A mentira
caminha tropeçando nos calhaus que vai colocando pela estrada.
A verdade
passa-lhe à frente em correria sem impedimento.
A mentira é como
a névoa que se dilui ante a claridade da razão verdadeira que a devora.
A bolha de sabão
flutuante reflete a realidade, só na aparência, e se arrebenta logo mais,
demonstrando a beleza enganosa.
O espelho
recolhe a imagem que defronta, qual lago tranquilo captando nas suas águas a
pintura da paisagem que o cerca.
Quando a mentira
se instala, ata um peso insuportável ao pescoço da sua vítima, vergando-a, sem
cessar, num desgosto que se disfarça até à morte.
A verdade rompe
todos os grilhões e dá força para a renúncia e o perdão que perfuram o balão
inflado das ideias e manobras mentirosas.
Com a verdade o
homem encontra a si mesmo, ao seu irmão e ao seu Criador, na estrutura da
própria conduta, e na mentira a todos perde, perdendo-se também.
Rabindranath
Tagore / Divaldo Franco
Livro: Pássaros
Livres.
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