosos, cooperando nas alegrias da mesa
farta, mas vi pobres mulheres que me estendiam, debalde, as mãos!...
Vi crianças
esquálidas que me olhavam ansiosas, como se estivessem fitando um tesouro
perdido.
Encontrei homens
tristes, transpirando suor, que me contemplavam agoniados, rogando em silêncio
para que lhes socorresse os filhinhos largados ao extremo infortúnio...
Escutei doentes
que não precisavam tanto de remédio, mas de mim, para que pudessem atender ao
estômago torturado!...
Vi a penúria
cansada de pranto e reparei, em muitos corações desvalidos, mudo desespero por
minha causa.
Entretanto,
Senhor, quase sempre estou encarcerado por aquelas mesmas criaturas que te
dizem honrar.
Falam em teu
nome, confortadas e distraídas na moldura do supérfluo, esquecendo que
caminhaste no mundo, sem reter uma pedra em que repousar a cabeça.
Elogiam-te a
bondade e exaltam-te a glória, sem perceberem junto delas, seus próprios irmãos
fatigados e desnutridos.
E, muitas vezes,
depois de formosas dissertações em torno de teus ensinos, aprisionam-me em
gavetas e armários, quando não me trancam sob a tela colorida de vitrines
custosas ou no recinto escuro dos armazéns.
Ensina-lhes,
Senhor, nas lições da caridade, a dividir-me por amor, para que eu não seja
motivo à delinquência.
E, se possível,
multiplica-me, por misericórdia, outra vez, a fim de que eu possa aliviar todos
os famintos da Terra, porque um dia, Senhor, quando ensinavas o homem a orar,
incluíste-me entre as necessidades mais justas da vida, suplicando também a
Deus:
– “O pão nosso
de cada dia dai-nos hoje.”
Livro: O
Espírito da Verdade.
Espíritos
Diversos.
Chico Xavier e
Waldo Vieira.
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