Conforme a
narrativa de Mateus, Jesus encerrou o diálogo, no qual os adversários tentavam
envolvê-lO, em torno da legalidade ou não do pagamento do tributo ao Imperador
de Roma, elucidando: - “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
Rico de conteúdo,
o pensamento-resposta do mestre, leva-nos a acuradas e oportunas reflexões.
César e Deus
podem significar, num sentindo mais amplo, o humano e o divino, ou o material e
o espiritual, ou ainda, o imediato e o mediato.
Pelo impositivo
das circunstâncias terrestres, o homem sempre se fadiga pela feição orgânica e
social da vida, deixando, de lado, o seu dever de zelar pela face moral,
transcendente...
Graças a isto,
aplica todas as horas, ou quase todas, aos compromissos e impositivos
materiais, e , mesmo quando é obrigado ao repouso, a fim de liberar-se da
fadiga, tem em mira a restauração das forças com o objetivo de continuar a
faina ou o prazer, momentaneamente interrompidos.
Programa a
existência como se esta não viesse a extinguir-se pela inevitável desencarnação.
Cuida do amanhã
próximo, preparando os equipamentos fisiológicos para fluir maior quinhão das
conquistas fúteis, com que se ilude, intoxicando-se dos vapores das sensações
desgastantes, numa volúpia ensandecedora.
Quando se vê
compelido a deixar a carcassa física, ainda aí, pela falta do hábito de
elevação, continua na fixação perturbadora do cadáver, que para mais nada lhe
serve.
A oportunidade
passa e a dor permanece.
Essa é a
resposta de César, àqueles que se lhe submetem em caráter de dedicação
exclusiva.
***
O homem, vivendo
em sociedade, tem deveres para com ela, cumprindo-lhe contribuir para o
progresso, participando ativamente do programa estabelecido.
Alienar-se, a
pretexto de servir a Deus, portanto, à vida espiritual, jamais se justifica,
não encontrando apoio no exemplo que o próprio Mestre ofereceu, Ele que jamais
se escusava.
Participou de
uma boda, santificando-a; das Festas habituais do povo, não se imiscuindo nas
venalidades e paixões que estas permitiam; visitou um cobrador de impostos, que
O convidara, dignificando-lhe o lar; hospedou-se com a família de Betânia, inúmeras
vezes, alargando o circulo de fraternidade; albergou no coração a mulher
equivocada, lecionando solidariedade; esteve no Templo e na Sinagoga reiteradas
vezes, sem preconceito nem desprezo, e todos os Seus atos se fizeram
caracterizar pela naturalidade, discrição e honorabilidade.
Nasceu num período
festivo – a ocasião do recenseamento – morreu durante as alegrias evocativas da
Páscoa, demonstrando que a vida é um
poema em nome do Amor.
Nunca, tampouco,
se apartou de Deus e do dever.
***
Dá a tua
contribuição a Deus.
Não, através de
coisas ou palavras.
Sejam:
A tua hora de
misericórdia – o momento de Deus;
O teu instante
de reflexão elevada – o de união com Deus;
O teu silêncio
ante a ofensa – o de cooperação com Deus;
A tua ação
caridosa – a de contributo a Deus;
A tua dedicação
ao próximo – a dádiva que encaminhas a Deus;
O teu sofrimento
resignado – a demonstração de confiança em Deus;
Todos os teus
recursos morais canalizados para a verdade e a elevação, constituam o teu
concurso – oferenda a Deus.
***
Viver no mundo,
amando a vida e servindo ao mundo sem escravidão e a Deus com emoção, eis o
ideal para que o homem alcance a finalidade excelente para a qual se encontra
reencarnado.
Livro: Momentos
de Esperança.
Joanna de
Ângelis / Divaldo Franco.
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