As guerras entre
os homens nascem da ignorância dos mesmos ante as leis que os protegem e
sustentam a vida. As guerras santas, como são chamadas no mundo, partem da
barbaridade dos homens que desconhecem o amor. Essas lutas vêm de épocas
passadas, e quanto mais o homem sobe na escala evolutiva, mais aperfeiçoa as
técnicas de guerras.
Somente depois
que a humanidade passar a conhecer as vantagens do amor, da fraternidade, do
perdão é que irá deixando o orgulho e o egoísmo, fontes de todas essas paixões
que derramam sangue e espalham luto em toda a face da Terra.
Se temos de
dizer a verdade e buscar os acontecimentos nas sua primeiras causas, é bom que notemos
que, se o homem foi criado simples e ignorante, as guerras nascem da
ignorância.
Elas são,
portanto, um processo de despertamento das criaturas. O esquema evolutivo vem pela
lei dos contrários, para que chegue, com o tempo, na unidade do amor. Como
conhecer o amor, sem sentir o inferno do ódio? Como aprender a perdoar, sem o
ferrão das ofensas?
Como entender o
valor da amizade, sem passarmos pelos sofrimentos que recebemos do nosso
inimigo? E assim prossegue a jornada do crescimento.
Se Deus quisesse
nos criar já perfeitos, não precisaria nos criar; ficaríamos já no Seu seio, fazendo
parte do Todo Poderoso. Já que Ele quis nos desprender de Si, pelos canais da
Sua magnânima vontade, tínhamos de nos individualizar e passar pelos processos
que correspondem a essa liberdade.
Os grandes
profetas que Deus enviou ao mundo fizeram guerras e mataram, inclusive aquele que
recebeu o "Não matarás". As guerras, pelo que notamos das
necessidades do ser humano, fazem parte da sua ascensão. Falar o contrário é
desmentir a história.
O próprio corpo
humano nos dá prova da necessidade das lutas, porque ele, igualmente, se aperfeiçoa.
Deus muda os destinos dos que não precisam mais de guerras, de quem já tem o fardo
leve e o jugo suave, e não precisa mais matar para viver. Isto, dizemos, em
toda a extensão da vida.
O homem animal
precisa de guerras. Entre os primitivos é que ela começa; no homem espiritualizado
ela não pára, mas muda de feição. As guerras, nos caminhos do espírita, estão no
seu campo íntimo, com as suas próprias inferioridades, mas são guerras, e quem
começa a lutar para vencer a si mesmo sofre muitas conseqüências dos seus
gestos em busca da iluminação.
Jesus foi o
ponto alto da espiritualidade, foi o único que não teve erro na Sua missão, em
se falando de pureza. Jesus veio à Terra dar um grito de guerra diferente, uma
guerra verdadeiramente santa, de auto-educação espiritual de todos os povos.
Quando alguém lhe falava em Moisés, Ele retrucava: "Eu sou maior que
Moisés". Quando perguntaram se Ele era filho de Abraão, Ele respondeu: -
"Como sou filho de Abraão, se ele me chama de Senhor?" Jesus foi e é
a personificação do Amor, é a luz dos nossos caminhos. Ele advertia a todos os que
O acompanhavam, assim como a todas as gerações que deveriam suceder àquela do Seu
tempo. Lucas, no capítulo seis, versículo trinta e seis, nos diz: Sede, pois,
misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.
Veio o Mestre em
época certa, encontrando a humanidade com certo preparo para receber a misericórdia,
mas antes dele os processos de despertamento foram duros, porque duros eram os
corações dos seres humanos.
As guerras
santas também se encontram em todos os planetas habitados, onde os seres encarnados
são inferiores e se encontram presos pela ignorância. Nos mundos superiores,
que já passaram por essas fases e passaram a conhecer o amor, a vida é feliz, e
eles se encontram em um paraíso.
Os seres de
outros mundos adiantados nos ajudam pelas orações, mas, não intervêm diretamente
para nos mudar pela violência, porque sabem que os caminhos são esses mesmos. O
céu e a felicidade se encontram dentro das criaturas. Mudando por dentro, tudo
por fora opera transformações compatíveis com os sentimentos.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume XIV
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
671. Que devemos
pensar das chamadas guerras santas? O sentimento que impele os povos fanáticos,
tendo em vista agradar a Deus, a exterminarem o mais possível os que não
partilham de suas crenças, poderá equiparar-se, quanto à origem, ao sentimento
que os excitava outrora a sacrificarem seus semelhantes?
São impelidos
pelos maus Espíritos e, fazendo a guerra aos seus semelhantes, contravêm à
vontade de Deus, que manda ame cada um o seu irmão, como a si mesmo. Todas as
religiões, ou, antes, todos os povos adoram um mesmo Deus, qualquer que seja o
nome que lhe dêem. Por que então há de um fazer guerra a outro, sob o
fundamento de ser a religião deste diferente da sua, ou por não ter ainda
atingido o grau de progresso da dos povos cultos? Se são desculpáveis os povos
de não crerem na palavra daquele que o Espírito de Deus animava e que Deus
enviou, sobretudo os que não o viram e não lhe testemunharam os atos, como
pretenderdes que creiam nessa palavra de paz, quando lhes ides levá-la de
espada em punho? Eles têm que ser esclarecidos e devemos esforçar-nos por
fazê-los conhecer a doutrina do Salvador, mediante a persuasão e com brandura,
nunca a ferro e fogo. Em vossa maioria, não acreditais nas comunicações que temos
com certos mortais; como quereríeis que estranhos acreditassem na vossa
palavra, quando desmentis com os atos a doutrina que pregais?
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